Os Jovens, O Rock e O Conhecimento

Os Jovens, O Rock e O Conhecimento
Sob O CEL #15
Texto por Carlos Eduardo Lima
Fotos por Liliane Callegari

“Alguma coisa está fora da ordem. Fora da nova ordem mundial”, já dizia Caetano Veloso em 1991. Sou eu. Até aí não há novidades, nem pra mim, talvez nem pra você, que dá umas olhadas no que eu escrevo. Dá pra perceber um sentimento de nostalgia presente, não uma saudade sem cérebro, mas uma entristecida ciência de que muitas coisas podem, de fato, ter sido melhores em outros tempos. Essa postura diante do mundo e das pessoas, ainda que seja dolorosa às vezes, por outro lado, me fornece uma bateria de argumentos para várias situações, sobretudo quando procuro expressar minhas opiniões sobre arte e cultura. Algo novo, entretanto, aconteceu quando eu estava a espinafrar as atrações da versão nacional do Lollapalooza, via Facebook. Agora que já vai algum tempo do festival, talvez seja uma boa hora para falar do que concluí sobre gente, música e juventude.

O sinal de alerta me foi dado por uma amiga querida, que tem vinte e poucos anos de idade. Mesmo que ela seja uma frequentadora assídua de shows e detenha um conhecimento acima da média para bandas e artistas, o Lolla, para ela, foi muito bom. Mesmo não indo ao festival e assistindo apenas aos shows do domingo – talvez o dia com público um pouco menor – pela televisão, eu tive a certeza inatacável que havia testemunhado um desfile de horrores. Claro, enquanto presenciava a sucessão de shows ruins via Multishow, não poupava virulência nos comentários que fazia no Facebook, os quais eram curtidos por algumas pessoas na mesma condição.

Ou seja, eu estava no conforto do lar, opinando sobre algo que acontecia a quilômetros de distância. Ainda bem, eu diria, até porque, não havia nada que justificasse algum empreendimento de minha parte para estar presente ao Jockey Clube de São Paulo. O que eu imaginava ser interessante, então? O Jane’s Addiction cantando “Been Caught Stealing” e “Jane Says”, o Foster The People mostrando seu visual N’Sync pro povo indie e, sei lá, pouco mais que isso. Já tinha visto o simpático show do Band Of Horses e o pastel de vento do Foo Fighters, ambos na véspera e via Youtube, então, havia pouco a esperar. E tudo me pareceu extremamente fraco, sem sustentação, sem explicação, com o pico ocorrendo no show do Friendly Fires, cujo segundo disco, “Pala”, até me pareceu simpático, mas que mostrou-se constrangedor ao vivo, entre o cômico – personificado por um remelexo esquizofrênico do vocalista – e o trágico, no arremedo musical de new wave e eletrônica, tão datado como um computador TK-82.

Pois bem, essa minha amiga querida se irritou com minhas críticas, logo ela, que parece ser bem madura e cuca fresca para esse tipo de coisa, sempre levando na esportiva. Dessa vez ela se irritou, chegando a dizer que não discutiria o assunto sob pena de brigar seriamente comigo. Respeitei, claro. Cheguei até a me desculpar por qualquer coisa que tivesse dito, sei lá se a havia ofendido, vá saber. Isto era um sinal de que meus pedidos por um eletroencefalograma para o público de Friendly Fires no Facebook estavam sendo exagerados? Não. O show era horroroso mesmo. Minha incompreensão diante da análise séria para uma banda fraca como Arctic Monkeys estava fora de lugar ou não se sustentava? Não, eu estava certo, a banda é fraquinha, apesar de se aproximar a Josh Homme, em busca de uma legitimidade sonora mais encorpada. Mas, mesmo assim, como tanta gente podia tecer comentários embasados sobre aquele lixão em escala industrial, chamado de “rock” por um senso comum de não mais que 25 anos de idade? E o Farofa Carioca do Leste Europeu, Gogol Bordello? E o arremedo de grunge sulista do Manchester Orchestra? E todo o resto, incrivelmente fraco aos meus olhos e ouvidos? Tudo legítimo, e ruim, muito ruim.

Vejam, é 2012. Estamos na segunda década de uma época que será incorporada ao calendário humano do mesmo jeito que a Revolução Francesa e a tomada de Constantinopla pelos turcos. São eventos que mudaram tudo, do mesmo jeito que o fracasso da experiência socialista transformou o mundo a partir da década de 1990. É o privilégio do econômico sobre os outros aspectos. Isso afeta tudo, já mudou a maneira de expressão artística, influenciou os esportes, o ensino, o mercado de trabalho, enfim, tudo está diferente, fragmentado e estranho por causa disso. Pelo menos para uma pessoa de 41 anos, que aprendeu a valorizar coisas que perderam o sentido hoje. A certo ponto do show do Arctic Monkeys, me dei conta de que, se essas joças no palco são o rock, e o populacho pulante, seu público, como eu posso continuar escrevendo para essa gente, sobre este assunto? Eu estaria impedido, obviamente. Com quem eu poderia dialogar e o que seria produzido desta interação? Que troca poderia ser feita entre nós? Como iríamos nos respeitar em termos de conhecimento nesse mundo em que o saber tem ares acessórios e é tolerado pelo senso comum burrificante do “politicamente correto”? Como criticar se ouço em resposta “não gosta? Não ouve!”? Que mundinho é esse? Será que as minhas noções tão claras – para mim – de que o último momento mais ou menos autêntico do que a gente conhecia por rock’n’roll foi em 1991 estão, afinal de contas, erradas? É muito grande o número de pessoas com acesso à informação que não sabem que, antes do Friendly Fires, existiram toneladas de bandas entre 1980 e 2012 fazendo o mesmíssimo som e muito, muito melhor? Será que isso não importa pra eles, público e banda? Qual é a graça dessa tendência distópica de que o público e o artista têm que se vestir da mesma maneira bundona e igual? Isso não importa? Cadê o virtuosismo na execução dos instrumentos? Não faz diferença? Por que todos os artistas e seus fãs parecem criados pela avó com Toddy na mamadeira? Cadê as porradas da vida? Onde está a experiência e o contato com a realidade?

Parece antidemocrático pensar que qualquer pessoa pode montar uma banda de “rock” e fazer sucesso, certo? Eu penso que é necessário um mínimo de esquisitice, um pouco de revolta, um tico de inconformismo para que alguém esteja apto pra função. É preciso vivenciar. Afinal de contas, o mundo e a meninha da escola ou da rua, não gostam de você, parecem te sacanear e algo precisa ser feito em retaliação, não? É simples: bota pra fora essa irritação, aprende a tocar um instrumento, conta a ideia pra outros ferrados e monta uma banda. Mulheres virão imediatamente. Fama, prestígio e, logo em seguida, a grana. Hoje esse teorema está mudado porque, qualquer pessoa que tenha o mínimo de cara de pau é capaz de conseguir os ítens acima. Não é mais necessário ter uma banda, aliás, você até pode ter uma, mas, lembre-se, tem que tocar algo que dê grana. Afinal de contas, não dá pra “perder tempo” tocando rock, né? Letra interessante, só se for com sacanagem, tipo “seu tchu no meu tchá” ou algo no gênero. Pagode, axé, sertanejo, tudo isso dá mais mulher e grana. Ninguém quer mulher muito inteligente, o negócio é pegar geral e fazer o que for necessário pra ficar rico.

Pode parecer ingênuo da minha parte, mas acho que, até uma boa parte da cronologia do rock, a maioria das pessoas montou uma banda para qualquer coisa, menos para ficar rico de forma premeditada. Talvez essa premissa, hoje obsoleta, justifique tanta coisa em termos de qualidade artística e de público, que, reflete o que vê e ouve. Termos como “indie”, “cult”, “rock” perderam praticamente o sentido. Nada ou tudo hoje em dia é aparentemente independente, mas totalmente vinculado a uma conjuntura de moedor de carne do “The Wall”, que enfileira uma linha de montagem de atrações num palco qualquer e seu público, que ouve por ouvir, que não sabe o que aconteceu há dois anos, que não sabe se a banda X tem um ou dois discos, que não sabe nada e, pior de tudo, não sente diferença ao saber. Então, imprensa especializada, público e artista acabam se aproximando perigosamente, numa bruma de desinformação. Claro que o “sistema” já se incumbiu de sentenciar os queixosos de “velhos”, “chatos”, “burros” e atribuir-lhes um papel que não deve ser muito levado a sério e que teima em achar que as novas bandas e artistas não são, de fato, novos, mas regurgitações cada vez mais grosseiras, não-originais e chatas do que já foi feito dezenas de vezes, sempre de maneira mais interessante. Claro, há que se movimentar uma indústria que se alimenta do supostamente novo, das novas bandas, dos novos ídolos, cada vez com menos a dizer, com mais a ganhar, com pouco a acrescentar, mas que são a tábua de salvação de editorias de cultura e paredes de quarto adolescente, sempre condescendentes.

