Scream & Yell recomenda: Subburbia

por Andressa Monteiro

Quem está familiarizado com a nova música independente feita em Curitiba, provavelmente já deve ter ouvido falar em bandas como o Wack, o Audac e o Subburbia, formada pelos integrantes Emil, Ernani, Marina e Vir, que além de músicos são amigos com uma variedade extensa e diversa de referências musicais, muita energia e disposição.

Um de seus passatempos favoritos é conversar e descobrir artistas que possam de alguma forma enriquecer e inspirar o quarteto na composição de suas próprias canções. O sótão de um sebo, no bairro da Água Verde, é lugar de ensaio sempre com participações de amigos e outros músicos envolvidos.

O new-wave, o grunge ou o disco-punk podem ser formas de especificar o som da banda. Comparações com o Cansei de Ser Sexy também surgem de imediato, mas aparentemente o estilo “Noisy Pop” é o mais indicado entre o grupo para definir as músicas já gravadas. “Uma vez falaram do gênero musical “baby metal“ e eu entendi “maybe metal“. Acho que essa pode ser uma boa definição. Maybe metal, maybe indie, maybe pop…”, se diverte Vir. Para a baterista, o Subburbia é uma mistura de todos esses gêneros, mas que particularmente não se encaixa em nenhum descrito acima.

Em entrevista ao S&Y, feita por e-mail, conhecemos mais sobre os gostos pessoais de Emil, Marina, Vir e Ernani, conversamos também sobre o lançamento do último videoclipe da banda, “Wrong Riot”, resultado do trabalho com a artista, fotógrafa e diretora de vídeos Estelle Flores, e a produção e filmagem de um EP e de um documentário, os dois realizados em apenas 24 horas.

Primeiramente, gostaria que vocês se apresentassem. De onde são, por que o nome “Subburbia”, quais são os integrantes, o que cada um faz, como se conheceram e quando decidiram criar a banda.
Banda: Emil: baixo e vocal; Marina: guitarra e vocal; Ernani: synths; Virgínia: bateria. Somos todos de Curitiba, mas a banda existia há mais tempo. Porém, só com a entrada da Marina e da Vir (é que) as pessoas começaram a dar uma atenção bem maior para nós. A Marina ficou nossa amiga numa festa em que a antiga banda dela fez uma participação com a gente. Depois disso, ela tocou mais umas vezes como baixista convidada. A Vir entrou meio que direto. Somos amigos da família dela, sabíamos que ela tocava. Não tivemos dúvidas.

Marina: O nome Subburbia vem da música do Pet Shop Boys. A banda já existia desde 2007 com o Emil no vocal e baixo. Dois anos depois o Ernani assumiu os teclados. Eu, que já conhecia a banda desde o começo e sabia todas as músicas, toquei em alguns shows com eles e com a minha outra banda. Certo dia eles precisaram de um baixista e eu ajudei como ’’step’’ em uns cinco shows. Poucos meses depois, no começo de 2011, entrei oficialmente como guitarrista e vocalista da banda, e nessa, a Vir tinha acabado de assumir a bateria também, e assim estamos até hoje!

Vir: Eu nem lembro em que momento eu passei a fazer parte da banda oficialmente. Quando conheci o Emil ele precisava de alguém pra substituir uma pessoa no baixo, só pra um show, aí me chamaram e eu fui e acabei tocando várias na bateria também. Nunca tinha tocado ao vivo, foi incrível, não quis mais parar de fazer isso.

Vocês comentaram que com a entrada da Marina e da Vir as pessoas começaram a prestar mais atenção na banda. Por quê?
Emil: O que as meninas trouxeram pra banda foi uma naturalidade e sentimentalismo. Acho que as pessoas curtiram o ar contemporâneo que elas têm.

Como vocês definiriam o som do Subburbia?
Emil: Eu digo “Noise Pop” na falta de achar outro termo, rs.

Marina: Ah, a definição que mais gosto é o “Noise Pop”. Eu pelo menos sempre estou atrás de uma boa música pop, mas que seja densa ao mesmo tempo.

Vir: Uma vez me falaram de um gênero chamado “baby metal“ e eu entendi “maybe metal“. Acho que essa pode ser uma boa definição. Maybe metal, maybe indie, maybe pop. O Subburbia é todas essas coisas e ainda assim parece que não se encaixa direito em nenhuma delas.

Quais são as suas influências?
Emil: Smashing Pumpkins, Prince, De Falla, Beat Happening.

Ernani: Principalmente o pós-punk. Mas tem influências de todo o tipo. Gosto de ouvir The Cure e Joy Division, mas não só isso. Gosto do ABBA, do Prince, do White Stripes e do Kraftwerk, por exemplo.

Marina: Prince, Smashing Pumpkins, Suede, Kurt Vile, Björk, Beck.

Vir: Da minha parte, sempre acabo buscando inspiração em bandas que gosto e transformando as batidas em algo mais simples e pesado, meio dançante, meio hip-hop. Bauhaus e Kraftwerk são bons exemplos. Gosto de Depeche Mode, Flaming Lips, Beastie Boys, Gorillaz, Blur, Strokes, Stone Roses, etc.

