Pornopopéia, de Reinaldo Moraes

por Maira Reis

Leitura e emoção são duas coisas que não conseguem se separar quando se tem um livro em mãos. A cada página virada há uma reviravolta dentro de si; amor em alguns momentos e ódio em outros. Chega-se ao desejo máximo, em alguns casos, de jogar “o bendito” livro na parede.

“Pornopopéia”, de Reinaldo Moraes (Editora Objetivo) é um romance divido em duas partes que descreve as aventuras de um anti-herói chamado Zeca – ou Zé Carlos.

A primeira é mais enfadonha pela descrição onomatopeia, ou melhor, pornôtopeia de seus pseudos envolvimentos amorosos em parceria com bebidas e drogas. Já a segunda parte é praticamente uma briga de cão e gato, no qual a polícia procura Zé Carlos por causa de um assassinato que ele não cometeu.

Há também um enredo secundário em que Zeca tem que rodar um vídeo institucional sobre embutidos de frangos. E o final é… simplesmente aquilo que o livro sempre se pautou: um espiral de excessos de futilidade de um personagem individualista, inquieto e chato.

Todo o texto do livro é bem fluido e o autor tem uma grande abrangência de vocabulário, usando muitas vezes de uma linguagem bem coloquial. Há também uma exacerbada criatividade expostas em máximas e trocadilhos proferidos pelo personagem, por exemplo:

“Amar o mar
Mas o mar
Quis me matar”.

Em muitos momentos, “Pornopopéia” lembra os escritos censurados de Adelaide Cararo pela imensidade de pornografia que demonstra que a vida é uma futilidade sem ontem, hoje e amanhã. Para quem quer um subterfúgio para a realidade, “Pornopopéia” é o livro perfeito, porém, quem gosta de literatura mais trabalhada talvez não se encante– mesmo com a ovação da crítica e com seus prêmios.

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– Maira Reis é jornalista. Assina o blog Cleopatra Faz Oral e a coluna Tea and Cookie

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Trecho

“Vai, senta o rabo sujo nessa porra de cadeira giratória emperrada e trabalha, trabalha, fiadaputa. Taí o computinha zumbindo na sua frente. Vai, mano, põe na tua cabeça ferrada duma vez por todas: roteiro de vídeo institucional. Não é cinema, não é epopeia, não é arte. É – repita comigo – vídeo institucional. Pra ganhar o pão, babaca. E o pó. E a breja. E a brenfa. É cine-sabujice empresarial mesmo, e tá acabado. Cê tá careca de fazer essas merdas. Então, faz, e não enche o saco. Porra, tu roda até pornô de quinta pro Silas, aquele escroto do caralho, vai ter agora “bloqueio criativo” por causa dum institucionalzinho de merda? Faça-me o favor.

Ok, chega de papo. É só dirigir a porra da tua mente pra nova linha de embutidos de frango da Granja Itaquerambu. Podia ser qualquer outro tema, os cristais de Maurício de Nassau, a cavalgada das Valquírias, a vingança dos baobás contra o Pequeno Príncipe. Que diferença faz? Pensa que são embutidos de frango do Nassau, a cavalgada das mortadelas, a vingança dos salsichões contra o Pequeno Salame. Pensa no target do vídeo: seres humanos a quem coube o karma nesta encarnação de vender no atacado por produtos da Itaquerambu. Pensa no evento em que o teu vídeo vai passar – vários eventos, aliás, todos no mesmo dia em todas as filiais do Brasil. Os seres humanos vendedores de embutidos verão teu vídeo e serão apresentados aos salsichões, ao salame e até à mortadela de frango, heresias saudáveis em matéria de junkyfoof que a Itaquerambu vai lançar no mercado. Mesmo a tradicional salsicha e a insuperável linguiça de frango vão ser relançadas com outra formulação, segundo elas dizem. Quer dizer, em vez do jornal reciclado de praxe, os putos vão adicionar algum tipo de pasta de lixo orgânico pasteurizado na mistura, imagino, mais uma contribuição da Itaquerambu para um planeta saudável.