O rock, gente, é fruto de uma condição histórica que já acabou. A miséria e a lógica do mundo de hoje são introjetadas de outras formas por nós e expressas de maneiras muito mais eficazes que protestar com uma guitarra nas mãos. O momento que vivemos hoje acena para um cotidiano que não concede tempo para nada que não seja capaz de ser convertido em algum valor monetário/financeiro. Até as correntes de pensamento no ambiente acadêmico estão sendo discutidas com base numa lógica de mercado de trabalho, na qual apenas de fala do que pode ser “útil”. Se o topo da cadeia de produção de conhecimento está atrelado a essa visão, por que não estaria todo o resto? Sei que é uma opinião pessimista e, em meu caso, um tanto repetitiva, ou, como disse, o próprio Marcelo Costa, editor do S&Y, em outra discussão há tempos aqui na coluna, tradutora de “uma verdade que é minha”. Fato, é verdade. O que resta pros outros, não pra mim, nesse caso, é a convivência com essa situação. O rock passou, não morreu, nem morrerá enquanto for possível ouvir determinados artistas. Ou, quem sabe, a grande capacidade do rock seja nos fazer sentir inadequados, mesmo depois de velhos. Vá saber.

CEL é Carlos Eduardo Lima (siga @celeolimite), historiador, jornalista e fã de música. Conhece Marcelo Costa por carta desde o fim dos anos 90, quando o Scream & Yell era um fanzine escrito por ele e amigos, lá em sua natal Taubaté. Já escreveu no S&Y por um bom tempo, em idas e vindas. Hoje tem certeza de que o mundo como o conhecíamos acabou lá por volta de 1994/95 mas não está conformado com isso.

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Leia também:
– Lollapalooza Brasil: o festival que mais se aproximou no Brasil de um festival gringo (aqui)

76 thoughts on “Os Jovens, O Rock e O Conhecimento

  1. Todos esses seus pensamentos são os mesmos que o seu pai teve há alguns anos atrás, mais ou menos quando tinha a sua idade, mas se referindo às bandas que você curte. Bem-vindo à velhice. Não falo por mal, é a vida.

  2. Boa reflexão, CEL. Concordo em parte. Cadê os Clashes, Nirvanas, Smiths, Joy Divisions, Velvets e Ramones? Ninguém que monta banda se sente indignado e revoltado com nada? Ninguém se dedica aos instrumentos? E cadê a dor, o sarcasmo e ironia? Até que às vezes é gostoso comer uns pasteizinhos de vento, mas isso não mata fome.

  3. esta É a nova ordem mundial… não faz sentido para os jovens de hoje, a relação que nós, com 35, 40, 45 anos tínhamos com nossos ídolos do rock/pop/blues/jazz.
    hoje, uma banda hypada dura, em média duas temporadas, sem muito a dizer… larga um bando de singles no éter, ganha uma grana tocando em festivais hypados, e depois, acaba sem nem ter começado.
    as bandas de outrora, depois do segundo, terceiro álbum é que começavam a se firmar, encontrar sua identidade, seu som… hoje em dia, isso não faz mais sentido.
    a relação do jovem de hoje com o seu mundo e com a sua música é outra, totalmente pós-moderna e descartável. hoje é “foster the people”, no segundo semestre será outro qualquer e no ano que vem, mais um…
    alguém ai lembra da lana del rey??

  4. Eu acho que é “velhice” sim, CEL. Você teve a sua vida, ouviu as bandas da sua época e agora acha injusto não gostar das bandas atuais. A partir do momento que você admitir que aquela foi a SUA época e as pessoas de hoje estão com a mente muito mais fresca que a sua (e portanto, muito mais aberta aos sons que você julga ser um lixo), você para de escrever críticas desse tipo e passa a enxergar uma geração apenas “diferente” da sua (pq é diferente, não é igual. E nem DEVE ser igual).

  5. Gente, vamos por partes: primeiro, Tatiana, não me mate antes da hora, tenho 41 anos! Sou mais novo que o David Grohl! Ainda estou vivo, ouço música diariamente e tenho cada vez mais certeza das diferenças entre as gerações. Nâo quero que nenhuma geração seja como a minha, nascida no rescaldo da ditadura militar, meio sem eira nem beira. A geração seguinte tem o benefício da liberdade de expressão, algo que já foi muito raro, acredite. Eu não quero que ninguém ouça a banda A ou B, a crítica do texto é sobre o consumo, o predomínio do econômico sobre todo o resto e os reflexos disso na produção cultural. Aliás, essa discussão é a mola mestra da minha visão sobre a música. Acho que as pessoas devem aproveitar a liberdade e o recurso e converter a informação da Internet em conhecimento. A formação do gosto vem naturalmente. E, Gabriel, rebeldia é algo muito subjetivo e variável. O Rockincasa, que é um belo termo, é a mesma coisa. Ou você acha que todo mundo vai ao Coachella in loco? O texto não é uma resenha do show, dá pra perceber claramente.

  6. Concordo em genero, numero e grau. Eu, com 25 anos, estava me achando “a velha” vendo o pessoal exaltar o Foo Fighters, o Cage The Elephant ou sei lá quem… ficava me perguntando: POR QUE? O que eles tem de mais, qual o plus? Ninguem sabe dizer, na verdade.
    Há 3 anos nao baixo album de banda nova. Não é por “amargura”, por falta de vontade (pelo contrario, ainda fico carimpando na internet o que possa me interessar), é apenas por incompetencia desas bandas de me “prender”. Quando uma banda é muito comentada como essa Foster The People, por exemplo, dou uma olhadinha no youtube, é rapidinho e de graça. Aí ouço a musica single e me decepciono, mais uma vez. Onde está o brilho, o encantamento, a instigação, o amor que o rock despertava? Olha a banda não precisa ser inovadora, pode fazer o mais do mesmo mas que pelo menos passe alguma mensagem; o problema dessas bandas hypadas é que elas acham que estao inovando, revolucionando e é só masturbação. E os jovens entram na onda, como voce mesmo diz no post por falta de conhecimento, e por falta de interesse em ir atras desse conhecimento (nem que seja dos anos 80 pra cá). É triste. Enquanto isso continuo a ouvir o de sempre, assistindo a mim mesma tornando-me aquelas velhas “chatas e paradas no tempo” que reclamam: “ah na minha epoca…”. Mas agora tenho consciencia de que a culpa nao é minha, é da industria, é da bandas que nao tem mais a capacidade de agregar, conquistar, brilhar e sim de apenas reproduzir, farofar, vender, esteriotipar, e por aí vai…

  7. Mas eu nem falei de idade. Conheço pessoas com mais de 50 anos que são mais jovens que eu (tenho 28 anos). Juventude trata de olhar as coisas diferente, ser menos preconceituosa. Sinceramente dizer que banda x e y faz música por dinheiro é simplesmente um achismo. Na real mesmo vc não sabe (muita banda que vc diz que é gananciosa ta aí na estrada fazendo show e não vendendo produto).

  8. Concordo 100% com o CEL. Os garotos de hoje esquecem que o rock já tem quase 60 anos de existência. Para quem tem 20 anos tudo isso que acontece hoje pode ser novidade, mas para pessoas com mais experiência é tudo repetição. Não falo por mal, crianças, é a vida.

  9. Normal, vc ficou velho cara. Lembro do meu tio, figura super próxima, que cresceu e viveu a juventude ao som de Clash, Gang Of Four, Blondie, Smiths e tantas outras dos anos 80. Ele achou os anos 90 (que eu vivi) uma grande besteira, achou fraco e ruim, dizia (parafraseando o Lutador) que Kurt Cobain era um babaca que tinha acabado com a musica de qualidade. Você está no mesmo barco, ficou velho e não consegue mais seguir a juventude. A música de algumas dessas bandas diz e MUITO a respeito do que os jovens hoje vivem. Mudou cara, passou, é assim. Sempre foi. Rock não é música para velho, é musica de jovem para jovem, e não adianta querer achar que o seu rock, ou o do meu tio, ou mesmo o meu, é melhor que o outro… simplesmente, é outra fase, outro momento.

    eu acho os anos 90 infinitamente melhor que o que é feito hoje. No entanto, acompanhando meu sobrinho de 17 anos, eu vejo que bandas que tocaram nesse festival, e outras, como Arcade Fire, Gossip, Strokes, e outras tantas deixaram suas marcas. Afinal, dos anos 90, eu curtia milhares de bandas que achavam seminais, quantas sobraram? 5? quantas são as grandes bandas dos anos 60? 5? e cade os tantos animals, turtles, box tops, e outros tantos que muito titio jura de pé junto ser genial? sumiu, durou uma ou duas temporadas e apagou na historia. é isso

    curta sua velhice cara, e deixe o rock pra quem ainda é jovem.

