Três dias de SWU no interior de SP

Texto por Marcelo Costa
Fotos por Liliane Callegari

Três dias de música e confusão. A primeira edição do SWU reuniu  mais de 165 mil pessoas em uma fazenda de Itu, interior de São Paulo, em 72 horas de shows, entretenimento e sustentabidade, muito embora este último item tenha causado muita controvérsia. Há, de qualquer forma, um desencontro enorme entre a opinião de muitos presentes com o balanço geral da produção, que causa desconforto.

Para Eduardo Fischer, o SWU 2010 terminou sua jornada como um dos cinco melhores festivais do mundo. Muito provável que ele desconheça Rock Werchter, Isle of Wight, Fib, Rock en Seine, Bumbershoot, Primavera Sound e uma dezenas de outros. Se conhecesse não colocaria o SWU ao lado de Lollapalooza, Coachella, Reading e Glastonbury. Além de exagerada, tal colocação mostra desconhecimento do assunto.

Porém, o SWU surge com a difícil missão de se tornar o festival anual número 1 do Brasil, um país que sofre com a carência de eventos (importantes) deste porte. Mais do que condenar o festival por seus erros é preciso lhe conceder o beneficio da melhoria. É preciso, sim, registrar todas as reclamações assim como Eduardo Fischer e equipe precisam baixar o tom do “sucesso”. Fizeram um grande festival… repleto de problemas. Há muito ainda o que melhorar.

Em termos musicais foram muitos os grandes shows: Queens of The Stone Age encabeça a lista com uma apresentação arrasadora. Otto vem logo abaixo. Seu show no Palco Oi mostrou o perfeito entrosamento de sua banda e uma execução primorosa das canções. Cavalera Conspirancy surpreendeu e causou belíssimas rodas de pogo enquanto Yo La Tengo, Pixies, RATM e Josh Rouse renderam bons momentos. Abaixo, dia a dia, como foi o SWU 2010.

Que venha 2011.

DIA 1

22h40, sala de imprensa. O Rage Against The Machine está fazendo uma barulheira tão braba que as paredes de compensado chacoalham cada vez que Tim Commerford toca uma corda do baixo. Bonito de ver o pique da galera cantando e urrando as letras das músicas (houve até dedicatória especial ao MST). Seria melhor que o grande público estivesse mais perto do palco (a vergonhosa área premium é extensa e os afasta dos artistas), mas mesmo assim a turma de Los Angeles se esforçou para chegar perto dos fãs com um bom show, mas aconteceu o contrário.

Não rolou invasão, como Zack de la Rocha incentivou pelo twitter. Mas quase. Na segunda música, a muvuca era tão grande entre a galera da pista normal que Zack precisou dar um tempo e bancar o cobrador de ônibus: “um passinho pra trás, um passinho pra trás”. A barricada estava vindo para a frente, e isso aconteceu praticamente o show todo obrigando a produção a desligar o som três vezes. A banda começava a engrenar, e o som parava para o público acalmar. Fácil promover o caos quando se tem um camarim caprichado e quando se está no palco, e não espremido entre milhares de pessoas. Se acontecesse alguma tragédia alguém diria: “Isso é o Brasil”. Mas não é bem assim. Bola fora do RATM (sobre um erro do SWU, a área premium), mas o show foi bem bom.

Voltando algumas horas atrás: Mallu Magalhães (toda linda) brigou com a microfonia e fez o que pode (e ela não pode muito) no Palco Oi, mas foi o Cidadão Instigado que fez bonito. Fernando Catatau, inspiradíssimo, descontou a raiva dos problemas com o som em sua guitarra, e o público ganhou riffs fortes e empolgantes. No palco principal, Sérgio Dias enganava a plateia cantando hinos do Mutantes como “Vida de Cachorro”, “Virginia”, Fuga Nº 2?, “Top Top”, “Minha Menina”, “El Justiceiro”, “Balada do Louco” e “Ando Meio Desligado”. Bom momento: a boa versão de “A Hora e a Vez do Cabelo Nascer”.

