Livros: Um Dia, de David Nicholls

por Adriano Costa

Quando a leitura de “Um Dia”, do escritor inglês David Nicholls, está prestes a iniciar é necessário se deparar com um vasto número de citações retiradas de críticas em jornais e revistas, assim como de autores como Nick Hornby e Tony Parsons. Essas citações estão dispostas na capa, contracapa e nas páginas iniciais afirmando em letras garrafais que se você não gostar do livro, com certeza é um idiota que não sabe apreciar “um clássico moderno” – como afirmou o Daily Mirror.

Com lançamento nacional pela editora Intrínseca (416 páginas), o terceiro romance de Nicholls conta a história de Dexter e Emma, que na noite da formatura dormem juntos e iniciam uma relação de amor e amizade que vai perdurar pelos próximos anos. Dexter é um jovem cheio de charme que almeja viver a vida e Emma é estudiosa e cheia de sonhos e boas causas para defender. Entre o dia que amanhece lá fora e o sono que chega, vivem um momento único.

Com início em um 15 de julho, o autor leva a narrativa para esse mesmo dia nos anos subseqüentes e consegue demonstrar como cada pessoa se transforma com o passar do tempo e deixa para trás as coisas da juventude para se apegar em outras mais corriqueiras e cotidianas. Ao crescer junto e de acordo com seus personagens fala diretamente a uma turma que está hoje entre os 30 e 40 anos, sem ostentar (ainda bem) ser o retrato fiel e exato de uma geração.

“Um Dia” virou um filme que estreia no segundo semestre trazendo Anne Hattaway e Jim Strugess nos papeis principais, sendo que devido a recepção que teve no Reino Unido e aliado com o roteiro funcional adaptado pelo próprio autor, tem tudo para causar também algum rebuliço. Entretanto, quando a leitura chega ao fim parece que a obra recebeu superlativos demasiados. É atraente, divertida e com uma bonita aura triste, mas nada que chegue longe disso.

A condução do texto lembra vários outros autores como os já citados Nick Hornby e Tony Parsons (esse segundo principalmente em características de Dexter), além de Helen Fielding (no que tange a Emma) e os filmes de Richard Linklater (“Antes do Amanhecer”/“Antes do Pôr-do-sol”). Isso para ficar apenas nos mais óbvios. A fórmula envolve dúvidas, sarcasmo, cinismo e referências da cultura pop funcionando em prol de um romance complicado e quase intangível.

“Um Dia” é um bom livro e demonstra sacadas interessantes, deixando ao leitor chances de se identificar com várias passagens e olhar para a sua própria vida de repente e lembrar, sorrir e chorar. Se um grande amor passou pela juventude, com certeza não se passará impune. Porém, não é nada além disso e não carrega em seu corpo toques de extraordinário. Histórias como a de Dexter e Emma são bonitas e emocionam, mas não podem almejar ser mais que isso.

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Leia abaixo um trecho do livro:

CAPÍTULO UM

O futuro

sexta-feira, 15 de julho de 1988
Rankeillor Street, Edimburgo

— Acho que o importante é fazer diferença — disse ela. — Mudar alguma coisa, sabe?

— Você está falando de “mudar o mundo”?

— Não o mundo inteiro. Só um pouquinho ao nosso redor.

Os dois ficaram em silêncio por um tempo, os corpos entrelaçados na cama de solteiro, depois começaram a rir em voz baixa, na mesma altura do amanhecer.

— Nem acredito que eu disse isso — murmurou ela. — Um pouco batido, não é?

— É, um pouco batido.

— Estou tentando servir de inspiração. Preparar sua alma negra para a grande aventura à sua frente. — Virou-se e olhou para ele. — Não que você precise disso. Imagino que já esteja com o futuro bem-planejado, muito bem-planejado. Deve ter até um fluxograma ou coisa assim guardado em algum lugar.

— Até parece.

— Então, o que você vai fazer? Qual é o seu grande plano?

— Bom, meus pais vão guardar minhas coisas na casa deles, depois vou passar uns dias no apartamento de Londres, ver alguns amigos. Depois França…

— Muito legal…

— Depois talvez China, ver o que acontece por lá, quem sabe ir até a Índia, viajar um pouco pelo país…

— Viajar — ela suspirou. — Tão previsível.

— O que há de errado em viajar?

— É mais uma forma de fugir da realidade.

— Eu acho que a realidade é algo muito superestimado — contestou, esperando que a frase soasse cínica e carismática.

Ela fungou.

— É, imagino que sim, para quem pode pagar. Mas por que não dizer simplesmente: “Vou tirar umas férias de dois anos”? É a mesma coisa.

— Porque viajar amplia os horizontes — respondeu ele, apoiando-se sobre um cotovelo e dando um beijo nela.

