Scream & Yell recomenda: Cícero Lins

por Jorge Wagner

Uma pessoa como outra qualquer. Alguém confrontado como as responsabilidades da vida adulta, a solidão, o peso do mundo. Alguém que encarou o fim de sua banda num momento em que retornava de uma temporada de seis meses no exterior cheio de equipamentos comprados com a ideia de montar um estúdio. Que terminou os estudos e se viu desempregado e sem interesse em prosseguir na área que havia escolhido para estudar. Que saiu de casa e foi morar sozinho em um pequeno apartamento em Botafogo, Zona Sul carioca, a três horas de distância do local onde se foi criado e onde toda a sua família ainda mora.

Atualmente DJ e produtor de três festas alternativas de sucesso na noite carioca (Mambembe, Benflogin e Yellow Submarine – essa última, responsável por reunir, em uma única noite, mais de mil e duzentas pessoas interessadas em ouvir, cantar e dançar, em um mesmo ambiente, coisas como Jorge Ben e Rolling Stones), Cícero Lins, 25 anos, foi guitarrista e vocalista da Alice, uma das muitas bandas surgidas durante o pseudo-movimento indie carioca da década passada w que chegou ao fim deixando dois discos tão interessantes quanto desconhecidos (“Anteluz”, de 2005, e “Ruído”, de 2007). Três anos depois do fim do grupo (ou qualquer coisa próxima disso, já que o próprio músico diz não saber exatamente quando a banda acabou), retoma suas atividades artísticas com seu primeiro disco solo, o bom “Canções de Apartamento”.

Se comparado a “Ruído” (que, embora citasse no encarte Tom Jobim e Chico Buarque, podia ainda ser facilmente classificado como um disco de rock), “Canções de Apartamento” é um disco de MPB. Uma MPB distinta, por sorte, de tudo o que tem sido feito por “novos paulistas”, “novos curitibanos” e todos esses rótulos bairristas que pouco falam sobre alguma coisa. Uma MPB sem pretensões de reinventar a roda, mas não engessada, que não ignora a existência de “The Bends” ou “Suburbs”. É como se pudéssemos imaginar Thom Yorke discutindo Tom Jobim com Marcelo Camelo, ou Caetano Veloso, ainda jovem, convidando Moska para assistir um DVD do Arcade Fire, e tudo isso parecesse muito natural.

Confessional do primeiro ao último verso, “Canções de Apartamento” é um disco sobre solidão e saudades, abandonos e fugas e paixões antigas que são bem recebidas quando desejam voltar, desde que seja por apenas uma noite. Sobre passeios no parque em uma tarde de domingo, sobre a constatação de que aquele amor antigo repete com outros todo o discurso utilizado com você em outras épocas, sobre a ilusão de salvação com a chegada do fim de semana. Tudo embalado em Tropicália e Bossa Nova, Radiohead e sanfonas, tamborins e microfonias.

Gravado de forma independente entre novembro de 2010 e abril deste ano, mixado por Igor Ferreira e masterizado por Ricardo Garcia, “Canções de Apartamento” foi liberado para download no último dia 22 de junho no Facebook (baixe aqui) e também pode ser baixado gratuitamente no site oficial do músico: http://www.cicero.net.br/. Algumas semanas antes, Cícero abriu as portas de seu lar/refúgio/estúdio para conversar com o Scream & Yell sobre o fim da Alice, sua estréia como artista solo, sobre solidão e a influência do setlist das festas que produz sob suas composições. A seguir, o bate papo.