  10. Gosto um tanto dos seus textos por aqui, mas [infelizmente] sou obrigada a dizer exatamente o que Velmont disse logo acima. Ainda que você defenda que não quis dizer o que disse, existe uma insatisfação de olhar as gerações que parecem não mais se encaixar contigo. Eu tenho 33 anos, não fui ao Lolla, pois o lineup não me inspirou ao ponto de ir pro festival só para dizer que estive por lá, mas não acho que o rock passou… eu tb não fui ao Rock’n ‘Rio, mas me diverti absurdos no show do SOAD um dia antes aqui em Sampa [pq era o único que me levaria a um festival que não me inspira por falta de coerência!]. Mas ainda assim, o rock não passou. Eu ainda acho graça de ver o Ian McCulloch tocando como se estivesse na varanda da minha casa, mas eu acho que é de dar pena quando vejo jornalistas achando que a pauta principal é dizer que o cara não tem mais voz e que a carreira deve estar mal pq vem todo ano pro Brasil. Isso sim me ofende. Isso sim deveria ofender o rock’n’roll. Porque quando o cigarro e a caipirinha é mais importante do que as músicas de um cara, realmente perdemos o sentido da música. Assim como pra mim deveria ser pecado falar de um show do Bob Dylan que não se entende o que ele diz… porra, foda-se, certo?! Foda-se tudo isso?! Cadê essa gente falando do rock’n’roll?! Cadê essa gente falando de música, acordes?! E são jornalista no auge dos seus trinta e tantos, quarenta e poucos, que fazem isso. E para terminar, sabe o que me ofende desse público que você definiu como “jovem”?! Esperar da Amy Winehouse, no show aqui no Brasil, um surto no palco. Um deslize. E para alguns jornalista,s uma notinha com cara de Contigo!

    Enfim, o rock não passou para mim, não passou para você [e desculpe-me pela intromissão de desmentir a sua afirmação pessoal]. Eu sou de uma década, você de outra, e ainda assim, musicalmente, acredito que sejamos da mesma geração. E os anos nos faz sentir saudades. De achar melhor o que passou. Mas não podemos deixar de nos inspirar. Existe muita coisa ruim na música, como sempre vai existir.

    E o seu texto não somente não é uma resenha do show, como uma reflexão. E você, que escreve tão bem sempre, não precisa mudar de opinião, mas pode muito bem refletir sobre o nosso papel sobre a música. Eu leio o S&Y há uns dez anos. E me inspirei muitas vezes por aqui…. vamos envelhecer, mas sem o “ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais”.

  11. Caríssimo CEL, com todo o respeito, acho que o problema não é a velhice… talvez você precise descobrir que não tem mais 20 poucos anos… sinceramente, no alto dos seus 41 anos, discorrer sobre um tema como esse em quase 10 parágrafos…

  12. É incrível ver várias pessoas que se dizem fãs de alguma band e não sabem quantos discos tem a mesma.Lamentável…

  13. Eu te entendo perfeitamente. Os tempos atuais oferecem a armadilha forjada na lógica da inclusão a todo custo que desencoraja a disputa do mais capaz, que desconstrói os filtros do mérito. Em nome da inclusão todos tem direitos naturais. Não precisam disputar o seu espaço. Não há o propósito de melhorar ou superar a geração anterior. Criticar a cultura dominante é ofensa. Ousa-la, ultraje.
    Ceder os tímpanos à uma geração capaz de organizar samples, loops e midi numa session do Acid ou de qualquer outro software, mas que mal aprendeu a perceber a diferença entre ouvir e escutar é duro. Depois de ter conhecido a sonoridade de músicos fantásticos, exímios executores de obras de diversos gêneros, eu considero teu exercício hercúleo e torturante além da conta. Coragem e Sorte.

  14. tenho 42 anos, peguei o punk no final e com muito pouca informação…
    para a minha geração, o disco da banana do velvet era uma quimera, muito poucos tinham ouvido, muito menos tocado em um exemplar.
    em 1990, em uma loja especializada aqui em porto alegre, encontrei um exemplar em cd, a venda por uma pequena fortuna… enchi tanto o saco do dono da loja e que até hoje é meu amigo, que consegui trocar por: automatic (jesus and mary chain) + o primeiro do sugarcubes + uns trocados que eram da festa do findi.
    passei o findi todo em casa ouvindo cada segundo daquele disco, o qual carrego comigo até hoje, além de outras versões especiais, vinil, etc e tal…
    sem julgamento de valor: hoje em dia, isso não existe mais. qualquer album de qualquer banda tem o mesmo valor, basta um clique em um botão e ele viaja até o nosso emulador musical do dia, não há esforço nenhum necessário para consegui-lo, não há mais mistério, não há mais paixão…
    a música tornou-se uma comodite sem valor, abundante e pobre!
    este É o nosso mundo, quer gostemos ou não dele…

  15. Eu desisto de ler os textos desse cara. Ele bate na mesma tecla todas as vezes, gravou as opiniões em pedra já.

    Dica: se você leu um texto do CEL, você leu todos.

    Nós entendemos, CEL, o rock hoje é uma porcaria. Nada como na sua época. Já entendemos. Pode aposentar agora, se trancar no quarto e ouvir Sex Pistols até morrer.

  16. CEL, texto bom. Mas tem um problema. Acho que a perspectiva de quem está em casa vendo o show pela TV é naturalmente distorcida por conta da falta de envolvimento, isolamento etc. Você está em casa, em seu sofá, próximo a sua geladeira, atende telefone, faz carinho no cachorro. Óbvio que se estado de espírito vai divergir daqueles que estão presente no festival.
    Quer um exemplo: o André Barcinski cagou na cabeça de várias bandas que se apresentaram alegando que eram fracos de palco. Só que eu estava lá, vendo o Friendly Fires suando a camisa (literalmente) e o público suando junto, pulando, cantando… E o cara vê o show pela TV e diz “falta presença de palco”? (Detalhe: eu gosto muito do Barcinski). Pega sei lá, um show do U2, Stones ou qualquer megabanda ou festival em um DVD você vai pensar “falta energia na guitarra”, “falta pegada na bateria”. Falta isso porque falta o resto todo que está em volta. Teu envolvimento nunca será o mesmo vendo a coisa de longe. Vejo esses vídeos de apresentações no Glastonbury, Reading e Woodstock e só falta eu dormir. Mas não vou falar que aquilo foi uma merda.
    Vi gente cagando no Foster The People como se fossem uma banda de Rock! E com longa estrada! Vamos com calma. Eles não são rock n roll, não se vendem assim e ainda fazem um show que diverte dezenas de milhares de pessoas. Aí o sujeito em casa, com uma Kaiser na mão e um saquinho de amendoim japonês na outra diz “Eles têm que comer muito arroz com feijão”. Eu nem curto a banda a tanto assim, pulei, cantei um refrão ou outro e vi milhares de pessoas ao redor curtindo. Não é pra isso que os festivais existem?
    Agora, concordo com teu argumento de que “O rock, gente, é fruto de uma condição histórica que já acabou”. Nem dá pra cobrar transformação do Foster The People, né?
    Abraço,
    Vinicius

  17. Pessoal, obrigado pelos comentários. Vejo gente concordando e gente discordando, ótimo, a idéia é essa, provocar uma reflexão. Antes de ser mais cirúrgico nas pequenas respostas, vou dar um respostão que sintetiza tudo: claro que o tempo muda e o mundo muda junto. Claro que há nostalgia de outros tempos, de quando havia menos responsabilidade e menos contas pra pagar. O que muda TUDO é a década de 1990. Se um dia vocês quiserem pesquisar mais sobre a influência dos fatos históricos acontecidos a partir de 1989, verão o fio da meada. Ao Silvio, à Danielle e ao Zeca, obrigado pela compreensão! À Tati e ao Vinícius, tão gentis, obrigado pelas palavras, vocês não deixam de ter razão em vários aspectos. Aos outros leitores, optando por dizer que “rock é pra jovem” e que eu deveria curtir minha velhice ouvindo Sex Pistols, me provocam uma reflexão interessante: não que eu seja velho ou goste de Sex Pistols (prefiro o Clash e os Stranglers) o bastante para ouví-los trancado no quarto mas, o que parece é que o velho dilema do novo x velho ainda dá as cartas. O que é novo? É o recente? O feito ontem? Ou é o que revoluciona? Se for o primeiro, o que os “novos (banda, público e demais pessoas)” estão fazendo de realmente novo? Se for o que revoluciona, o que os “novos” estão fazendo que vai mudar o mundo? Ou vocês acham que nada precisa ser mudado? São jovens para “ouvir rock” mas são conservadores a ponto de deixar tudo como vai? Se os “jovens” são as pessoas que se contentam em ouvir qualquer coisa que uma NME avalize sem qualquer contestação, o que a gente pode esperar do mundo? E os filhos que “os jovens” vão ter? Vão viver aonde? Patético não é o texto, Matheus. Eu adoraria escrever elogios intermináveis, talvez até faça isso um dia, ou, pior, talvez “os novos”, mesmo depois de “velhos” nem consigam ver a diferença entre bom e ruim. De qualquer maneira, é apenas uma reflexão.