Já o Los Hermanos começou com “Além do Que Se Vê”, engatou em “Todo Carnaval Tem Seu Fim” e “Retrato de Ia Ia” prometendo uma noite antológica. E, de certo modo, foi… até a dobradinha “O Vencedor”/”Cara Estranho”, está última em versão enfezada, barulhenta, roqueira (melhor que show inteiro que a banda fez em 2008 abrindo para o Radiohead em São Paulo). Porém, depois desse momento de beleza roqueira, a banda decidiu colocar o público para dormir e o show ficou chatão. Ninguém chegou a roncar, e a maioria acordou para cantar “Sentimental” e pular em “A Flor”, mas ficou no ar a sensação de “eles podem mais, só não querem”.

O saldo desse primeiro dia (não rolou de ver Superguidis, Curumin e Apples in Stereo – coisas de festival, mas Cidadão valeu) foi ok. Se musicalmente o festival está devendo (e deve continuar, mesmo com a promessa dos grandes shows da segunda-feira), a estrutura está funcionando dentro do possível. Ainda é preciso disponibilizar mais caixas (as filas estavam imensas) e encontrar uma saída para o problema “área premium” (segunda tem QOTSA, tenso), mas tudo segue dentro dos conformes possíveis na Fazenda Maeda (até a saída do público: leia aqui).

DIA 2

Programação reduzida para o segundo dia do Festival SWU. Após o drama da volta na madrugada do primeiro dia, que terminou com o sol nascendo na estrada para Cabreúva após cinco horas de viagem (três dentro de um ônibus), shows que estavam na pauta foram deixados de lado (Tulipa Ruiz e Rubinho Jacobina) e a concentração foi feita nas apresentações que realmente valeriam a pena todo o esforço de chegar ao festival: Regina Spektor e Otto.

Regina, como muita gente tinha previsto (bola cantada, bola cantada), pareceu pequena para o palco principal. O show foi bom, ela tem uma grande voz, mas na área premium ninguém estava entendendo o que estava acontecendo no palco. Pareciam estar assistindo a um DVD, e não a um show pop. Uma pena, pois Regina Spektor merecia mais. Se fizesse o show no Palco Oi, por exemplo, poderia sair consagrada.

Otto, por sua vez, tocou no Palco Oi e lotou a tenda mostrando a excelente fase de seu trabalho solo ancorado no excelente disco “Certa Manhã Acordei de Sonhos Intranqüilos”. Mais de duas mil pessoas cantando, urrando e dançando canções como “Filha”, “Janaina”, “Dias de Janeiro”, “Tente Entender”, “Ciranda de Maluco” e uma inspirada versão de “Saudade”, parceria do cantor com Fernando Catatau e Julieta Venegas.

A Jambroband, banda que acompanha Otto, vive sua fase mais inspirada no palco. A sequência de shows harmonizou o quinteto instrumental com os percussionistas e a mistura de sons está simplesmente chapante. Fernando Catatau e Junio Boca estão cada vez mais bem entrosados na guitarra, Ryan segura tudo no baixo, Bactéria coloca o molho nos teclados e Pupillo é um monstro na cadência e nas inflexões da bateria.

Os dois cavalos de batalha (temático e musical) do último disco, “Crua” e “Seis Minutos”, surgiram em versões sublimes, eternas, consagrando Otto que, mais uma vez, entregou-se a discursos nonsense, elogiou o festival, a sua banda e perguntou ao público: “Vocês estão gostando do show?” Ante a resposta positiva, cravou: “Então contem para os amigos. É assim que funciona”. No boca a boca, Otto fez outra vez o show do ano.

Ainda teve a “aparição” de Joss Stone no palco principal (um amigo jornalista definiu: “Até as axilas dela são bonitas”), mas o dia já estava ganho. Optamos por cabular o pop Vila Olímpia da Dave Matthews Band e o rock fracote do Kings of Leon para chegarmos à Pousada antes do sol nascer. Funcionou. Praticamente com o estacionamento lotado (e 70% do público ainda no festival), deixamos o local sem traumas. Antes da meia-noite estávamos em Itu assistindo ao Kings of Leon na barraquinha King Lanches (um local perguntou: “Isso é rock?”. Diz muito). Até abriu o apetite rock and roll para Pixies e QOTSA, no dia seguinte.