A Alice lançou “Ruído” em 2007. Um ano depois você e o Rodrigo Abud, baixista, viajaram para os Estados Unidos falando em comprar equipamentos para um próximo disco da banda, que acabou assim que vocês voltaram. O que aconteceu?
A Alice na verdade foi parando, foi perdendo ânimo, e a gente nem sabe direito quando foi que ela acabou. Quando viajei pra Nova York no final de 2008 era com plano de voltar e montar um estúdio pra Alice. No começo de 2009, meados de 2009, quando voltei para o Brasil é que constatei que a Alice já era meio que… uma história, não era mais uma realidade. Cada um tinha ido pra um lado, cada um estava com uma outra prioridade, cada um estava com uma outra perspectiva. Então o que aconteceu foi o seguinte: peguei o mote que era aquele de estar com tudo na mão e replanejei pra fazer um disco. Não sabia se ia ser um disco solo, se ia ser um disco com uma outra banda que eu viesse a montar, se ia ser um disco com uma Alice renascida das cinzas ou se ia ser um disco gravado por uma outra pessoa, que nem fosse talvez eu cantando, mas compondo pra alguém. Eu sabia que ia fazer um disco. Essa era uma certeza que eu tinha e que tenho. Vou fazer disco ainda por bastante tempo.

E quando veio a opção pelo disco solo?
Foram dois processos paralelos: o primeiro era pra onde eu ia artisticamente, já que eu já não tinha mais uma banda, e o outro era pra onde eu iria socialmente mesmo, porque já tinha acabado a faculdade de direito, já tinha mudado o status de universitário para desempregado, então, tipo, “vai fazer o quê?!”. Ou você vai ser um advogado ou vai ser um músico, e já não dava pra ser as duas coisas como quando você era de uma bandinha e estudante de direito. Então falei, “cara, prefiro arriscar ser músico, e tentar fazer alguma coisa com música”. E então rolou o processo de mudar pra um apartamento. E comecei a bolar uma forma de ganhar dinheiro sem ser com o Direito porque eu não… não são os meus valores, militar pelo Estado. Qq=uando eu comecei a lidar com as questões de morar num apartamento sozinho longe de casa, de ganhar dinheiro, de saber o que é realmente estar sozinho, realmente ter companhia, de saber o que realmente te faz falta e o que não te faz falta eu vi ali talvez o melhor momento pra fazer música que eu tive na vida, que era onde eu estava com uma coisa muito grande minha me pedindo para ser interpretada de alguma forma. Era uma coisa minha, eu com o mundo, essa coisa de acordar pela manhã e, porra, sou eu com essa casa, esse apartamento de 25m² a 3 horas de casa. E é aqui que você começa a ver o que realmente é estar sozinho, o que realmente é estar acompanhado. Ah… bacana, então vou escrever sobre isso. O que realmente te dá a sensação de felicidade? Ah… é isso! É ter alguém pra tu poder ir num parque ler um livro e discutir Caetano, e não um grande amor que você acreditou que pudesse existir, mas que na vida real é uma conjunção de fatores que te leva a sentir as coisas, e não necessariamente as coisas como descritas nos livros, nas novelas. E aí quando você começa a ver as coisas com esse prisma, você começa a querer falar sobre essas coisas especificamente.

Algumas coisas que já estavam presentes no “Ruído” vem ecoar no seu trabalho solo, mas tem bastante coisa que foi deixada de lado também. Como se deu essa escolha sobre o que manter e o que mudar no seu som?
Eu compunha as músicas na Alice. As músicas do “Anteluz” são composições minhas, as músicas do “Ruído” são composições minhas e as músicas do “Canção de Apartamento” são também. Mas a Alice era uma banda, era uma dinâmica de grupo. Era a minha ideia vezes a ideia do baixista, vezes a do baterista e que dava o resultado final. No “Canções” isso não aconteceu. Muitas das coisas que a Alice estava encaminhando evolutivamente pra ser não eram minhas, só. Eram também de um guitarrista, de um baixista e de um baterista. No “Canções” ficou só o que era meu naquela história ali. O “Anteluz” trata de temas que hoje em dia eu vejo com carinho e tudo mais, mas que eu tratava de uma forma um tanto superficial, um tanto comprada de terceiros, tipo “ouvi e achei legal”, e tal. No “Canções de Apartamento” foi um troço mais intimista, foi um troço mais de auto-análise. Então talvez a sonoridade das músicas, e as letras, tenham ficado menos universais, sabe? Ele fala sobre essas pequenas coisas que você sente mas que fazem toda a diferença quando você está sozinho, quando você tem tempo de constatar elas. Acho que isso remete a um amadurecimento, a evolução, mas é mais uma caminhada normal de quem está… indo, sabe?