  18. Nível altíssimo aqui. Entendo a posição do CEL. Mas isso não significa concordar. Como disseram acima: Pra quem viveu os Anos 80, o Nirvana assassinou o Rock. Para os sessentistas o AC/DC é uma droga.
    “Machado de Assis será sempre melhor que qualquer coisa escrita atualmente”
    “Os filmes em preto e branco é que tinham alma”
    “Jogos em 2D é que eram bons”
    “O santos de Pelé é que era time…”

    Mesmo que tais frases fossem verdades indiscutíveis (sim, estou dizendo que não são) isso não anularia a qualidade do que é contemporâneo. Funeral do Arcade Fire não se torna um disco dispensável só porque Revolver dos Beatles é bem melhor. Messi não é menos genial por causa do Garrincha. Exemplos toscos, eu sei.

    Em todo caso: Você é mais novo que Dave Grohl: Use sua Revolta com o rock atual e monte uma banda.

  19. Só queria deixar registrado o meu parabéns. Não pelo triste texto que li aqui pela manhã, mas pelos comentários inteligentes que pude ler agora de tarde, em especial ao Vermont e João Madrid.

    Carlos (CEL), o Lollapalooza ou qualquer outro festival não acontece para ditar novos gêneros musicais. Eles estão aí para reuniar pessoas que, independente de suas gerações, tem dentre tantas diferenças algo em comum: a música. É utopia pensar que alguém irá reuniar apenas as lendas do rock em um único lugar. Assim como grandes impérios caíram, novas gerações e estilos virão.

    Em 2013 serão três dias de festival. Se você não gostar do line-up, aconselho desligar a televisão e ler um livro. Você escreve bem pra caramba, meu amigo, faça bom proveito disso e escreva algo que contribua, sem preconceitos, para um público maior e que aceita a cena musical sem nenhuma barreira de gerações.

    Parabéns também a sua amiga, que foi ao Lollapalooza e aproveitou. Foi a afirmação mais positiva em todo seu texto. Na próxima vez você pode ir com ela e aproveitar um pouco.

    Abraço.

  20. César, vc tem razão. O Lolla, mesmo tendo surgido como festival para celebrar a despedida do Jane’s Adiction, lá no início dos anos 90 (sempre eles!), e que tenha contato com bandas de rock e artistas de rap alternativos como conceito – a ponto de ter barrado o Ozzy – é, hoje em dia, um festival “menor”.

    Acho, entretanto, legal discordar da maioria, algo que eu acho saudável. Sendo assim, não vou ao próximo Lolla, não montarei uma banda (como sugeriu o Lucas) ou mudar a direção dos textos. Mal aê. Usando sua lógica, você também não precisa concordar, aliás, o texto é uma opinião. Todos têm a sua. A intenção é provocar a reflexão sobre o assunto. Até agora acho que estamos cumprindo o objetivo. Não acha?

  21. O rock como expoente da contracultura (como foi décadas atras junto com o folk) realmente nao existe mais ou foi diminuído. Mas acredito que isso se deva mais a pulverização e multiplicacao dos canais. Um festival como woodstock jamais teria a projeção que teve no contexto atual com centenas de festivais, milhoes de bandas e anonimos no youtube etc. Voltemos a década de 90: Tibetan Freedom Concert. Foi o ultimo festival que me recordo que teve alguma projeção e relevância em termos de colocar em discussão uma questão “extra música”. Hoje a cobertura da imprensa e atenção publica dispensada a um festival é a mesma que de qualquer outro evento. O único sentido que restou disso é o de lazer/econômico.
    Nao se deve mais esperar grandes transformações ou discussões relevantes por conta da realização de um festival. Ou alguém aqui acredita no discurso sustentável do SWU?
    Ao apontar nessa direção o CEL está coberto de razão.
    E apenas um exemplo do mal que é ver show na TV. Vi o phoenix ao vivo no Terra. Fui lá e achei o máximo(ok, menos aquele enorme solo onde o Thomas fez ceninha deitado no amplificador). Depois em casa fui ver novamente o show. Irreconhecível. Som fraco, edição horrível… Ao vivo quem faz a edição sou eu!
    Abraço

  22. Bom, eu tenho 32 anos … e ouço um monte de bandas “novas” … e ainda me empolgo com bandas novas … só não são essas que tocaram no lola … a que mais me empolgou ultimamente foi o The Ragged Jubilee … que como todas as bandas de hj em dia … não fazem nada de novo … mas o que fazem, fazem bem … e o mais importante … tem aquele frescor … mesmo prá quem já ouviu muita coisa nessa vida …

    Acho que o importante nas bandas novas … não é a originalidade … é o frescor … é a espontaneidade … é fazer o igual, diferente …

    Eu sempre preferi ouvir bandas do meu tempo … mesmo adorando bandas de anos atrás … sempre procuro conhecer bandas novas … ouvir o que está acontecendo agora … e apesar de ter épocas boas e ruins … garimpando sempre se acha bandas novas boas …

    E que venham os anos que virão …

    http://rivercrackmrock.blogspot.com.br/2012/02/568-ragged-jubilee.html

  23. Sua colocação acerca do que pode ser de fato considerado novo é perfeita e nisso você está coberto de razão. Porém muita gente apedreja o “novo” sem sequer conhecer, ou simplesmente ancorando a análise ao que foi feito no passado. Mostrei para um amigo (uns 10 anos mais velho que eu) o último cd dos Black Keys e ao invés de opinar se era bom ou ruim, se gostava ou não, ouvi uma infinidade de “ah isso parece fulano”. Preciso dizer que ele também se encaixa na categoria das pessoas que entendem o rock como um estilo musical morto? Mas não seriam essas pessoas que, presas à nostalgia do passado, morreram no tempo?
    Aliás, nada do que foi dito na coluna pode ser encarado como novo. Isso a torna ruim? Sem propósito? Creio que não, e o debate provocado é um indício de que estou certo.

    Ps: Não sou fã dos Arctic Monkeys mas acho que a condição de banda “Hypeada” não se aplica a eles (muito menos “fraquinha”). O primeiro disco era uma ótima coleção de músicas adolescentes. E eles indiscutivelmente amadureceram bem (vide Suck It And See, muito distante do som “balada rock” do começo de carreira).

  24. O texto do Cel é certeiro, mas tem o furo apontado pelo Velmont_32.
    O mundo mudou muito e o rock – ritmo cujo as idéias/valores, enfim, a famigerada atitude valem tanto quanto os acordes – foi atingido em cheio.
    Aliás, o Cel falou sobre isso no texto.
    As novas gerações parecem gostar do rock única e exclusivamente pelos 3 acordes. Só pelo entretenimento.
    Enfim, acho que o Cel peca em procurar no rock o que ele não tem mais a oferecer e o Velmont acerta em cheio com a questão geracional da coisa.
    Eu tenho 38 anos e a última banda que acho relevante é o Nirvana. E acho o Foo Fighters o cocô do cavalo da polícia.

    PS: Banda de rock está para adolescência/juventude assim como os desenhos animados para infância. Salve os Flinstones!

    PS2: O Gogol Bordello ser o Farofa Carioca do Leste Europeu foi impagável, cara! rsrsrrsrssrs

  25. concordo com cada vírgula do texto,mas a possibilidade de isso ser a chegada da velhice ou simplesmente uma inadequação quanto a uma geração que não é a nossa, é grande.

  26. Eu já fiquei brava com o texto, comentei em cima ali falando que o CEL deveria se trancar pra ouvir Sex Pistols até morrer, mas acabei voltando aos meus sentidos e vim comentar novamente porque eu não aguento, haha. E mais ponderada um pouco.

    CEL, sobre a questão d’as pessoas não acompanharem mais a carreira de uma banda, é uma questão que deve ser analisada dentro do seguinte contexto: hoje nós temos acesso livre a milhões de músicas de milhares de bandas através da internet, coisa que há 20, 30 anos, nem se cogitava. As pessoas esperavam a gravadora lançar o LP das suas bandas preferidas e procuravam outras bandas do mesmo estilo na loja de discos. No máximo. E elas conheciam música assim. Hoje não. Tem muita coisa, e é tudo agora ao mesmo tempo; se você não gostou do último disco da sua banda preferida, vai conferir o de outras. E descobre outras. E lê resenhas sobre outras. E eu não acho isso ruim, não. Tem muita coisa boa aparecendo. Você não precisa mais acompanhar uma banda que já não te soa mais interessante só pelo ritual. Só por ter sido fã um dia. Eu ainda faço isso SIM, acompanho carreiras, mas só de bandas que eu ainda considero ser extremamente relevantes pra mim.

