John Mayer possui uma imagem diversificada de sua personalidade em meio ao mundo público e ao meio artístico. Existe o cantor e compositor famoso por hits como “Your Body is a Wonderland” e “Daughters”, considerado por fãs, imprensa e por colegas como um grande guitarrista. E existe o John Mayer mulherengo e polêmico, que aparece em sites de fofocas devido a declarações bombásticas.
Tanto admiradores de longa data quanto pessoas que nunca se familiarizaram e/ou simpatizaram com John Mayer têm agora a oportunidade de conhecer uma nova faceta do cantor: a de um homem maduro e arrependido de seus atos. “Born and Raised”, seu quinto álbum de estúdio, lançado em maio de 2012, mostra grandes transformações não apenas em seu trabalho, mas em sua vida pessoal.
Segundo Mayer, “Born and Raised” tem como objetivo relacionar a sua figura a de “um cowboy sentado em um vasto rancho, brincando com sua guitarra, perto de uma fogueira”, como se nada mais importasse a não ser a sua música e como forma de redenção à vida que costumava levar. No showbusiness, tudo é mercadoria, e Mayer sabe muito bem disso, mas nunca deixa de ser interessante a opção clássica pelo isolamento após a tempestade. Mayer não é o primeiro, e não será o último.
A tempestade: o músico não poderá sair em turnê porque ainda se recupera de uma operação na garganta, devido a um tumor. Ele desligou-se das redes sociais, mudou-se para Montana, nos Estados Unidos, e se isolou em meio às montanhas, rompendo com a vida conturbada que levava em Nova York, o que inclui o término do namoro com a atriz Jennifer Aniston além do fim de um affair com a cantora Taylor Swift (que resultou na canção “Dear John”, na qual Taylor descreve Mayer como “homem com a necessidade doentia de dar amor e depois tirá-lo”).
Com “Born and Raised”, o cantor parece não se preocupar mais com o mainstream e com os holofotes (o que não impediu o disco de cavalgar até o topo do ranking dos mais vendidos da Billboard), e essa opção não compromete a qualidade do resultado final do álbum. Muito pelo contrário. “Born and Raised” traz um John Mayer diferente do que as pessoas conheciam, sendo reflexo da evolução pessoal pela qual o cantor passou. Se as letras mostram sinceridade e simplicidade nas histórias contadas, as canções aproximam quem consegue perceber e se identificar com a beleza da obra do guitarrista.
Com uma levada mais acústica, rústica e clássica, a melodia doce de “Queen Of Califórnia” abre o disco, citando o Neil Young de “After the Gold Rush” e a Joni Mitchel de “Blue”. As influências de ambos, tanto na melodia quanto na letra, faz de “Queen Of Califórnia” uma das faixas mais interessantes do álbum e uma das que melhor traduzem a combinação do folk e do country (lembrando também bandas como Bread e Allman Brothers), ritmos pouco antes escutados no repertório de John, que predominantemente compunha como um músico de blues.
Com uma introdução de jazz cativante, vale a pena prestar atenção em “Walt Grace’s Submarine Test, January 1967”, com sua narrativa belíssima e curiosa sobre a história de um cientista e a construção de seu submarino, que atravessa o Oceano Pacífico. O jazz nunca havia sido explorado pelo músico – descontando um trecho da letra de “Confortable”, do EP “Inside Wants Out”, de 1999: “Mas você consegue diferenciar Miles de Coltrane“.
Bob Dylan é lembrado na canção “Whiskey, Whiskey, Whiskey”, pela gaita e a profundidade de como a bebida é analisada, falando sobre a dificuldade de um homem em alcançar o seu verdadeiro potencial (mais um motivo para o público masculino se identificar) e sobre a constante monotonia e vida na estrada, que por muitas vezes destrói a carreira de um artista.