Quando você volta de Nova York, você dá um gás na produção das festas. Uma delas, a mais bem sucedida, Yellow Submarine, tem a característica de misturar clássicos do rock e clássicos nacionais, como a Tropicália etc. Como essas noites ouvindo esses sons chegam a influenciar no seu trabalho como compositor hoje em dia?
100%! A Yellow foi um fator determinante para o “Canções de Apartamento” por vários motivos. O primeiro porque é meu trabalho. Eu fui obrigado, com muito prazer, a mergulhar no mundo da música brasileira e do classic rock como eu fazia recreativamente antes. Então, tipo, fui pesquisar Tropicália, fui pesquisar Bossa Nova, Jovem Guarda, rockabilly, fui pesquisar o twist, o punk-rock, o rock & roll dos anos 70… e fui ouvindo aquilo tudo pra fazer uma festa. Até aí a Yellow não era uma coisa tão bombada no Rio e começou a bombar e foi uma surpresa pra mim e para o Jorge (nota: Junior Du’ Jorge, produtor das festas ao lado de Cícero). A gente tinha que juntar o Chico com os Stones com o Tropicalismo e com tudo e colocar a galera pra dançar durante 6, 7 horas. Isso acabou ficando impregnado em mim e foi muito difícil na hora de fazer o disco, tentar não cair nessa fórmula que eu já sei que funciona. Na hora de fazer uma música, por você trabalhar com isso, você sabe o tipo de compasso, o tipo de cadência melódica, de letra, de evolução que vai fazer a galera levantar, porque você toca “Jorge Maravilha”, você toca “Alegria, Alegria”, você toca “Revolution”. Você começa a entender a mecânica da coisa, e pro “Canções” eu achei que seria um pouco jogar sujo fazer isso, embora desse pra fazer. Pra quê fazer isso, entendeu? O que tentei fazer foi absorver o que eu realmente gostava daquilo e botar nas músicas, mas é inegável que aquilo está impregnado no disco. Tive que ouvir muita gente, muita discografia pra saber o que podia colocar ou não na festa, e muita coisa no disco não seria desse jeito se não fosse a Yellow.

Um tema bastante presente no disco e mesmo algumas vezes no seu discurso enquanto a gente conversa é a solidão. Você, que é um cara de 25 anos morando sozinho num bom bairro da capital carioca, se sente uma pessoa solitária? Como é trabalhar com essa questão na hora de compor?
Eu me mudei de um lugar do Rio de Janeiro, Santa Cruz, que a relação entre as pessoas é completamente diferente do lugar onde estou morando, que é um lugar onde acho que a solidão é muito maior. Por várias questões. Muita gente, pouco espaço, muita coisa pra se fazer o tempo inteiro. A solidão aqui é mais paranóica do que aquela solidão mais arejada, das áreas mais afastadas do centro. Em contrapartida comecei a trabalhar com uma coisa que me coloca em uma exposição muito grande. Você está em contato com muita gente, muita gente acaba te conhecendo, mas você não conhece ninguém. Você acaba se sentindo mais sozinho, porque você não tem um motivo palpável para estar sozinho. Você está com um monte de gente, um monte de gente te conhece, um monte de gente conversando contigo, você mora num bairro com uma população absurdamente grande, gente subindo e descendo o tempo inteiro, você abre sua janela e vê a sua vizinha cozinhando e você continua se sentindo sozinho e você começa a procurar o que é a solidão. Porque quando morava em Santa Cruz e sonhava com uma vida e tal, a solidão era um pouco romântica e agora é mais palpável, ela não tem nenhum motivo para ser… e é. Acho que nesse aspecto comecei a ver que a solidão é muito mais um “mal do século” do que uma característica da minha personalidade. São milhares de pessoas sozinhas… juntas, sabe? E esse foi o mote do “Canções de Apartamento”. Estou aqui no meu apartamento, tenho a minha vida, me relaciono com a pessoa do apartamento ao lado, mas estou aqui e ela lá. Estão todos sozinhos. E isso gera uma paranóia que eu acho que é o grande potencial destrutivo dessa nossa sociedade. As pessoas se relacionam até certo ponto, mas dali pra dentro é solidão. E isso é a semente da loucura. “João e o Pé de Feijão” é uma música que fala da mais sincera forma de solidão que eu senti ao morar longe pra cacete, sabe? E “Vagalumes Cegos” fala da forma mais sincera de se combater isso, que eu acredito, que é quebrar com essa paranóia, com essa pressa, com essa muvuca, não comprar esse meio de vida e ir fazer o básico, estar com alguém em algum momento, porque a solidão entra e destrói tudo.