Porra, mas eu sou cineasta, caralho. Artista. Não nasci pra rodar vídeo institucional. E de embutidos de frango, inda por cima, caceta!

Calma, calma. Pensa que o teu vídeo será visto “de Passo Fundo a Quixeramboim”, do Rio de Janeiro a Corumbá”, como disse o Zuba, ao sentir minha reação pouco eufórica diante do tema. “E capricha na linguagem brasileira universal, tá?”, foi o que ele me pediu, como se linguagem brasileira universal fosse uma das opções do Final Draft ou do Magic Screen Writer. Você clica em LBU e seu texto será entendido nos pampas, serrados, praias, selvas, semi-áridos e caatingas do pais, sem contar os aglomerados urbanos e seus múltiplos guetos. Teu único filme de cinema até agora, por exemplo, nunca passou em tantos lugares ao mesmo tempo. Na caatinga, por exemplo, nunca foi visto. Não que se saiba.”

31 thoughts on “Pornopopéia, de Reinaldo Moraes

  1. Pô, que resenha eh essa. Que coisa mais primal. A qualidade deste textos tem caído, caído caííííííído… MEGA FAIL SCREAM YELLL. “i´m Hassan i sabbah and rub out the word forever”

  2. Ao mais extremo oposto destas linhas acima (não dá pra chamar isso de resenha), Pornopopéia é simplesmente do caralho. E dica: saiu agora pela Má Companhia uma reedição de Tanto Faz, que vem junto com Abacaxi. Ambos estavam fora de catálogo há um tempão. Reinaldo Moraes manda muito.

  3. “Literatura mais trabalhada”? Nossa, Pornopopéia tem um dos textos mais bem trabalhados da literatura brasileira dos últimos anos. É um linguagem inventiva, um jorro poético dos melhores. Sem contar a pegada rock and roll, que nãao costuma acompanhar muito esse tipo de obra. O Reinaldo ficou uns 30 anos longe do romance, mas voltou com uma daquelas obras que se imporão como singulares num futuro próximo. Considerei a crítica superficial, naquilo que o T.S. Eliot chamava de falácia do sentimento. No entanto, ao final há esse negócio da “literatura mais trabalhada” e “um subterfúgio para a realidade”. Se o livro desagradou tanto, como parece ser o caso, poderia ter abandonado no meio (direito de todo leitor, segundo Pennac). No caso de ter sido uma leitura por obrigação, poderia ter apresentado argumentos mais embasados e sólidos para não ter “gostado”. Vamos esperar o próximo livro e texto.

  4. Olá, gente.

    Bem…Vamos pontuar algumas coisas.

    Eu vi o Reinaldo Moraes na FLIP do ano passado e achei ele sensacional. Achei, tanto que comprei várias edições e distribui para vários amigos. Fui uma pessoa que era uma defensora máxima do “Pornopopéia”. Nunca li o livro por obrigação, aliás nenhum.
    Mas ao ler, comecei e parei várias vezes. Primeiro pensei que meu momento de vida não abarcava tal romance, mas depois cheguei a legítma conclusão é que eu realmente não gostei do livro.
    Acho sim que é um romance que não está tão trabalho, mesmo, como disse, com um vocabulário e narrativa fenomenal. É chatíssimo. O personagem só fica em sexo, drogas e pronto. Então quem quer ler: beleza. Eu não gosto deste tipo de romance e pronto.
    Simplesmente não gostei.
    Mas quem gostou, parabéns! É o estilo e o gosto de cada um. Respeito.

    Até mais,
    Maira Reis

  5. Curioso como as pessoas confundem um personagem literário (Reinaldão é um grande personagem) e literatura. Tem gente que acha que palavrão e mau humor são suficientes para garantir um verniz de “ousado” e “maldito”, mas até aí, é o tipo de gente que acha que a intensidade de vida se mede pelos litros de vômito a cada manhã.
    Bela resenha, moça.