    Quando você generaliza falando sobre tudo hoje ser pasteurizado, pouco questionador ou inquieto, produzido PARA VENDER, eu tenho que discordar veementemente. Você ouviu já, sei lá, o In Rainbows do Radiohead, por exemplo? Não encontrou absolutamente nada de inquietante nele? Ou pra ser desafiador e revoltado as músicas precisam sempre soar barulhentas? Pra ser “rock”?

    É sério que você não considera o trabalho de nenhum artista que surgiu após o começo dos anos 90 relevante / inquietante / questionador da realidade dentro daquilo que você chama de rock? Gostaria de verdade de ouvir sua resposta e os motivos.

  27. Fernanda, sinceramente, eu ADOREI o seu primeiro comentário! É disso que o texto fala! Acordem! Fiquem putos com algo!!! Eu estava lá, no início dos anos 90, ouvindo clássicos do rock e do soul. Até que parei e fui ouvir Nirvana, Pearl Jam, Smashing Pumpkins e, como disse no texto, considero que este tenha sido o último momento de algo mais ou menos novo surgindo no rock. E não era a sonoridade dessas bandas, que, de nova não tinha nada, era a capacidade de formações oriundas do rock alternativo/independente oitentista estarem, finalmente, falando para mais gente, com a chance de contratos com majors e rotação legal na MTV. Veja bem, eu falando isso. Depois disso, o mundo começou a mudar e veio a ladaínha a qual me refiro sempre, da conjuntura econômica e talz, que você já conhece bem. Claro que eu acho que essas bandas e mais pares ingleses, como Blur, Oasis, Supergrass e gente muito legal como DJ Shadow, Massive Attack, Portishead, Tricky, enfim, essa galera early 90’s tinha algo a dizer e disse. Agora, não dá pra ignorar o impacto dessa revolução tecnológica que veio com o neoliberalismo. Muita grana veio para desenvolver celulares, pc’s e novíssimas plataformas, ipad’s, ipod’s, itrecos em geral. Meu medo é que isso faça com que haja o privilégio do meio sobre a mensagem, que a maneira como você ouve, vê e sente o mundo seja mais importante que o aquilo que é dito. Essa equação pode ser aplicada a toda e qualquer manifestação artístiica que se queira. É como eu penso. Há erros no raciocínio? Claro, deve haver um monte, só não dá pra desprezar na vulgaridade os anos de janela que alguém de 41, 61, 241 anos tenha, apenas por ter percebido o mundo de outras formas e não apenas ter lido sobre.
    Quanto aos comentários de Jonas, Zé Henrique (aleluia, irmão! Concordamos em algo!!) e Vinícius, obrigado pelas palavras!

  28. Eu gostei do texto e concordo com 50% dele. Mas sim ta muito pessimista. CEL o negocio ta feio, mas tem salvacao. 🙂

    Acho que o rock nao morreu ainda, e tem muita banda nova, com atitude, fazendo coisas novas por amor a musica (e nao somente ao dinheiro).

    Infelizmente nenhuma dessas bandas foram escaladas para o Lolla, e o festival foi triste e falso igual nota de 3 reais.

    Só tinha bandas formada por filhinho de papai . A unica coisa boa foi o Racionais MCs, que realmente estava num local que nao tem nada a ver com eles, nao devido ao publico classe media do festival, mas sim pela outras bandas que tocaram no festival. Deve ter sido foda, tocar num festival com os sem sal do Forster e Elephant the Cage, e outras bandas encefalas. Nao foi aprovado o aborto de encefalos ? Como esta bandas ainda estao por ai ? 🙂

    Nao para levar a serio, festival que escala como headlines (Foo Figthers e Arctic Monkey, duas bandas que nao tem nada a dizer)

  29. Pessoal, no fundo é só uma coisa: É apenas música, simples assim. Tenho 4.0, e confesso que realmente praticamente nada de hoje no rock me atrai, sou do tempo de juntar grana para comprar o vinil da minha banda favorita, e comprar revista em banca para saber das notícias. Hoje a geração é outra, download e curtir. Por um lado tem a facilidade de vc descobrir pérolas desconhecidas (descobri o Howlin’ wolf e achei genial), por outro lado tem o hype do momento (foster num sei o que) , que dura até umas 500.000 curtidas e depois se vai. Bom ou ruim? Acho que a geração de hoje não se importa, o momento e os valores são outros e é cada um na sua. Pena que perdem oportunidades de descobrir muita coisa legal e sair da mesmice reinante atualmente, mas a preocupação maior é postar a foto do festival no Instagram (agora a polêmica do momento é se foi orkutizado ou não) e clicar em curtir…

    Bom, de qq forma é apenas música… Umas boas, e muitas ruins… Depois dessa vou ver meu DVD dos Ramones…

  30. Tatiana, não se trata de ser saudosista.
    O problema da música atualmente é a volubilidade que caracteriza os ouvintes das bandas e artistas do momento.
    A maioria desses fãs são tapados não por causa da ruindade do que escutam, e sim por não conseguirem justificar seus gostos e por não se interessarem em referências musicais, desprezando o contexto daquilo que ouvem.
    Tatiana, ao contrário do que você disse, as pessoas de hoje têm a mente mais fechada em termos artísticos do que pessoas da geração do CEL, por exemplo. É mais fácil ele encontrar algum artista da atualidade que valha a pena ser ouvido do que a nova geração se dar ao trabalho de ouvir algo composto há cinco anos.
    A juventude pode ter a mente mais aberta em outros aspectos, em especial quanto aos costumes. Pessoas da minha geração ainda repetem certos preconceitos ridículos que seus pais lhes ensinaram. Porém, a juventude cronológica de hoje, no que diz respeito às artes, não dá a mínima para o passado.
    E aqueles que dizem “no fundo, é apenas música” vivem no auto-engano. São os relativistas a quem o CEL se refere. E são quase tão responsáveis pelo atual marasmo na música do que os próprios novidadeiros.

  31. CEL, é impressionante o quanto a ditadura da juventude está acabando com o bom senso das pessoas.
    Vem um tal de João Madrid (sic) dizer que você deveria deixar o rock para os jovens, confundindo você com esses saudosistas de boteco que não enxergam nada de bom na música depois do Iron Maiden.
    Aí aparece um certo Zombeteer (!) para reclamar que você gastou dez parágrafos para expor suas ideias no artigo acima. Deve ser desses que só conseguem ler o que aparece no Twitter, o que é outro sintoma da mediocridade em que vivemos.
    César P. demonstra claramente a falta de senso crítico que campeia no mundo. Quando ele lhe pediu para escrever “algo que contribua, sem preconceitos, para um público maior e que aceita a cena musical sem nenhuma barreira de gerações”, não percebe que essas palavras são um convite a um relativismo acéfalo, onde todos têm razão e, portanto, ninguém a possui.
    O único reparo que faço no seu artigo, CEL, é algo que falei sobre outro texto seu: a implicância com o “politicamente correto”. Sei que você está longe de ser um desses Pondés da vida.
    É que esses defensores xiitas das novidades na música não conseguem nem mesmo pensar de forma politicamente correta, pois isso exige alguma reflexão e a vontade de olhar para algo além do próprio umbigo ou das panelinhas às quais estão integrados.
    Tirando as nobres exceções que podem haver, resumo o rock de hoje a isso: muitas bandas juntaram a superficialidade de um Backstreet Boys com a pretensão de um Radiohead.

    Por fim, um aviso: CEL não é ranheta. Eu sou.

  32. “O problema da música atualmente é a volubilidade que caracteriza os ouvintes das bandas e artistas do momento.”

    André, quando foi diferente? Não venha me dizer que na sua época era, porque sabemos que sempre foi assim.

    Não concordo com o CEL em dezenas de pontos neste texto, mas vou ser o primeiro a brigar pelo direito dele se manifestar, contra ou a favor, ao que quiser. Assim como o das pessoas discordarem dele.

    Estive no Lollapalooza, e gostei bastante do que vi e ouvi. Discordo quando você diz pra Tatiana que “as pessoas de hoje têm a mente mais fechada em termos artísticos do que pessoas da geração do CEL”. Não vivo no Rio, onde o CEL vivia, mas no interior de São Paulo e na capital as pessoas sempre foram fechadissimas.

    Acho forcação de barra dizer o que alguma geração de ouvir. A molecada não tem que ouvir Led Zeppelin, mas Black Keys mesmo. Led não os representa. Futuramente, quando a pessoa crescer, seria bacana que ela descobrisse as origens. Mas quem tem 15, 17, 19 anos, tem mais é que ouvir a música da geração dele mesmo. E nós, que passamos dessa fase, temos o direito de resmungar.

    Ainda assim, para mim, o melhor é o próximo disco que eu vou ouvir.