Li que vocês costumam ser comparados com o CSS (Cansei de Ser Sexy) e que não gostam muito disso. Concordam que tenham coisas em comum? Costumam ouvir as músicas do grupo?
Emil: Em comum temos um vocalista feminino com um masculino. Mas o Fleetwood Mac e o Sonic Youth também tem, né? Fui no primeiro show deles (CSS) aqui em Curitiba. Foi ótimo.

Marina: Tenho que concordar quando dizem que a minha voz lembra a da Lovefoxxx. Não é a minha intenção, mas entendo que pode acabar parecendo! Ainda estou em fase de mostrar que não é bem isso, rs. Ouvi CSS nos meus 16 anos e curtia pra caramba, eles eram destemidos e acho que era isso o que eu mais gostava neles. Quis muito ir no show que eles fizeram aqui, mas como eu era juvenil (e estava de castigo) não rolou, infelizmente.

Ernani: Ouvi bastante o primeiro disco deles quando saiu. E foi muito legal na época. Confesso que faz tempo que não ouço. Acho natural que tenhamos coisas em comum, em algum momento com várias bandas que são contemporâneas nossas, não só com o CSS.

O que andam escutando ultimamente?
Emil: Nessa semana estou ouvindo o Mafia Lights todo o dia. As meninas de Massachusetts, do Potty Mouth. A rainha-indie do Keel Her. De antigo descobri o primeiro disco do The Jets, “RnB” de 85, viciei.

Marina: Ultimamente estou ouvindo bastante uma menina que faz um som meio pop-dark, do Foe, e outra que faz um som meio psicodélico-indie, do Keel Her. Um pouco de Mafia Lights.

Ernani: The Horrors, Mystery Jets, Girls.

Vir: Estamos sempre buscando bandas novas, baixando discos, discutindo artistas desconhecidos, é tipo uma brainstorm constante. A do momento é a FOE. Mas fomos no show do The Horrors, em São Paulo, foi fantástico! Ainda não enjoei da Lana Del Rey, The Vaccines, Summercamp, Yuck. Gross Magic sempre surge nas nossas conversas. James Blake é incrível. Kurt Vile é ótimo. Milk Music é alucinante. WU LYF está até parafraseada em uma das minhas batidas. Quero um disco novo do Iceage. Mal posso esperar por outro show do Howler, etc.

Explica melhor essa história de parafrasear WU LYF em batidas, rs…
Vir: Ah.. quem conhece o Wu Lyf e prestar atenção na Wrong Riot vai entender, tá bem explícito.

Poderiam indicar bandas novas de Curitiba? Como caracterizam o cenário musical da cidade?
Emil: Adoro o Wack, um casal de teenagers que são da Terry Crew (produtora), mais espontâneo do que quase tudo que tenho visto. Adoro o Audac também. Acho que em breve as pessoas vão conhecer essas bandas no Brasil inteiro.

Marina: Curto bastante o Wack, acho que eles fazem um som que vai muito além do que se pode esperar de uma banda brasileira. Tem o Audac que também é bem legal e moderno. O cenário daqui é bem diversificado e com muitas bandas, mas parece que a maioria quer estar na fase ’’dançante’’ pra sempre.

Ernani: A minha favorita aqui em Curitiba é o Audac. É foda falar de um cenário daqui até porque a gente não tá incluído em nenhum. E deve rolar isso com a maioria. Existem várias bandas, algumas se entrosam, outras não muito. Não vejo um ’’cenário’’ onde bandas se frequentem ou consumam músicas umas das outras. E acho isso muito bom, pois conseguimos ter uma noção mais real de onde a música tá chegando.

Vir: No momento minha banda preferida é o Wack. Acho que é a coisa mais diferente e fora do contexto que está sendo feita na cidade, a mais próxima do Subburbia. Acho que pra quem curte um som no estilo anos 60, 70 e bandas cover é uma cidade muito prolífica.

Marina, você disse que existem bandas curitibanas que ainda fazem músicas “dançantes para sempre”. Acredita que não há uma evolução musical nesse sentido? Uma preocupação maior em desenvolver algo novo?
Marina: Acredito que a dance music é muito massa, mas quando há um sentimento, quando é de verdade, não precisa de tanta evolução pra se declarar numa música. E acredito que, mínimo que seja, todos têm uma preocupação maior em desenvolver algo novo e único, mas se for apenas ESSA a preocupação, todos que só querem ser diferentes, acabam sendo iguais.