“Açúcar ou Adoçante” tem um outro lado disso. É um “entra aqui, compartilha essa noite comigo, beba o meu café, só que quando acabar a noite você vai pra lá e eu fico aqui”…
Você falou tudo! O “Canções” é isso. São dez canções que tratam da forma como vejo o mundo, como estou lidando com a solidão e como todo mundo lida. “Açúcar ou Adoçante” é isso. É “entra, vamos dividir essas horas, mas, olha… que bom que você lembra, mas é só isso”. É o que eu tenho visto nos últimos três anos que tenho vivido sozinho é o que eu vejo as pessoas fazendo o tempo inteiro. Os amores são assim, as amizades são assim. “Pelo Interfone” tem isso também, esse “vai nesse inédito de novo”. “Açúcar e Adoçante” e “Pelo Interfone” são músicas ligadas. É justamente sobre essa esteira rolante dos relacionamentos que as coisas acontecem hoje em dia. Uma fala de um ex-amor, “entra pra ver como você deixou o lugar”, aquilo devastou em algum momento aquela pessoa, mas ela já arrumou a casa, já se tocou, e pá, solidão, e é isso. E essa pessoa, depois que toma o café e vai embora, ela vai procurar o amor em outro lugar, e vai projetar todas aquelas coisas dela numa outra pessoa. Só que é uma coisa tão… de mudar de lugar, tão sem relacionamento, que é a mesma coisa, sabe? “Fala pra ele também, e quando acabar, fala pra um outro também”. Não é desesperançoso. Não quero que o disco soe desesperançoso, de forma nenhuma. É apenas uma crônica pessoal minha de como eu vejo que as coisas estão. Não faço juízo de valores, mas é o que vejo acontecendo. Vejo como as pessoas procuram cada vez mais em drogas, Deus, terapia, yoga… soluções que não vão estar lá. São coisas que existem que estão ali, mas que se você não tiver uma postura, essas coisas não vão mudar em nada a sua vida.