  33. CEL, é bom saber que você salva ALGUMA coisa dentro de tudo isso. Eu cresci ouvindo Oasis, foi a primeira banda de rock com que tive um contato maior (tinha lá meus 10 aninhos quando comprei com a mesada – quando eu tinha essa idade ainda compravam-se cds – o Definitely Maybe) e acompanho a carreira do Noel até hoje. Quero ir ao show dele.
    Eu cresci ouvindo isso que você enquadra, no texto, como rock de boutique, comercial, pasteurizado. Aprendi a ouvir Radiohead, me achei ~genial~ quando finalmente consegui ‘entender’ o OK Computer. Fui ao show do Pavement e achei catártico.
    Então eu defendo com unhas e dentes que o que eu cresci ouvindo e ajudou a formar a minha personalidade hoje tem seu mérito sim. Tem mensagem sim. No meio da internet, no meio desse caos da indústria fonográfica, tem sim. E eu entendo e não desprezo a vivência de música que você tem de quase 20 anos a mais que eu, o fato de você não ter apenas lido sobre, mas vivido a época. Mas eu tenho que defender o que vivi também. Tem música boa por aí sendo feita. O tempo todo.

  34. Argumento típico de quem já está ficando “velho” mesmo. E não falo da idade. Falo do estado de espírito, de não aceitar que o mundo muda e pensar no passado como uma época melhor, em que “havia mais respeito”, “mais amor à camisa”, “a música era melhor”. Parece até o meu pai falando.
    As bandas da época que você curte, com absoluta certeza, ouviram as mesmas críticas. Em menor grau, talvez, mas ouviram: “Ah, boas mesmo eram as bandas de antigamente!”.
    Ressalto que isso não se trata de idade e sim de estado de espírito porque tenho amigos jovens que pensam dessa mesma forma: como em uma bolha, se isolaram do que acontece musicalmente no mundo, e sem a menor paciência para degustar o que há de novo, simplesmente classificam tudo o que é atual como ruim, e pronto. É uma pena…

    P.S.: Foo Fighters é MUITO melhor pra mim do que algumas bandinhas chatíssimas mas que tem muita moral aqui nesse site, como Wilcos e Decemberists da vida.

  35. André, não entendi o auto-engano. It´s only Rock´n´Roll… But I like it. Se é bom ou ruim, vai de cada um, temos de parar com essa patrulha de old rockers. Não vejo muita graça na música atual, mas gostei do Black Keys e do Kurt Vile, e convivem perfeitamente com o Iron, ACDC e os Ramones.

    Já disse que sinto que a galera nova não aproveita toda a oportunidade que está aí com a internet, mas essa coisa do meu antigo ser melhor que o seu novo, acho que está fora do contexto atual.

    Tipo AMD x Intel, Windows x Linux, IOS x Android… e por aí vai. Se a música atual tá no marasmo, dane-se, vou ouvir as antigas.

    “Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las.”

    Byee

  36. Gostei da discussão.Automaticamente,me lembrei sobre o indie fofinho que o Andre Barcinski falou na coluna dele e de como isso é uma grande chatice.Ai ele mostrou várias bandas que conseguem sacudir tudo.E sim,o indie fofinho é um saco.Eu gostava do indie anos 80,anos 90,mas esse cheio de eletronica boiola hipster é muito chato mesmo.Pelo menos em disco é mais chato,na balada funciona que é uma beleza.Em show nem sempre,a não ser que tenha jogo de cintura.Mas o que o Barça tava falando nesse caso é que as bandas não tem cancha,não tocaram em buracos antes da fama,e como isso atrapalha no rendimento.E por ai vai.E o publico também,mais interessado em instagram(quer coisa mais ridicula do que posar de retro sem ser?)

    Enfim,não acho que a musica esteja ruim hoje em dia,tem muitos exemplos bons.Mas parece chupado demais,mais do que o resto,muito na cara.E isso é muito chato mesmo.E não me sinto velho(tenho 30 anos recem completados) e gosto disso.

  37. MAC, esqueci de especificar.
    Quando falei de volubilidade, não me referi àqueles que ouvem apenas o que toca nas FMs. Esses sempre foram volúveis antes mesmo de eu nascer (tenho 28 anos) e deles não espero nada diferente.
    Eu me referi, na verdade, a pessoas feito a “amiga querida” a quem o CEL se referiu. Pessoas que supervalorizam a música atual. Para elas, tudo feito agora é sempre melhor do que o passado.
    Esse comportamento é decepcionante porque é cometido por quem deveria fazer a diferença.
    As diferenças entre as fãs de boy bands nos meus tempos de adolescente e os fãs de Artic Monkeys está cada vez menor.
    Apesar disso, concordo com o MAC em um ponto: ainda penso que o melhor disco será aquele que irei ouvir.
    Só não faço questão da música ser nova ou antiga, se passou ou não no programa do Jools Holland ou se foi comentada ou ignorada pelo Lúcio Ribeiro ou outro hypemaníaco por aí.

  38. Quanto às transformações históricas e à sobrepujança dos fatores econômicos, só nos resta a capacidade de adaptação. Mas eu ainda tenho as minhas esperanças quanto às novas gerações e ao fluxo enorme de informação com potencial de se converter em conhecimento de verdade. Eu vejo a coisa toda sob o prisma dialético. À medida que a efervescência tecnológica der uma assentada, tudo estará mais ao nosso alcance, mas ainda vai restar a sociedade decadente, cada vez mais nua aos nossos olhos e esperando por mudanças. Aí é só questão de aparecer alguém no lugar certo e na hora certa, fazendo música de verdade (isto é, sem perder de vista os clássicos) e, especialmente, atento aos problemas da nossa conjuntura sócio-histórica. Fazendo minhas as palavras de meu pai, digo que “ainda vai piorar um pouco, mas depois melhora”. Mas, é claro, nada voltará a ser como um dia já foi. O sentimento nostálgico do “paraíso perdido” vai nos acompanhar sempre e isso não é só uma afirmação calcada em psicanálise, mas na própria história da cultura ocidental (vide Ulisses e sua Odisseia).

  39. Ilê, longe de mim ser patrulheiro de coisa alguma. Não sou nenhum “old rocker”.
    Apenas penso que tudo está interligado. E que o desinteresse da atual geração por coisas do passado, mesmo quando recente, está ligado a vários fatores.
    Um deles é a decadência do suporte físico para a circulação de músicas e filmes.
    Até mesmo os livros não estão livres desse risco.
    Não chego ao extremo dos obcecados pelo vinil, os mais novos explorados pelo que restou da indústria fonográfica. Mas faz muita falta a circulação de música em um meio palpável.
    E tudo isso se reflete em outros aspectos. Bens culturais feito a música, em muito pouco tempo, perderam a importância que possuíam.
    E garanto que os seguidores do hype pagarão a língua um dia.
    Esses que chamaram o CEL de ultrapassado e velho serão chamados de coisa pior pelas próximas gerações, que têm tudo para considerar a música e qualquer outra forma de arte como “perda de tempo”.

  40. O texto claramente faz menção a um dos cliches mais baratos, qual seja o de que o rock precisa ser salvo. Ele não precisa, gente. Como já foi dito, os hoje incensados anos 90 já foram vistos como um período de recessão do rock. O tempo é o melhor filtro, e você como historiador sabe disso.

    Outro ponto, acho que a crítica se apega muito a questões de “movimento”, a “ideologia”, sempre querendo ver mais do que a música. Acho válida esse tipo de abordagem, enxergar o rock como reflexo das questões da sociedade, mas o que o CEL e outros esquecem é que o mais importante é simples e puramente a música, cara. E música boa sempre existiu, em épocas em maior e em outras em menor quantidade. A diferença é a pilha de lixo que as vezes sufoca os trabalhos honestos e vibrantes de excelentes bandas. Acho exagero chamar o lolla de show de horrores, tampouco cabe endeusar as em sua grande maioria insossas atrações do evento. Você, CEL, escolheu um festival com nomes não tão expressivos para atacar todo o cenário atual, acho que não é por aí.

    Por outro lado, concordo que a safra atual não é das melhores. Isso fica claro quando o fraco e sempre coadjuvante Foo Fighters vira do dia pra noite a maior banda de rock do mundo. Mais critério, por favor!

  41. “Pessoas que supervalorizam a música atual. Para elas, tudo feito agora é sempre melhor do que o passado.” — SÉRIO, André?! Não é o contrário não? Não é a geração passada (críticos) que acha que tudo do passado é melhor que a atual? De quem você ta falando? A amiga do CEL em algum momento falou que as bandas antigas são ruins? Eu fui no show do Morrissey em SP e tinha gente de todas as gerações. Inclusive eu acho que essa geração ouve muita coisa do passado não é a toa que Suede, Pulp e tantas outras bandas estão voltando a ativa. Eles agora tem público de sobra nos shows. Não conheço ninguem que só escute bandas dos anos 2000’s pra frente. As vezes eu acho que as pessoas estão ficando esquizofrênicas e criando argumentos que não existem na prática.