— Ah, acho que os seus horizontes já estão bem ampliados — comentou ela, virando a cabeça para o outro lado, ao menos naquele momento.

Os dois se ajeitaram outra vez no travesseiro.

— De qualquer forma, eu não estava falando do que você vai fazer no mês que vem, estava falando do futuro mesmo, sei lá… — Fez uma pausa, como se vislumbrasse uma ideia fantástica, uma quinta dimensão. — Quando você tiver uns quarenta anos. O que você quer ser quando tiver quarenta anos?

— Quarenta? — Ele pareceu se debater com aquele conceito. — Não sei. Será que posso responder “rico”?

— Mas isso é tão superficial.

— Está certo. Então, “famoso”. — Começou a esfregar o nariz no pescoço dela. — Um pouco mórbido tudo isso, não?

— Não é mórbido, é… fascinante.

— Fascinante! — Agora ele imitava a voz dela, seu leve sotaque de Yorkshire, fazendo-a parecer bobinha. Isso sempre acontecia com ela, garotos bacanas falando com voz engraçada, como se um sotaque fosse algo estranho e incomum, e não pela primeira vez sentiu um estremecimento de aversão em relação a ele que a tranquilizou. Afastou-se até apoiar as costas na parede fria.

— Sim, fascinante. E não é para menos, é? Com todas essas possibilidades. Como disse o diretor, “as portas da oportunidade se abriram…”.

— “Os seus nomes estarão nos jornais de amanhã…”

— Isso é pouco provável.

— Então por que você está tão empolgada?

— Empolgada? Eu estou morrendo de medo.

— Eu também. Saco… — Virou-se de repente e pegou o maço de cigarros no chão ao lado da cama, como para acalmar os nervos. — Quarenta anos de idade. Quarenta anos. Puta inferno.

Achando graça na aflição dele, ela resolveu piorar um pouco mais o cenário.

— Então, o que você vai estar fazendo quando tiver quarenta anos?

Ele acendeu o cigarro, pensativo.

— Bom, Em, o negócio é…

— “Em”? Quem é “Em”?

— Todo mundo chama você de Em. Eu ouvi.

— É, os meus amigos me chamam de Em.

— Então, posso te chamar de Em?

— Vai nessa, Dex.

— Bom, eu já andei pensando nessa história de “fi car velho” e decidi
que vou continuar exatamente como sou no momento.

Dexter Mayhew. Ela o observou por entre a franja, recostado na cabeceira acolchoada da cama barata, e, mesmo sem óculos, entendeu muito bem por que ele queria continuar exatamente daquele jeito. Olhos fechados, o cigarro colado languidamente no lábio inferior, a luz da manhã filtrada pelo tom avermelhado das cortinas aquecendo um lado do rosto, ele parecia estar sempre posando para uma fotografia. Emma Morley considerava “bonitão” um termo banal, do século XIX, mas na verdade não havia outra palavra que o descrevesse, a não ser talvez “lindo”. O rosto era daqueles em que você enxerga os ossos por baixo da pele, como se até a caveira fosse bonita. Um nariz afilado brilhava um pouco com a oleosidade, olheiras tão carregadas que pareciam hematomas, medalhas de honra por todos os cigarros e noites em claro perdendo deliberadamente para colegiais de Bedales no strip poker. Havia algo de felino em suas feições: sobrancelhas fi nas, a boca intencionalmente amuada, lábios um tanto sombrios e grossos, mas agora secos e rachados, arroxeados pelo vinho tinto búlgaro.

Ainda bem que o cabelo era horrível, curto na nuca e nos lados, com um topetinho ridículo na frente. Fosse qual fosse o gel que usava, já tinha perdido o efeito e agora o topete parecia fofo e atrevido, como um chapeuzinho idiota. Ainda com os olhos fechados, ele exalou a fumaça pelo nariz. Sabia muito bem que estava sendo observado, porque enfi ou a mão debaixo da axila, infl ando os bíceps e os peitorais. De onde vinham aqueles músculos? Por certo de nenhuma atividade esportiva, a não ser que nadar nu ou jogar sinuca fossem considerados esporte. Provavelmente era a boa saúde herdada da família, junto com as ações, participações nos lucros e móveis fi nos. Então ele era bonitão, lindo até, com uma cueca samba-canção estampada na altura dos ossos do quadril, e por alguma razão estava ali em sua cama de solteira naquele pequeno quarto alugado ao término de quatro anos de faculdade. “Bonitão”! Quem você pensa que é? Jane Eyre? Hora de crescer. Seja razoável. Não se deixe iludir.

Emma tirou o cigarro dos lábios dele.

— Eu posso imaginar como você vai ser aos quarenta anos — falou, um tom de malícia na voz. — Sei muito bem o que vai acontecer.

