CDs: Blubell, Harmada e Los Porongas

1000 toques por Adriano Costa

“Eu Sou do Tempo em Que a Gente Se Telefonava”, Blubell (YB)
Quantas cantoras foram classificadas como a próxima musa da música brasileira nos últimos anos? Isabel Garcia, a Blubell, não parece interessada no hype (o clipe de uma das suas canções destaca um cartaz: “Diva é a Mãe!”), mas boa parte da imprensa vem cravando depoimentos definitivos que mais prejudicam do que ajudam. “Eu Sou do Tempo em Que a Gente Se Telefonava”, no entanto, é um disco bem interessante se analisado sem os superlativos. Desde o ótimo título, passando pela bela capa e pelo clima retrô e jazzístico que dá o tom do trabalho – mérito do grupo de jazz À Deriva que faz a cama para as canções da cantora. Seu tom de voz incomoda em algumas passagens, mas ela exerce total domínio sobre um disco agradável que traz boas canções como “Chalala” (tema de abertura do seriado “Aline”), “My Best”, “Mão e Luva” e a ótima “Good Hearted Woman”, com participação de Tulipa Ruiz, outra musa da cena paulistana. Não é espetacular e não promete nenhuma salvação, apenas um futuro promissor.

Preço em média: R$ 25
Nota: 6,5
My Space: http://www.myspace.com/blubellspace

Leia também:
– Entrevista com Blubell no Scream & Yell, por Ramon Vitral (aqui)

“Música Vulgar Para Corações Surdos”, Harmada (Independente)
Os personagens das canções do Harmada estão quase sempre perdidos, sem saber o que fazer, enquanto o mundo passa ao lado esbarrando neles sem pena. Uma vida guiada pela rotina, travada no piloto automático e que sonha silenciosamente com algum alívio, ganhou uma trilha sonora de surpreendente qualidade e coesão exibindo influências que vão desde a pegada do rock alternativo americano mais tradicional até as linhas melódicas e mais doces das bandas do rock inglês. Não faltam bons momentos ao álbum: “Luz Fria” se quebra e arrebenta para virar outra canção; “Pedaços” apresenta um climão dramático e letra casada com o ritmo. Os grandes destaques são ”Avenida Dropsie” e “Carlos e Cecília”. A primeira, uma bela canção para ser repetida várias vezes; a segunda, com guitarras indies estourando, é uma “Eduardo e Mônica” travestida e moderna que trata sobre esquecer o passado e seguir em frente com uma pequena ponta de esperança, canções que realçam um trabalho que deve conquistar corações acanhados.

Nota: 8,5
Download: http://www.oinovosom.com.br/harmada

Leia também:
– Assista a dois vídeos e leia entrevista com o Harmada, por Jorge Wagner (aqui)

“O Segundo Depois do Silêncio”, Los Porongas (Independente)
Ter uma cara própria deixando bem claro de onde vêm suas influências é tarefa para poucos hoje em dia, e o Los Porongas parece à vontade neste território. O quarteto ainda mantém os pés no rock oitentista. Provas dessa herança estão nas faixas “Bem Longe”, que lembra Picassos Falsos, e “Sangue Novo”, com produção de Dado Villa-Lobos. Se na estreia o baterista Jorge Anzol se destacava, agora a guitarra de João Eduardo ganha a disputa com um trabalho impressionante. As letras estão mais bem resolvidas, como exibe a bonita “Desordem (Time Out)” e a poderosa “Fortaleza”, mas também escorregam como em “Cada Segundo”. A exuberante “Dois Lados”, o rock torto de “A Verdade” e a desesperança de “Mais Difícil” (com a participação de Hélio Flanders) são outros destaques de um trabalho que consegue captar boa parte da energia que o grupo exibe ao vivo e dá passos largos na consolidação da própria música, mesmo olhando para trás. Como Diogo Soares canta em “O Lago”: “Do velho eu faço o novo”. É por ai.

Nota: 9
Download: http://losporongas.baritonerecords.com.br/

Leia também:
– Los Porongas: um choque entre o rock setentista e a MPB, por Marcelo Costa (aqui)
– Quatro vídeos do Los Porongas ao vivo em São Paulo, por Marcelo Costa (aqui)

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– Textos: Adriano Mello Costa (siga @coisapop) assina o blog Coisa Pop

6 thoughts on “CDs: Blubell, Harmada e Los Porongas

  1. Não gostei tanto do cd do harmada..avenida dropsie e sufoco são as melhores..mas o vocalista é meio ruinzinho mesmo..mas em algumas faixas não incomoda.

  2. Já eu achei o disco da Harmada muito bom. O disco deles e o do Criolo são de longe os melhores do ano até agora.

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