CDs: Brian Wilson, Eilen Jewell e Neil Diamond

por Adriano Mello Costa

“Brian Wilson Reimagines Gershwin”, Brian Wilson (Walt Disney Records)

George Gershwin morreu em 1937 com apenas 38 anos, deixando uma coleção de canções que marcaram a música norte-americana. Brian Wilson, o homem por trás dos Beach Boys, sempre se mostrou fã, e preparou um tributo elegante e repleto de classe à obra de Gershwin. Os arranjos mostram a habitual categoria de Brian Wilson que explode com beleza nas harmonias vocais perfeitas, construídas minuciosamente. O disco passa pelo jazz e pelo clássico com “The Like In I Love You”, “Summertime” e “I Loves You, Porgy”, embarca no tradicionalismo americano em “I Got Plenty O’ Nuttin’”, encharca-se de blues em “It Ain’t Necessarily So”, veste-se de domingo nas ensolaradas “’S Wonderful” e “They Can’t Take That Away from Me”, invoca Sinatra em “Love Is Here To Stay” e entra de cabeça no R&B em “I’ve Got a Crush on You” e “I Got Rhythm”. Também encontra tempo para curtir o folk em “Someone to Watch Over Me” e cravar um delicioso rock sessentista com clima de Beach Boys em “Nothing But Love”. Classe absoluta.

Preço em média: R$ 30 (nacional)
Nota: 6,5

“Butcher Holler: A Tribute to Loretta Lynn”, Eilen Jewell (Signature Sounds)

Loreta Lynn nasceu em 1934. Eilen Jewell em 1979. Essas duas mulheres com 45 anos de diferença são as responsáveis por este excelente disco, a mais velha por servir de inspiração e a mais nova por executar de maneira forte e cheia de personalidade as 12 canções do tributo, apoiada por uma banda entrosada que crava versões rápidas e consistentes de um country rock com um pé no folk e outro no rockabilly. Já na abertura, em “Fist City”, com a guitarra soando como saída de uma jukebox do final dos anos 50, versos exaltam uma mulher forte que não vai aceitar desmandos do seu homem – por mais que o ame. Mesmo quando essa personalidade forte desaba, como em “I’m A Honky Tonk Girl”, o personagem não faz isso sem antes encher a cara em um bar qualquer. Impressiona a maneira que Eilen Jewell interpreta as letras como se ela mesma tivesse vivido os fatos narrados. Três canções merecem destaque: “Deep As Your Pocket”, “This Haunted House” ou “You’re Lookin’ At Country”. Para ouvir bebendo uísque.

Preço em média: R$ 40 (importado)
Nota: 7,5

“Dreams”, Neil Diamond (Sony Music)

Após lançar um belo disco de inéditas em 2008, “Home Before Dark”, Neil Diamond decidiu gravar um álbum de covers. Logo na entrada recria “Ain’t No Sunshine” (Bill Withers) e consegue dar uma cara interessante para um hit que já foi reinterpretado por Paul McCartney e Michael Jackson (só para ficar em dois). O acompanhamento vem luxuoso com violões, piano e pequenas orquestrações cortando o ar. Entre os acertos surgem “Blackbird” (Beatles), “Feels Like Home” (de Randy Newman em belíssima versão), “Love Song” (Elton John), “Hallelujah” (de Leonard Cohen, emocionante) e “Don’t Forget Me” (Harry Nilsson). Já “Midnight Train to Georgia” (Gladys Knight), “Yesterday” (Beatles) e “Desperado” (Eagles) ficam devendo. O melhor momento fica por conta de “I’m Believer”, sucesso dos Monkees nos anos 60 escrito pelo próprio compositor. O clima festeiro é trocado por um tom contido fazendo surgir algo novo. Neil Diamond canta com autoridade fazendo de “Dreams” um disco “desnecessário” que vale a pena.

Preço em média: R$ 25 (nacional)
Nota: 9

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Adriano Mello Costa assina o blog Coisa Pop

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