  6. Não acho que a função seja esculachar. mas o que percebi no texto, foi que a ‘opinião pessoal ficou acima de uma análise crítica mais embasada. não dá para falar de reinaldo moraes, autor de dois livrinhos bem legais nos anos 80 (tanto faz e abacaxi), sem pensar na influencia da literatura beat, nos textos de bukowski, no clima da brasiliense e da LPM, na poesia marginal dos anos 70 etc. junto a marcelo paiva, caio fernando abreu, leminski, entre outros, moraes deu o pontapé para a literatura pop nacional, antes que isso se tornasse moda. para uma análise bem legal, mas legal mesmo sobre pornopopéia, sugiro o texto do mario sergio conti na piauí.

  7. Olá, Ismael.

    Eu acho que seu comentário tem fundamento, porém também acho que você misturou estilos diferentes, mas muito diferentes.
    Podemos dizer que os livros dos anos 80 são bem mais embasados e tem uma carga de literatura bem mais profunda da que está sendo feita hoje.
    Não dá para comparar a poesia (principalmente o estilo de escrita), por exemplo, do Caio Fernando Abreu com Reinaldo Moraes. Qualquer pessoa poderá ver a diferença imensa nos textos.

    Quer ver???

    “E se eu mudasse meu destino num passe de mágica? (…) Estranho, mas é sempre como se houvesse por trás do livre-arbítrio um roteiro fixo, pré-determinado, que não pode ser violado.” (Caio Fernando Abreu).

    Diga-me qual é a intensidade de palavrões nesta frase??? Compara com texto do Reinaldo???

    Vou usar do comentário do Léo Vinhas acima:

    “Tem gente que acha que palavrão e mau humor são suficientes para garantir um verniz de “ousado” e “maldito”, mas até aí, é o tipo de gente que acha que a intensidade de vida se mede pelos litros de vômito a cada manhã”.

    Uma coisa é literatura, como disse, “mais trabalhada” e outra coisa é usar de palavrões para fazer uma história. As duas coisas são literaturas? Sim. Em estilos diferentes e cada um tem seu leitor. Cada um que goste de determinado estilo sempre respeitando o gosto alheio.

    Abraços,
    Maira

  8. Bom, Caio Fernando Abreu tem vários textos cheios de palavrões. Um chegou a ser censurado pelo Estadão por causa disso. Caio era admirador de Reinaldo Moraes. chegou a dizer que Tanto FAz era um livro subestimado pela crítica. Os dois chegaram a ser da mesma editora num mesmo pacote, que era o da cantadas literárias, voltada para uma literatura mais pop. os dois chegaram a fazer noites de autógrafos juntos. Eram amigos de Ana Cristina César, que até aparece como personagem rápido em Abacaxi, de Moraes, e em alguns contos do Caio. Enfim, pode não parecer, mas há mais similaridades do que vc imagina entre os dois. Falo isso como admirador de ambos. De Caio fiz até minha dissertação de mestrado.

  9. Então, eu na real nunca li o cara. E pelo trecho postado do livro, também não achei grande coisa (óbvio, o que não me dá qualquer parâmetro para analisar com consistência esta obra ou a produção do cara), um estilo pseudo-beat meio requentadão, cansado, sem brilho. No entando, independente do livro ser bom ou não, se vale a pena ou não, achei que a resenha foi muito pobre, apresentando poucas idéias que não são desenvolvidas. Crítica literária tem que ser mais do que isso, seja pra louvar ou detonar…

  10. “…gente que acha que a intensidade de vida se mede pelos litros de vômito a cada manhã.”

    Grande frase do Leo, acho eu. Se a Maíra tivesse escrito algo assim, até respeitaria mais sua crítica (comparar Pornopopéia com Adelaide Carraro é que não dá, sorry!)!!!!!!!!!

    Parece que tem gente que quer ver em Reinaldo Moraes um Bukowski ou um Henry Miller…
    As influências bem provavelmente são essas, mas calma lá…
    Reinaldo oferece diversão e, quem sabe, algum aprendizado… Nada mais…

    Se Pornopopéia foi elogiado pacas por aí, a culpa não é dele, é da mediocridade generalizada. E lendo esta crítica, temo que, jornalisticamente, da ruindade totalizada.