  42. Tatiana, eu não disse que pessoas feito a amiga do CEL necessariamente não dão valor as coisas do passado, e sim que as coisas novas lhes parecem mais importantes do que realmente o são.
    É direito de qualquer pessoa ouvir o que quiser sem se preocupar se a música soará datada daqui a alguns anos. O que não acho certo é superlativizar certos nomes e fazer de certos caras “uns dos maiores monstros sagrados da história da música” (apud Faustão).
    A crítica ao excesso de reverência ao Foo Fighters se encaixa justamente aí. E olha que eles conseguem ao menos oferecer alguma substância, o que ameniza a sua pretensão.
    A verdade é que eu estou farto de ver certos artistas subestimados, para não dizer ignorados, apenas porque não fazem parte do hype. Quando ouço Ron Sexsmith, por exemplo, imagino: será que esse cara precisa criar polêmica ou se matar para que sua música receba o destaque merecido? Cadê as flores em vida para quem precisa? Será mesmo necessário sempre haver um fato novo para se tratar desse ou daquele artista?
    Posso parecer uma Cassandra falando essas coisas. mas vai chegar um dia em que o passado não terá a mínima relevância para a geração da vez. Para os arautos da novidade a qualquer custo, isso não seria nada mal. Fico feliz por não integrar esse grupo.

  43. Lino, sou cada dia mais teu fã, só falta tu dizer que torce pro Flamengo, que eu vou aí te dar um abraço…

  44. Meus caros, obrigado pelos comentários, sejam os favoráveis, sejam os detonadores. Eu posso assegurar que o CEL não está velho, não está ultrapassado, ouve muito mais bandas novas do que vocês podem imaginar e acha que um festival como o Lolla, com 44564 atrações serve, ao menos, para dar uma bela amostra do que está rolando por aí. Claro que há bandas boas em atividade, bandas criadas recentemente, mas o mundo vive um momento particular historicamente, quer queiram ou não, isso se reflete na produção artística. O texto não é o que vocês estão lendo, é uma reflexão crítica e um convite ao debate-papo. Ainda bem que estão entendendo isso e postando comentários. No mais, até o “desapego” das pessoas pelas bandas mais recentes é um sintoma da conjuntura. Se é bom ou ruim, vocês decidem. O fato inegável é que essa postura reflete na produção e daí por diante, está tudo interligado, conectado, não há como escapar.

  45. se tem caras no jornalismo musical brasileiro que eu respeito com certeza um deles e o CEL, alem do Barcinski e justamente os dois olharam o festival no conforto da casa ( nenhum problema ), acho que essa geração e muito influenciada pelo Hype do Sr. Lucio Ribeiro, quanto ao incensado Foo Fighters uma boa banda o que na atual circunstancia mediocre do Rock atual são considerados gênios.

  46. Concordo inteiramente contigo, CEL.
    Acho também que deveriam matar os Beatles, Os Mutantes e os Guns And Roses por definitivo.
    O padrão de banda e de rock que existiu e que a mídia vive jogando confete, mais do que nunca, acabou. E deve ficar ali, morto. A falta de novos parâmetros musicais faz com que esse pessoal deixe a nova música muito morna e insossa. Cada dia mais Lo-Fi, cada dia menos preocupado. Muito show de pouca alma. Principalmente nesses “grandes” festivais.

    Só que acredito que nesse quesito, o Brasil ainda está à frente da gringa. Vejo shows mais potentes e gente mais envolvida por aqui. Exemplo: Nevilton, Karina Buhr, Rafael Castro, Circo Motel, Tulipa Ruiz, O Terno e etc. Acho que por aqui, a ficha de que a indústria mudou, chegou mais cedo e estão criando um novo conceito.
    Abraço!

  47. André, eu sinceramente acho que vocês estão ENDEUSANDO o Foo Fighters mais que os próprios fãs. Os ingressos pro Lollapalooza demoraram bastante pra esgotar. Não foi nem de perto o que foi a venda do Pearl Jam por exemplo. Vocês estão usando um festival como parâmetro, mas e se fosse o Arcade Fire, vocês iriam falar o que? Que a banda é fraca, sem alma e sem atitude também? E o tamanho do sucesso que a banda faz é o que realmente importa pra música? Pra mim o que importa é um músico conseguir se sustentar com música e isso é independente da banda ser mainstream ou não.

  48. Tatiana Coutinho, talvez eu esteja sendo chato com tantos comentários por aqui. Mas dessa vez é necessário, pois preciso esclarecer que não endeusei artista nenhum, muito menos o Foo Fighters, de quem gosto de algumas músicas, e só. Apenas disse que eles, pelo menos, possuem bem mais a oferecer, em termos musicais e além, do que várias das bandas que o Lúcio Ribeiro quer empurrar para seus leitores toda semana (valeu, Paulo!).
    O Arcade Fire está passando pelo teste do tempo e da posteridade, até agora com êxito.
    Não que o Lollapalooza seja um parâmetro para aquilo que o CEL quis demonstrar. Porém, foi o exemplo mais recente e mais fresco na memória dos leitores.
    E, mais uma vez, o que me chateia é a falta de consideração com certos artistas somente por não serem “novos” ou por não serem hypados. Gosto de descobrir boas músicas, não importando a época.
    Falei de Ron Sexsmith, praticamente ignorado pela imprensa musical brasileira (inclusive pelo S&Y, salvo engano), apesar de suas belas canções e do respaldo por Elvis Costello, Rod Stewart, Paul McCartney e (ok, ok) Chris Martin.
    A propósito, num comentário que fiz no blog do Barcinski, ele pelo menos foi gentil em dizer que já tinha ouvido falar do Ron, embora lamentasse ainda não ter ouvido nada dele.
    E me lembrei que Jeff Buckley também passou meio batido por aqui na época do “Grace”. Depois da sua morte, os novidadeiros desta terra acordaram para suas belas canções.
    Para não soar injusto, devo a essa mesma imprensa musical descobertas (de novidades ou não) de nomes feito James Blake, Kurt Ville, Silva, etc.
    Contudo, certas omissões não se justificam, assim como certas exaltações sem critério ao que há de novo.

  49. A única coisa que deve ser deixada clara é que, para cada “resistência” que se aponta para novas bandas, existe um “efeito-espelho”, no qual as velhas bandas são o alvo da resistência. E isso é a porta de entrada para a ignorância.

  50. Bom texto, não concordo com tudo, claro, com meus dezesseis anos.
    Li alguns comentários e todo ponto que tive vontade de comentar já foi comentado. Acrescento só que algumas bandas são somente para ser ouvidas sem grandes reflexões (como a tão comentada Friendly Fires) -o que pode soar revoltante para alguém contemporâneo a bandas que exalavam ideologias- mas também podemos citar Cage the Elephant que em algumas letras colocam ideias bem legais de serem pensadas, mesmo que não seja sentida a necessidade de ler a letra repetidamente para entender o que está sendo questionado.
    E quando digo que algumas são somente para ser ouvidas, sem grande intelectualidade em sua arte, não quer dizer que não tenham qualidade mas que esta deve ser sentida de outras maneiras, aquela velha historia de que existem coisas que gostamos e nem sabemos o por que, e na minha tão pouco amadurecida reflexão, o gostar instintivo é algo que nunca podemos perder em relação a qualquer tipo de arte.

  51. Para o autor do texto so digo uma coisa:

    Parabens vc ta ficando velho, ou se ja não é velho.

    Deixa a mulecada de 20 e poucos anos se divertir com a musica atual, são as bandas com que elas se identificam, elas não vão se identificar com o velho barrigudo do Led Zeppelin ou o defunto do Hendrix, com 20 anos uma pessoa não tem muito conhecimento musical, com o tempo ela vai amadurecendo e vendo o que é realmente bom na vida, mas por enquanto é o que elas gostam.

  52. CEL, o mundo é aquilo que vemos do mundo. e só. acho que não seria eu uma pessoa diferente deles se não fosse pelo meu pai, um petista, um revolucionário que gostava de raul e de MPB chegando na minha família. não seria eu diferente se não fosse pela experiência que tive quando na infância. mas ora, por que diabos eles são tão diferentes? os pais deles viveram também um regime militar, viveram também a decadência da república, viveram também o estrago econômico. comeram sim carne importada. ficaram sim na fila do sal e do leite. mas por que é diferente? e olha, só falo aqui do brasil. por que o sentimento do caê em alegria alegria [lá, de 67, antes do exílio] não se repete mais? será que é preciso a ameaça do cacetete para que o amor que estes cantam [porque né, o que é que se produz que não seja este o tema?] não seja esse amor egocêntrico, bethânio, nulo? será que é possível, CEL?

    acho que não seja mais possível porque até o caê de alegria, alegria mudou. até o chico mudou. todo mundo mudou porque aquilo que essa gente via não é mais aquilo que existe.

    eles olham tudo através de muitas lentes da politicagem, de uma mídia imbecil, de uma contracultura que não se sustentou sobre as próprias pernas. olham tudo através de algo que não é mais comum a mim, a você e ao resto das pessoas desse círculo que vai se fechando e se fechando cada vez mais. os relacionamentos são fluídos e não existe mais ninguém que cante “atrás da porta”. não existe mais aquela dor, não existe mais aquele desespero porque tudo está pronto, porque tudo é volátil, porque tudo é fluído. existe um tom de desesperança e desamparo histórico sim nisso tudo, nem duvido, mas existe também a chance – a sagrada chance – de não fazer parte disso. de não querer ser isso. e aí sim cabe à parcela de mundo que eu vejo se estender para aquilo que quero ver. e aí sim eu entendo quando essa gente jovem diz que “ah, não gosta, não ouve” porque eu não quero mesmo ouvir e porque eu não quero mesmo gostar. e na boa, a não ser que resolvam pegar minhas mp3s e jogá-las num buraco negro, eu to pouco me fodendo também para o que eles ouvem e pouco me fodendo para o que eles gostam. isso não é o que eu quero ser. não é aquilo que desejo me tornar. não é o mundo que quero que meus óvulos assistam. não é.