O “Canções” foi liberado pra download agora no dia 22 e, ainda esse mês deve sair o clipe de “Tempo de Pipa”, com a participação da Letícia Collin. E o esquema do disco físico, da divulgação e de vendas agora, como vai ser?
O disco físico sai até o final de julho. Na parte de divulgação, fazendo as festas a gente começou a entender mais ou menos como funciona o Rio de Janeiro quando você quer capitalizar alguma coisa que tem a ver com arte. O Rio de Janeiro é totalmente diferente de São Paulo, totalmente diferente de outros estados. O carioca tem uma característica que pode ser uma qualidade e um defeito, mas que tem virado nos últimos tempos um defeito, e que eu gostaria que se tornasse uma qualidade. O carioca milita menos em causas, em grupos, em tribos, em coisas assim do que acontece em outros estados. O que acontece é que o carioca não tem muito o hábito de “Po, tem show do Fulano de Tal numa quarta-feira. Vou lá assistir!”. Ele não faz isso. É uma coisa que aqui não rola. Mas se tem alguma coisa legal num lugar legal numa sexta-feira, e tem alguma coisa legal, num lugar legal e que vai ter o show daquele cara legal numa sexta-feira também, aí a galera vai, entende? É o que acontece com a Yellow, que acabou virando um ambiente bacana onde o pessoal gosta de ir, porque se encontram iguais ali. O que eu pretendo fazer comercialmente com o disco é tentar veicular a música pra todo mundo, das formas que já são até velhas, como a internet, os sites, blogs etc, vou tentar veicular isso através de amizades, de contatos e tudo mais, e fazer a galera se interessar pela coisa, e vou tentar produzir eventos que tenham talvez a cara do carioca, um pouco mais, e tocar nesses eventos, fazer show nesses eventos, mas que tenha uma galera interessada em ouvir o “Canções de Apartamento”. Talvez se eu conseguisse fazer essa atmosfera girar em torno do show do “Canções de Apartamento” – e aí entra uma outra questão de que uma andorinha só não faz verão, que já um outro assunto –, acho que a gente conseguiria fazer a galera, sem militar como um movimento, se reunir em torno daquela galera que faz aquela coisa que é legal, que tem músicas que as pessoas gostam. Ninguém que teve banda em 2005, que era a época da Alice, acredita ainda em ser produzido por alguém e tocar num grande festival e bombar pro Brasil inteiro. Isso não existe mais. Agora você tem que ser seu próprio produtor. Você tem que entrar em contato com uma casa, ou ter uma equipe de amigos que estão ali também pelo ideal e que vai produzir seu show, e a entrada é contigo mesmo, a logística da coisa é contigo mesmo, que é pra você ir tapando os buracos por onde sai o dinheiro, que é pra poder pagar os músicos, pagar os custos e viver de música. Eu ainda não sei como o Rio de Janeiro vai se organizar em relação a isso. Mas se a coisa estiver mais ou menos organizada, e esse poder de organização de São Paulo é algo que eles têm de ótimo e que a gente largou pra lá, se a gente conseguisse se organizar minimamente, a gente conseguiria fazer isso, talvez, funcionar, sem depender de… o cara trabalhar de segunda a sexta em qualquer outra coisa e fazer música no final de semana.

http://www.cicero.net.br/

29 thoughts on “Scream & Yell recomenda: Cícero Lins

  1. Possivelmente um dos discos que mais me emocionaram no ultimo ano. Sensibilidade delicadíssima na composição, coisa rara.

  2. Sem dúvida o disco nacional que mais mexeu comigo nos últimos anos.
    Os arranjos, as letras, as melodias, a voz, tudo lindo. Tudo sensível.
    É um disco para parar e ouvir.
    Tem tempo que não ouço uma voz que cante dando tanto significado pro que está dizendo.
    Me lembrou Tom Jobim cantando, não sei se é porque ele fala do Tom numa música.
    Chorei em Pelo Interfone.
    Não lembro de te chorado em outro disco nacional.

  3. O disco é bem legal.
    Embora eu não goste muito dessa coisa “MPB com Rock” as guitarras desse disco são as melhores que já ouvi nessa linha.
    Mas achei ele Decrescente… começa de uma forma e acaba de outra. Acho que gostei mais da primeira metade, a segunda é meio “baixo astral Marcelo Camelo demais”
    Embora ainda ache esse melhor que o do Camelo.