  11. Olá, Fabrizzio

    A minha comparação de Reinaldo Moraes com Adelaide Carraro é que ambos são escritores que ao lançarem determinadas publicações promoveram um tipo de questionamento, e é a qual volto a perguntar:
    – Isto é literatura???
    Sim, se Reinaldo Moraes foi aplaudido pela crítica é porque ele tem seus méritos, porém não acho que seja por aí que se faça um bom livro (isto é o que eu acho). Ele com certeza tem seu público que o adora e acompanha todos os seus escritos. Isto não quer dizer que tenha que fazer uma crítica, mesmo que algumas pessoas acham que ela esteja pobre, aplaudindo este seu lançamento.

    Até mais,
    Maira

  12. Olá Ismael Machado

    Boa tarde!

    O Caio Fernando Abreu pode ter realizado tudo isto que você falou com o Reinaldo Moraes. Como você é um estudioso deste escritor deve saber bem mais profundamente determinadas informações.
    Mas é uma coisa que não tem nada a ver com a outra. Digo, literariamente.

    Por exemplo, eu posso aplaudir o Alexandre Frota de pé. (não quero comparar qualquer um dos escritores de nossa conversa a um Alexandre Frota; não me entenda mal, por favor!!). Posso gostar do que ele fala e até fazer uma revista junto com ele. Ok, existe aquele ditado: “Diga-me com quem andas e eu te direi quem tu és”. Só que isto me faz encaixar no estilo do Alexandre Frota. Sempre vou amar o Alexandre Frota? Tem tantos escritores que se unem para fazer determinadas publicações e lançamentos só por causa do mercado editorial. Eu sei o que estou dizendo, faço críticas para a livraria Saraiva.

    Hoje faço uma crítica negativa de um livro que não gostei, mas daqui alguns anos posso lê-lo e amá-lo. Existe aquele famosa frase de Heráclito: “Não se pode percorrer duas vezes o mesmo rio”. E livro é assim… Não consegue ler um livro pela segunda vez e ter a mesma opinião.

    Como disse, eu também AMEIIII o Reinaldo Moraes na FLIP do ano passado. Vi a palestra dele e saí de lá doida, com várias volumes do “Pornopopéia”. Mas não sei o que aconteceu. Hoje simplesmente eu não gosto. Você de um lado admira; eu do outro não. Fazer o quê??? São opiniões (que um dia poderá mudar, quem sabe?).

    Abraços e até mais,
    Maira

  13. O Caio era grande admirador do Reinaldo mesmo. E não dá para ficar comparando trechinho de obras. Eu considero o Caio muito mais escritor do que o Reinaldo, mas nem por isso o Pornopopéia deixa de ser um ótimo romance. Continuo considerando a discussão muito pobre, com argumentos primários literariamente. Gostei de muito do que o Ismael falou.

  14. Olá, Rogério

    Não é comparação é demonstração. Comparação poderíamos fazer através de uma tese acadêmica.
    Concordo com você que o texto não deve ter ficado bom, mas continuo com minha opinião de não ser um excelente romance. Enfim….cada um tem um gosto literário, não é?
    Até mais,
    MAIRA