  53. Rapaz, eu tenho 21 anos e concordo com 90% do texto. Será que já nasci velho?

    Acho legal esse monte de gente aí em cima discordar do texto, mas acho lamentável não reconhecerem que a arte está, necessariamente, ligada à época em que é produzida.

    A minha geração é morna, fazer o quê. Preferem as bolhas. É muita preguiça em procurar as origens, aí acabam achando Foo Fighters – que eu até gosto, mas só dos primeiros discos – a ultra-banda-violenta-rock’n’roll.

    É isso aí, meu amigo. O rock’n’roll não acabou, mas respira por aparelhos por causa de bandas como Radiohead (que nem é rock mais, é um gênero musical que ainda não deram nome), Queens of the Stone Age e Tool.

    O que fica foi feito há dez anos, no mínimo. Hoje só tem a “raspa”. Sonic Youth e R.E.M acabaram esse ano, isso deve significar alguma coisa. Ainda bem que a arte não morre.

  54. Gente que fala que o rock respira por aparelhos só pode estar brincando.

    Tanta banda boa por aí, lançando ótimos álbuns nos últimos anos (isso para dizer o mínimo), e nego aqui chorando o fim do R.E.M. e do Sonic Youth? Para. Tá na hora de muita gente aqui abrir os olhos para o que está sendo feito de bom HOJE, e parar de achar que o mundo acabou no “Nevermind” ou no “Ok Computer”.

  55. Vamos lá então oque os anos 00 e 010 nos oferece:
    tem o Wolfmother, Black Keys, Arcade Fire, o Jack White, Wilco, Muse, Decemberists, The National, Interpol, o Radiohead que nem está mais o mesmo. Tem também as bandas de balada, como Franz Ferdinand, Arctic Monkeys, Kaiser Chiefs, e as coisas fofas que até sua tia escuta. E tem essas chatices sem eira nem beira do Loolapalooza que foram criados a leite com pera e ovomaltine. Como diz o pessoal do Violins: “não nos interessa a busca da verdade/
    não encontramos nenhuma/nosso alívio vem daí”

  56. Bom, sei que o meu comentário é meio tardio … mas tinha escrito um comentário uns dias atrás, e acho que por algum erro de conexão, não chegou a ser publicado, e na hora eu fiquei com preguiça de escrever tudo de novo …
    Só vou dar minha opinião … pq amo música, infelizmente não nasci com talento para tocar alguma coisa, mas isso não me impede de ter a música e principalmente o rock correndo nas veias …
    Eu respeito muito a música de outras épocas … as raízes, a origem … sempre presto atenção quando alguma banda que eu gosto cita suas influências … para tentar pescar alguma coisa que eu ainda não conheça …
    Difícil dizer se prefiro Neil Young ou Johnny Cash … mas tenho certeza que Rust Never Sleeps é o melhor disco que já ouvi na vida … e que o American IV me fez chorar ao ouví-lo …
    Mas ainda assim … tento e prefiro ouvir bandas atuais … discos novos … viver o agora ouvindo o que está sendo produzido agora … acho que pq essa é a minha época … e eu quero que a trilha sonora da minha vida tenha em sua maioria músicas da minha época … e segundo … pela busca do novo … do desconhecido … por um prazer que é só meu … de ouvir uma música de uma banda que eu nunca ouvi falar … e aquilo soar fresco, intenso, espontâneo …
    Lembro quantos cds eu comprei pela capa … o kum kum do fun people por exemplo … com aquela capinha de desenho tão fofa … e o som … aquele punk rock meio pop, latino … nada novo, mas soando fresco … é uma sensação única … e olha que eles são argentinos … rs …
    E hj, conheço bandas novas através de blogs, de sites especializados … mas apesar do acesso mais fácil, nada vem de bandeja, é preciso pesquisar … procurar … e se não amasse música de verdade, eu não ficaria fazendo isso até hj …
    Descobri o The Ragged Jubilee recentemente … e pensei … caralho, que banda … essas músicas foram feitar para mim … e o que eles fazem não é novo … mas fazem do jeito deles … e talvez as pessoas mais novas que os escutem vão procurar ouvir tb suas influências … e talvez ouçam Neil Young por causa disso … e se apaixonem por uma música despida, sincera, tocada com violão e gaita … mas talvez não … isso não é problema da banda … é problema do ouvinte … cada um ouve o que quer, cada um torce pro time do coração, cada um tem suas cores preferidas, seus filmes, suas comidas, e por aí vai …
    Prá não dizer que não vou me posicionar sobre o texto … acho que os ouvintes de hj em dia que são menos exigentes … mas pq os tempos são outros … hj nem sempre a música fica em segundo plano … hj em dia tem tv a cabo, internet, redes sociais, blá blá blá … na nossa época só tinha tv aberta, radio … a gente tinha menos opções, a música estava em primeiro lugar … foi assim que vivemos, não vamos mudar …
    Iria no Lolapalooza só prá ver o Gogol Bordelo e o Wander … ah … e o Tipo Uísque …

  57. Espera um pouco, esse não é o cara que elogiou o Titanic 3D? Vai levar os filhos no cinema, Tio e deixa os festivais pra quem não escuta música como um velho rabugento!

  58. Tenho 16 anos e sempre fui fã do rock das décadas de 60 e 70, ouvindo somente os generos desses períodos até pouco tempo.

    Mas enfim, a grande questão aqui é o tipo de público que ouve ou ouvia as músicas de cada tempo. Não faz sentido exaltar um fã do rock setentista americano que não tem nem ideia do que está sendo cantado mas que está no meio do público apenas pelo prazer de ouvir música que vamos concordar, sempre foi muito assimilável e simplesmente divertida. O pior é que esse fã sempre foi estereotipado como dotado de um ótimo gosto musical, insatisfeito e revoltado com os problemas sociais e até com uma postura intelectual, quando na verdade os conhecimentos sobre cada um desses campos beira a superficialidade no público típico do rock clássico.

    O que se deve entender é que a mensagem que cada banda quer passar se aproxima da poesia das letras de cada música, e é fácil perceber que se a parcela das pessoas que ouvem rock e que chegam a ouvir um álbum inteiro das bandas que gosta já é pequena, é ainda menor o número de pessoas que chegam a procurar e interpretar a psicologia do The Wall na década de 70, o lirismo e a ironia dos Smiths na década de 80 ou a depressão do Unknown Pleasures e do Siamese Dream na década de 90.

    A função primordial da música sempre foi trazer prazer ao ouvinte. No contexto do surgimento do rock ela foi simplesmente rotulada com a obrigação de prostestar contra os problemas sociais e taxada como um movimento de contracultura cuja maioria seguidores, no entanto, mal tinham consciência de como fazer isso além de seguir a onda de rebeldia sem sentido. O movimento todo seguiu a mesma lógica que seguem os movimentos estudantis de hoje em dia: algumas poucas pessoas tem um ideal que defendem, os músicos, alguns entendem em parte o conceito por trás do que está sendo dito mas a maioria está ali apenas pela diversão.

    Comparar Arctic Monkeys com Pink Floyd é plausível se você considera que as duas bandas podem fazer musicas que dão prazer ao ouvinte, mas não faz o menor sentido se você está procurando o conceito por trás das duas bandas. É análogo a tentar comparar Jack Kerouac ou o Manifesto comunista com Harry Potter.

  59. pqp Até que enfim encontrei vç de novo C.E.L. seus textos continua f….. pena afiadíssima
    Nota 10

    Industria Cultural meus caros. Leiam Adorno e entendam o contexto atual. No Future????????

    Ainda existem bandas instigantes hoje como Mars Volta, Muse, Soad, Jack White e seus projetos, Queens of The Stone Age e Radiohead. Agora, sobre o Foo Fighters, sempre achei uma banda mediana junto com os Coldplays da vida espalhados por ai.

    Espirito rock and roll e questionador quem tem hoje é o Elomar. Pesquisem sobre ele e tirem suas conclusões.

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