Dexter sorriu sem abrir os olhos.

— Então, diga.

— Tudo bem… — Ela se mexeu na cama, o edredom preso nas axilas.

— Você vai estar num carro esporte com a capota arriada em Kensington ou Chelsea, num desses lugares, e o mais incrível nesse carro é o fato de ser silencioso, porque todos os carros vão ser silenciosos em… sei lá quando… 2006?

Ele apertou os olhos, fazendo a conta.

— 2004…

— E o carro está na King’s Road a dez centímetros do chão, sua barriguinha está espremida embaixo do volante de couro como uma almofadinha e você está com aquelas luvas sem dedos, já com cabelo rareando e sem queixo. Você é um homem grandão num carro pequeno, com um bronzeado de peru assado…

— Vamos mudar de assunto?

— E tem uma mulher ao seu lado, de óculos escuros, sua terceira… não, quarta esposa, muito bonita, modelo… não, ex-modelo, vinte e três anos, que você conheceu enquanto ela posava no capô de um carro num salão do automóvel em Nice ou coisa assim, muito bonita e burra como uma porta…

— Bom, isso é legal. Algum filho?

— Não, sem filhos, só três divórcios. É uma sexta-feira de julho, vocês estão a caminho de uma casa de campo e no minúsculo porta-malas do seu carro voador tem raquetes de tênis, tacos de críquete e um cesto cheio de vinhos e uvas sul-africanas, aspargos e umas pobres codornas. O vento bate no seu para-brisa e você se sente bem, muito bem consigo mesmo, e a esposa número três, ou quatro, sei lá, sorri para você com duzentos dentes brancos e brilhantes, e você sorri de volta e tenta não pensar no fato de vocês dois não terem nada, absolutamente nada, a dizer um ao outro.

Emma parou de repente. “Você está falando como uma doida”, disse para si mesma. “Tente não falar como uma doida.”

— Se serve de consolo, é claro que todos já teremos morrido numa guerra nuclear bem antes disso! — observou com leveza, mas ele continuou com o cenho franzido.

— Então acho melhor eu ir embora. Já que sou tão superfi cial e depravado…

— Não. Não vai, não — ela pediu, talvez um pouco ansiosa demais.

— São quatro da manhã. Ele se ajeitou na cama até fi car com o rosto a poucos centímetros do dela.

— Não sei de onde você tirou essa ideia a meu respeito, você mal me conhece.

— Eu conheço o seu tipo.

— Meu tipo?

— Eu já vi você com a sua turma depois das aulas de literatura moderna, gritando uns com os outros, organizando festas black-tie…

— Eu nem tenho um smoking. E muito menos sou de gritar…

— Passeando de iate no Mediterrâneo em feriados prolongados, rá, rá, rá…

— Então, se eu sou assim tão canalha… — Agora a mão dele estava no quadril dela.

— E é mesmo.

— …por que você está dormindo comigo? — A mão alojou-se na pele quente e macia da coxa.

— Na verdade acho que eu não dormi com você, dormi?

— Bem, isso depende. — Inclinou-se e beijou-a. — Defi na os seus termos. — A mão tateava a base da coluna, uma perna enfiada entre as pernas dela.

— A propósito — murmurou ela, a boca colada na dele.

— O quê? — Sentiu a perna dela enlaçar a sua e puxá-lo mais para perto.

— Você precisa escovar os dentes.

— Eu não ligo se você não escovar.

— Mas está horrível — ela riu. — Sua boca está com gosto de vinho e cigarro.

— Tudo bem. A sua também está. A cabeça dela se afastou num tranco, interrompendo o beijo.

— É mesmo?

— Eu não ligo. Eu gosto de vinho e de cigarro.

— Só um segundo. — Ela empurrou o edredom, passando por cima dele.

— Aonde você vai? — Encostou a mão nas costas nuas que se afastavam.

— Só vou até o trono — respondeu, pegando os óculos de cima da pilha de livros ao lado da cama: óculos grandes, armação preta, modelo comum.

— “Trono”, “trono”… Desculpe, não sei do que se trata… Emma se levantou com um braço atravessado sobre o peito, tomando o cuidado de fi car de costas para ele.

— Não vá embora — falou enquanto se afastava, enganchando dois dedos no elástico para ajeitar a calcinha no alto das coxas. — E não vale se masturbar enquanto eu estiver fora.