  15. Maira, eu não discuto o fato de você ter gostado ou não do livro. Isso de fato, é questão subjetiva de gosto. Se bem que eu acho que uma análise literária deve ir além da questão do gosto, como citei o T.S. Eliot no meu primeiro post. Acabei de ler o A Visit from the Goon Squad, da Jennifer Egan, que trata de vários assuntos similares ao Pornopopéia, mas de forma bem diferente. É um livro com mais variações narrativas e de certo modo, mais envolvente e interessante, sem toda a escatologia do Moraes. No entanto, cada obra é singular e possui sua estrutura interna. Não adianta ficar comparando ou “demonstrando”. Boa parte do que você falou sobre o Reinaldo se aplicaria ao Caio de Pela Noite, apesar das difereças dos dois textos. No mais, não vejo problema em você escrever uma resenha mais impressionista, se apoiando apenas na questão do gosto pessoal. Mas nesse caso, as razões deveriam ser mais sólidas. E isso pode ser feito sem a necessidade de uma tese acadêmica. Trocando em miúdos, faltou tesão no falar mal. Se o livro desagradou tanto, era a hora de bater pra valer. No final, você não explicou muito da obra e ainda criou dois tipos de literatura, uma bem trabalhada e outra não. Além de isso ser bem arbitrário, não corresponde à verdade no que diz respeito ao Pornopopéia. Podemos gostar ou não, mas negar que a obra é bem trabalhada esteticamente fica meio difícil. Uma profusão de palavrões, escatologia e sexo não são suficientes para rebaixar uma obra. Esse foi o material e o universo que o Reinaldo elegeu para trabalhar e a maneira que realizou isso é que deve ser analisada. Não se isso é mais ou menos literatura do que Dostoiévski, Kafka, Henry James ou Flaubert. Não foi isso que o Reinaldo tentou fazer, portanto não pode ser cobrado em comparação ou “demonstração”. E segundo as suas respostas, fica parecendo que os que gostaram do Pornopopéia e/ou não gostaram da sua crítica só gostam desse “tipo de livro” ou literatura. No meu caso, gosto de livros e literatura. Pornopopéia sim, mas também Reparação, Crime e Castigo e Os Dragões não Conhecem o Paraíso, por mais diferentes que sejam. É o que eu procuro em literatura, ser exposto a diferentes vidas, realidades e realizações estéticas. E mesmo não concordando com determinado personagem ou livro. O universo do Zeca, tirando o cinema e o rock and roll, não poderia ser mais diferente do meu, mas isso não me impediu de embarcar na viagem que o Reinaldo engendrou. Abraço.

  16. Acho que o o rogerio explicitou muito do que eu penso. É tipo assim: eu, ismael, não gosto de bossa nova, mas reconheço que jobim e gilberto são geniais. Mas não me bate, não me toca. Só que isso é gosto pessoal. Há uma linhagem literária, que vai de Henry Miller a Moraes, passando por Bukowski, Kerouac, Marcelo Mirisola, Edyr Augusto etc…que utiliza esses elementos. é como o teatro de Plinio Marcos. É teatro, dos bons. e recheado de palavrões.

  17. É isso aí, Ismael. Tenho o mesmo problema com a bossa nova que você. Agora, será que toda uma geração de grandes músicos de jazz americanos estão errados em considerar Jobim e Gilberto gênios? Eu entendo que o João Gilberto é de um refinamento ímpar. Não me diz nada, meu coração está mais para Neil Young e Bob Dylan. Mas essa preferência pessoal não desqualifica esteticamente a obra do João Gilberto. Diz mais sobre mim do que sobre a obra do João Gilberto. Acho que como consumidores de arte até podemos ter todos os preconceitos e gostos do mundo, mas quando resolvemos escrever sobre algo, isso não é suficiente. O que você falou sobre a linhagem do Reinaldo é perfeito também. Poderia acrescentar também a série Californication, que claramente é inspirada na obra do Bukowski. Muitos não gostam da série por considerá-la escatológica, pornográfica, acreditando que por trabalhar esse tipo de material seria menos complexa. E o Hank Moody também sai transando, bebendo e consumindo todos os tipos de drogas disponíveis. Mas em meio a tudo isso, quanta poesia não há. A literatura é muito maior do que os temas.

  18. Olá, meninos.

    Vou responder aos dois, Ismael e Rogério, em conjunto,ok? Desculpa-me minha ausência na discussão e demora na resposta.