  4. Ah, João e o Pé de Feijão lembra muito You Don’t Know me mesmo, embora os acordes e melodias sejam completamente diferentes, a linha vocal é bem parecida. Tá na mesma métrica. Mas acho que é alguma citação, porque ele fala do caetano na segunda música e a letra de João e o pé de feijão é muito uma continuação da letra de You don’t know me. Na Pelo Interfone ele fala da Dindi, que é de uma música do Tom Jobim que fala “Ah, Dindi, Se soubesses o bem que eu te quero / O mundo seria, Dindí, tudo, Dindí, lindo, Dindí / Ah, Dindí / Se um dia você for embora me leva contigo, Dindí”. É o mesmo refrão de Pelo Interfone, só que como se a história continuasse… e a melodia é muito igual a uma outra música do Tom Jobim também. Em Laiá laiá ele fala do Braguinha e a melodia é muito uma marchinha dele também. Podiam ter perguntado dessas citações pra ele, heim!

  5. Também tem citação ao Lago dos Cisnes em Cecília & os Balões (a última melodia de piano antes da guitarra). Esse disco é todo cheio de citações, desde a capa. Mais cedo ou mais tarde alguém pergunta delas por aí, Antônio. No site O Inimigo a matéria fala das citações…

    Mas gostei bastante dessa aqui, ele falou de várias coisas…

  6. Antônio, o bruto da entrevista teve mais ou menos 40 minutos, além das outras 3 horas que não foram gravadas. aí tem cerca de 5 páginas de texto corrido. tive que optar por algumas perguntas e deixar outras de lado.
    desde a Alice, o Cícero sempre foi um artista de fazer referências. o Ruído, por exemplo, tem várias, como Anos Dourados, do Tom Jobim, citada na melodia de uma e na letra de outra. não julguei necessário falar sobre isso aqui, mas como disse a Carla, muitas outras entrevistas podem surgir por aí e esse tema, com certeza, vai aparecer.

  7. Gosto muito de “Pelo Interfone”. Mas, inevitavelmente, essa geração e esse título (e a referência à pipa) só me faz lembrar de uma galera que foi criada demais dentro de apartamentos com carpetes.

  8. É impressão minha ou o Cícero só realmente falou do disco nessa entrevista e na do Isto É Música?

    Tenho a impressão de que ele falou nessas duas entrevistas e depois passou a falar muito pouco ou quase nada nas outras tantas.

    Se bem que saíram mais de mil matérias sobre o disco dele em só 1 mês. vai ver acabou a paciência…

    Queria saber das citações, do que ele acha dessa “nova MPB” da qual ele faz parte (e eu acho toda muito chata), do que ele acha dessa nova forma de sucesso “virtual” na música.

    Enfim, acho que tô querendo saber demais.

    Nunca imaginei que fosse virar tiete hipster de alguém da nova MPB.

    Paguei a língua.

  9. Karina, acho que as entrevistas feitas pelo Antônio (do Isto é Música) e essa aqui tiveram um pouco mais de conteúdo porque nós dois já conhecíamos o cara há bons dez anos, antes mesmo da Alice, quando Cícero tinha a cabeça raspada e era fã de Nirvana e Offspring.
    paciência pra falar ele tem (nossa conversa durou umas 4 horas ou mais, com 40 minutos de gravação). talvez falte aos outros saber o que perguntar.

    sobre as suas dúvidas, o que posso falar (porque foi conversado, embora na parte que não foi gravada e, por isso, não utilizada aqui) é sobre opinião dele quanto a essa geração de “mpb-indie”: ele não se reconhece como parte disso, como parte do que faz Jeneci, Tiê, Tulipa ou mesmo o pessoal do Rio como Do Amor, Tono etc. e também não tinha contato com nada da cena curitibana como Lemoskine ou A Banda Mais Bonita (que “estourou” quando o Canções já estava fechado).

  10. Caramba, esse disco é fantástico, o encontrei há alguns meses enquanto lia os 100 melhores álbuns nacionais do ano, eis que Cícero estava lá xD
    Todos os dias enquanto estou no estágio eu o ouço, está sempre na minha playlist de trabalho. Ainda não li a entrevista, quando chegar em casa lerei com calma e comentarei novamente nesse post do ano passado :p

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