Vocês lançaram o EP “Pentagrana” este ano, juntamente com um documentário contando mais sobre o Subburbia, feito para os fãs. Podem falar mais sobre as músicas presentes e o processo de criação tanto do EP como do documentário?
Vir: É doido como a gente não consegue parar de produzir, de fazer coisas. Com um ano e pouco de banda já tem muito material lançado. Talvez nem fosse absolutamente necessário lançar um disco, mas a gente botou na cabeça que isso era imprescindível para a banda. Era o momento certo, tinha que acontecer e rápido! E aí começamos a compor as músicas e em algum ponto da história surgiu a ideia de gravar todas elas em 24 horas. Já que é assim, por que não filmar tudo e fazer um documentário? A gente foi fazendo, planejando, pensando, chegou na data marcada e quase que não tinha câmera pra filmar a maratona. Por sorte temos amigos que nos ajudaram, emprestaram equipamentos. O Lucas do estúdio Passagem de Som também topou se envolver nesse projeto. Foi cansativo, mas não me arrependo de nada. Acho que foi um registro precioso tanto para o público quanto para nós mesmos.

Emil: Foi a coisa mais difícil que eu já fiz. Gravar um filme e um EP em 24 horas. Mas fico feliz de ter registrado todo esse sentimento.

Marina: Gravar e documentar tudo isso em 24 horas foi cansativo e sensacional ao mesmo tempo. Essas quatro músicas são tão recentes que uma delas foi terminada só no dia da gravação. Todo esse processo acabou registrando exatamente a fase em que estamos vivendo.

Ernani: Putz, acho que o documentário fala bem por ele e pelo EP.

A ideia de filmar e gravar tudo o que vocês viveram e criaram em apenas 24 horas foi uma forma a mais de atrair o público e os fãs?
Marina: Acho que qualquer coisa que uma banda produza é uma forma de atrair o público pra alguma nova idéia. A nossa foi de mostrar como realmente somos e fazemos as músicas, registrar esse momento.

O vídeo da música “Wrong Riot” que acaba de ser lançado tem a fotografia, direção e arte de Estelle Flores. Ela é amiga da banda? Como rolou essa colaboração?
Emil: Estelle é uma das minhas melhores amigas, acho que isso ajuda na hora de trabalhar.

Marina: A Estelle colabora com o Subburbia desde sempre com vídeos, fotos e cartazes.

Vir: A Estelle tá em todas. Ela faz nossos vídeos, nossas fotos, a maioria dos flyers, etc. Na prática a coisa funciona de forma muito circular: quando se fala em arte, seja visual ou o que for, não tem jeito, todo mundo tem alguma idéia, sempre rola uma troca. Esse último vídeo tem várias cenas filmadas pela Marina, por exemplo. Tem outro vídeo chamado “When Trance Was on Fire” que foi 100% idéia do Emil, uma colagem de várias coisas que a gente gosta editadas por mim e pela Marina. Isso é o que a gente chama de Terry Crew, nossa produtora, que surgiu como um braço do Subburbia e conta com o potencial criativo de vários amigos da banda. A Estelle é muito importante na história do Subburbia porque ajudou a definir nossa identidade visual, a criar algo único pra banda que tem a ver com o estilo gráfico dela. Hoje em dia, tudo que envolve o Subburbia é pensado em conjunto, tudo é uma combinação de personalidades.

Quais ferramentas utilizam para a divulgação do grupo?
Marina: Facebook, Twitter, BandCamp, Tumblr, Soundcloud, Trama Virtual.

Ernani: Vídeos e músicas na internet. É o que tem dado certo.

Pensam na proposta de assinar com alguma gravadora? Acreditam que a internet já é o suficiente na divulgação de artistas independentes?
Emil: Quando pintar a gravadora certa com as condições certas a gente assina sim, mas se for pra perder o controle criativo, nunca! Quanto à internet, ela faz uma boa parte, mas é claro que shows, tv, jornais, rádio e tudo que possa servir como divulgação é essencial.

E o primeiro disco? Há previsões? Vocês têm outras gravações além do EP?
Marina: Acho que o primeiro disco terá o seu momento certo, sabemos que entraremos nessa idéia profundamente em breve. Além do EP “Pentagrama”, temos três singles: “Bullets”, “You’re Not Getting Younger” e “December Get’s Me High”.

Vir: Temos mais dois singles disponíveis no Bandcamp. Disco? Não sei, tem músicas novas rolando nos ensaios, mas ainda estamos na onda do “Pentagrama”. Seria legal lançar ele em vinil, quem sabe.

Shows, turnê e projetos futuros?
Emil: Vão rolar uns shows em SP no mês que vem, alguns em SC e provavelmente no Rio, em agosto.

Marina: Shows estão sempre rolando pelo Brasil a fora. Acho que nosso grande projeto futuro é dominar o mundo, rs!

Vir: Logo menos vai rolar um show bem especial em São Paulo, junto com uma banda nova que tá provocando expectativas!

Olha que bacana. Vocês já tem as datas definidas desses shows? Poderiam dizer qual é a banda, rs?
Emil: Por mim diria, mas não depende de mim, rs.

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– Andressa Monteiro (siga @monteiroac) é jornalista e assina o blog Goldfish Memory

Subburbia: Facebook (www.facebook.com/Subburbia), Bandcamp (subburbia.bandcamp.com/) e Twitter (@subburbia).

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