    Eu mesmo disse, em um dos meus comentários, que se a crítica gostou do livro e ele, o Reinaldo, deve ter uma grande parcela de pessoas que gostaram de seu livro . Eu não gosto e pronto. Aliás, não gostei da obra. Mas reconheço seu valor literário. Ah, também disse que não é só porque não gostei deste que não posso gostar de outros livros que o Reinaldo publicou ou publicará.
    Inclusive, esta semana aconteceu algo bem interessante. Estava na fila do cinema e um menino estava lendo “Pornopopéia” na minha frente para mais duas pessoas. Uma delas estava criticando o livro e outra adorando. E eu, do lado deles, observando toda cena. Por incrível que pareça, a menina que detestou citou meu texto. Fiquei quieta só ouvindo a discussão. Acho que livro é para isto mesmo: discutir e rediscutir.
    Como você, Rogério. Sou apaixonada por livros e isto me faz viver. Descobrir novos autores, redescobri antigos, amar determinados textos e odiar outros são algumas das minhas funções como jornalista literária.
    Quanto à minha crítica ao texto, se vocês acham que faltou argumentos para fazê-la de maneira que faltou “tesão no falar mal”, acho que faltou mesmo. Eu reconheço e explico o porquê.
    Antes de escrever este texto, já tinha escrito mais outros dois com argumentos mais sólidos e achei que estava pegando pesado. É engraçado. Quando você acha que está pegando pesado demais talvez não esteja. Mas quando acha que ficou bom está faltando algo, não é estranho??? E se eu publicasse os outros textos talvez estariam bom uma boa crítica??? Vai saber…

    Obrigada pela discussão. Adoro e vocês estão sendo sensacionais.

    Abraços,
    Maira

  19. Legal, Maira. Há alguns textos da Pauline Kael e do Paulo Francis que descordo plenamente, e ao mesmo tempo considero bem interessante. Servem como diálogo, entendo mais ainda o motivo de ter gostado. Por exemplo, o Paulo Francis escreveu certa vez sobre o Pynchon, falando da importância dele e de como as suas obras eram recebidas no meio intelectual norte-americano. E quando foi dar sua opinião sobre a obra, disse que não havia lido por “ser muito velho para ler história em quadrinhos”. Eu dei uma risada, e na hora ficou claro que dizia mais respeito aos preconceitos do próprio Francis (sem contar que também é uma bela maneira de se desculpar por não conhecer algo, rebaixando o objeto em questão). Mas o mesmo Francis, anos depois no Manhattan Connection falou maravilhas dos irmãos Coen e por conta disso aluguei todos os filmes deles na semana seguinte. Crítica é assim, uma hora você concorda, outra discorda. O importante é estabelecer um canal de diálogo. E essa oportunidade foi bacana. Abraço.

  20. Olá, Rogério.

    Sabe…Depois que eu mesma escrever aqui fiquei pensar uma coisa que queria lhe propor.
    Você mora em São Paulo – capital???
    Se sim, podemos nos encontrar??? Vamos tomar uma café e conversar sobre literatura???
    Seria bacana se você morasse aqui, acho que o encontro seria incrível.
    Aguardo a resposta.
    Abraços,
    Maira

  21. Maira, adorei o convite. Mas não moro em São Paulo. Moro em São José do Rio Preto. Semana passada estive por aí, trabalhando. Estava numa capacitação para professores de inglês. Eu costumo ser convocado para esse tipo de evento. Se bem que nesse ano estão querendo cortar um pouco isso. Quem sabe numa próxima viagem. Sinto falta conversar sobre literatura. Nos últimos meses entrei junto com a minha “namoesposa” em uma viagem pelas obras do Lourenço Mutarelli e do Marçal Aquino. Foi legal porque deu para passar horas discutindo os livros. Aliás, indico bastante esses dois autores, caso você ainda não tenha lido. Abraço.

  22. Eu receberia as piores notícias de seus lindos lábios é um baita livro do aquino. e coincidência ou não, reinaldo moraes chega hj a noite aqui em Belém para uma palestra na sexta. devo entrevistá-lo pro jornal em que trabalho. acho que vou relatar essa discussão aqui. abraços.

  23. Eu Receberia é excelente mesmo, assim como a novela Cabeça a Prêmio. Ismael, se não poder colocar a entrevista por questões de direitos autorais, poderia passar por e-mail, né? Boa entrevista.

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