Dexter expirou pelo nariz e se ajeitou na cama, examinando o mal–ajambrado quarto que ela aluga, sabendo com absoluta certeza que em algum lugar entre aqueles cartões-postais de arte e cartazes de peças de teatro alternativo haveria uma fotografia do Nelson Mandela, como uma es pécie de namorado ideal que só existe no mundo dos sonhos. Já tinha visto muitos quartos como aquele nesses últimos quatro anos, espalhados pela cidade como a cena de um crime, quartos onde nunca se estava a mais de dois metros de um disco da Nina Simone. Embora raramente tivesse visitado duas vezes o mesmo quarto, tudo era muito familiar. Os velhos abajures e os vasos de plantas desolados, o cheiro de sabão em pó em lençóis baratos que mal cabiam nas camas. Ela também tinha aquela paixão artística por fotomontagens, tão comum nas garotas: fotos de colegas da faculdade e da família misturando-se com desenhos de Chagall, Vermeer e Kandinsky, os Che Guevaras, os Woody Allens e os Samuel Becketts. Nada era neutro, tudo afi rmava um ponto de vista. O quarto era um manifesto, e com um suspiro Dexter identificou-a como uma daquelas garotas que usavam “burguês” como um termo ofensivo. Ele entendia que “fascista” pudesse ter conotações negativas, mas gostava da palavra “burguês” e de tudo que tal termo implicava. Segurança, viagens, boa comida, boas maneiras, ambição; por que deveria se sentir culpado por isso?

Observou as nuvens de fumaça saindo da própria boca. Tateando em busca de um cinzeiro, encontrou um livro ao lado da cama. A insustentável leveza do ser, com a lombada bem vincada nas partes “eróticas”. O problema dessas garotas rebeldes e individualistas é que todas eram exatamente iguais. Outro livro: O homem que confundiu sua mulher com um chapéu. “Que imbecil”, pensou, certo de que jamais cometeria aquele erro.

Com vinte e três anos, a visão que Dexter Mayhew tinha do próprio futuro não era mais nítida que a de Emma Morley. Queria ser bem-sucedido, que os pais se orgulhassem dele e que tivesse a oportunidade de dormir com mais de uma mulher ao mesmo tempo, mas como tornar todas essas coisas compatíveis? Queria ser citado em revistas e esperava um dia ver uma retrospectiva do seu trabalho, sem ter uma clara noção do que seria esse trabalho. Queria aproveitar a vida ao máximo, mas sem confusões nem complicações. Queria viver de forma que, se fosse fotografado casualmente, a foto saísse bonita. As coisas deveriam estar certas. Diversão; devia haver bastante diversão e pouca tristeza, não mais que o absolutamente necessário.

Não era um grande plano, e já tinha havido alguns tropeços. Esta noite, por exemplo, poderia ter repercussões: lágrimas, telefonemas desagradáveis e acusações. Talvez o melhor fosse ir embora o quanto antes. Olhou para as roupas jogadas ao lado, preparando-se para uma fuga. Foi alertado por um solavanco e o estampido de uma antiga descarga vindos do banheiro e logo recolocou o livro no lugar, encontrando embaixo da cama uma latinha amarela de mostarda Colman’s, que abriu e confirmou que, sim, continha camisinhas e pequenos restos acinzentados de um baseado que pareciam fezes de rato. Com a possibilidade de sexo e drogas que aquela pequena lata amarela continha ficou mais animado, e afinal decidiu que poderia ficar um pouco mais.

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– Adriano Mello Costa (siga @coisapop) assina o blog Coisa Pop

Leia também
– “Como Ser Legal” , de Nick Hornby, por Marcelo Costa (aqui)
– Nick Hornby, o pensador do pop (aqui)
– Disparos do Front da Cultura Pop, Tony Parsons, por Marcelo Costa (aqui)

6 thoughts on “Livros: Um Dia, de David Nicholls

  1. Se alguém quer me fazer correr de um livro, é vir com esse papo de literatura pop e elogias de Nick Hornby na capa. Não que eu não tenha adorado Alta Fidelidade mais de uma década atrás, mas já deu. Tem tanto livro bom pro cara ler, que realmente acho um desperdício de tempo 99,9% destes escritores “pop”, a fórmula anda meio esgotada….

  2. Você falou TUDO que eu estava pensando. Acabei de ler esse livro e fiquei pensando se eu deveria achá-lo o máximo, de repente, por alguma coisa oculta na história que eu não entendi, pelo modo de o autor descrever as transições da vida dos personagens, etc… Pensei: “Será que só eu que não achei grande coisa?”
    O livro tem uma leitura atraente que deixa o leitor na torcida pelo casal, mas o final é triste, o livro é melancólico e eu realmente não achei nada de “SENSACIONAL” como está na capa do livro.

  3. Este livro é sensacional. As pessoas com um pouco menos de sensibilidade realmente não poderão perceber isso, já que a maior qualidade desse livro é justamente a sutileza. Eu li as mais de 400 paginas dele de um dia para o outro, de tão ávido que estava pela leitura. Por mais eu eu admire do Scream & Yell, a opinião do Nick Hornby com certeza se aproxima mais do meu gosto literário do que a opinião de vcs.

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