Um tema bastante particular na história do compositor é a sua liberdade de ir e vir e de se sentir bem com esse estado de espírito, juntamente com a constante batalha pela descoberta de sua individualidade. É só comparar as canções de “Do You Know Me?” e “Perfect Lonely”, de “Battle Studies” (2009), com a faixa “The Age of Worry” – que diz: “Não tenha medo de andar sozinho/ Não tenha medo de gostar” – para entender como o tema sempre acompanhou o cantor.
Em “If I Ever Get Around to Living” observamos uma espécie de releitura da adolescência de John e o seu desejo de construir um lar fixo, semelhante à canção “Home Life”, do álbum “Heavier Things” (2003). E para a legião de fãs que ainda prefere ouvir o lado romântico e sedutor do rapaz, músicas como “Something About Olivia” e “Love is a Verb” são boas sugestões.
A participação de artistas como David Crosby e Graham Nash, responsáveis por alguns dos arranjos, harmonias e vozes de apoio, e a produção de Don Was e Chuck Leavell, que já trabalharam com Stones e Eric Clapton, podem servir como estímulo para quem nunca observou o trabalho de John e dão maior reconhecimento e credibilidade ao álbum.
Nos trabalhos anteriores – e até em sua formação no “John Mayer Trio” – era perceptível maior descontração, despreocupação, sensualidade e passionalidade vindas dos solos de guitarra, com canções mais pop românticas. Já em “Born and Raised”, nota-se certa tristeza e sobriedade; porém, maior sabedoria e autoconsciência que só os anos e experiência podem trazer.
John Mayer pode não agradar a todos, mas tem êxito em “Born and Raised” ao atrair olhares de seus detratores, fiéis tietes e outros curiosos por sua mudança de atitude, postura, opiniões e aparência, construindo uma discografia digna ao longo dos anos. Este pode ser finalmente o disco que conquiste e envolva aqueles que não o conheciam ou tinham preconceito com relação à sua figura e trajetória musical. Há potencial para isso. O resto depende de você.
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– Andressa Monteiro (siga @monteiroac) é jornalista e assina o blog Goldfish Memory
Isso é sério?
John Mayer não dá. Juro que não.
Pré-conceitos são uma m****…
A criatura nem escutou o álbum e já diz que “não dá”.
Abra a mente e o coração.
Ou feche-se em seu mundo e não saia dele. Pra nada.
Nem pra se expressar (principalmente se for algo estúpido como o que disse…)
Grande guitarrista mas com uma carreira discográfica fraca. Mas ao vivo é capaz de proporcionar momentos como este http://www.youtube.com/watch?v=5IjkCDCGSMc durante o crossroads festival, com uma versão muito boa de ain’t no sunshine. A propósito achei esse disco bem fraquinho…
Esse cara não tem fãs, mas sim tietes. Além de ser uma versão artificial e plastificada, ou seja, abortada e comercial, de Stevie Ray Vaughan (que Stevie descanse em paz, bem longe dessa aberração).
Não cara, não. Apesar de que esse seu comentário foi em 2012
Um ótimo guitarrista e um bom compositor. Não gosto tanto dos seus discos anteriores, mas Born and Raised é um excelente album! Sei que os homens torcem um pouco o nariz, pq as mina molha na frente do palco e ele tira uma onda de gatinho sensualizador. Aí numa interpretação rasa, ele se torna ‘artificial’ e ‘plastificado’.
Meu palpite é que Stevie Ray se orgulharia. E, aliás, o John Mayer Trio é uma banda nada bobinha.
esse disco é ótimo e esse papo de “John Mayer” não dá é uma grande bobagem.
hahah as mina molha porque ele é famoso e tem dinheiro, mulher sentre atração por isso. Ele nem bonito é, tem um rosto até simples e meio feinho hahahahahah mas toca pra caralho e sou fã, tenho todos os seus discos e esse novo é sensacional (paradise valley).. Se ele fosse um cara normal andaria na rua e as mina nem molharia e nem olharia pra ele hahahahahaahaha mas enfim, coisas de mulher.
Esse álbum é simplesmente perfeito, muito intimista e tocante do início ao fim. Seu texto é perfeito!