DIA 3

Frente às reclamações e histórias da noite assustadora do primeiro dia, a organização conseguiu que a polícia liberasse uma via antes fechada para melhor escoamento do trânsito, colocou mais pessoas informando os locais corretos de embarque para cada destino e 40 ônibus a mais do que na noite anterior (eram 80 e passaram a 120). Como optamos por ir de carro e saímos antes do batalhão de público ao termino do último show, não podemos afirmar se funcionou ou não, mas fica registrada a tentativa da produção em evitar repetir os erros do primeiro dia.

Para o terceiro dia não alteramos o modus operandi do dia anterior. Fomos novamente de carro, estacionamos no local e saímos antes do último show. Chegamos em tempo de pegar metade do belíssimo show de microfonia do Yo La Tengo. Teve “Sugarcube”, “Tom Courtenay”, “Autumn Sweater” e “Pass the Hatchet, I Think I’m Godkind”, 15 minutos de barulho para fã nenhum de rock botar defeito (com exceção dos fãs do Linkin Park, que vamos combinar, não entendem de rock).

Na sequencia, Max e Iggor promoveram a maior, melhor e mais bonita roda de pogo do festival ao tocar hinos do Sepultura como “Refuse/Resist” e “Roots Bloody Roots”, que levantou poeira (ainda rolaram “Atittude” e “Troops of Doom”), com o Cavalera Conspirancy. Tocaram também canções do álbum “Inflikted”, como a faixa título mais “Sanctuary”, “Terrorize”, “Hex”, “Ultra-Violent” e um número inédito, “Warlords”. Do meio do pista normal, os ex-parceiros Paulo Jr. e Andréas Kisser assistiam ao show. Reunião do Sepultura à vista?

No palco Oi, acompanhado apenas de baixolão e violão, Josh Rouse fez um show intimista e bonito, mas sofreu com um problema comum nesta primeira dia edição do SWU: o mau posicionamento dos palcos (estrutura é um erro grave em um evento deste porte) fazia com que o som vazasse para os outros. O público que ouvia o Yo La Tengo, em momentos mais calmos, percebia o som do Autoramas chegar ao palco principal. E Josh, em show acústico, lamentou: “Vocês conseguem nos ouvir com essa música eletrônica?” Canções delicadas como “Come Back”, “Valencia”, “My Love has Gone”, “Carolina”, “Sunshine”, “Streetlights” e “Love Vibrations” mereciam mais respeito.

Com um atraso inaceitável de 50 minutos, o Queens of The Stone Age subiu ao palco para tocar para uma área Premium tomada por fãs do Linkin Park. O show demorou a engrenar – com problemas visíveis na iluminação, nos telões e na superlotação da área – mas Josh Homme encontrou o caminho para fazer o melhor show do festival. Dois clássicos modernos logo de cara (”Feel Good Hit of the Summer” e “The Lost Art of Keeping a Secret”) mais um punhado de números matadores (”3’s & 7’s”, “Sick, Sick, Sick”, “Monsters in the Parasol”, “Little Sister”, “Go With The Flow”) que culminaram numa versão majestosa de “No One Knows”, a melhor música do melhor disco do QOTSA. Levou a medalha de ouro.

Entre jornalistas, o comentário era de que o Pixies iria ter que suar para bater o Queens. Mas suar pelo Pixies é um verbo que Frank Black não conjuga mais. A banda ícone enfileirou hits (“Debaser”, “Wave of Mutilation”, “Velouria”, “Monkey Gone to Heaven”, “Planet of Sound”, “Where Is My Mind?” e “Gigantic”) e tocou o álbum “Doolittle” praticamente inteiro (faltaram apenas quatro das 15 faixas: “Silver”, “Dead”, “There Goes My Gun” e, ausência mais sentida, “I Bleed”), mas sofreu com um som embolado e, em momentos mais calmos, parecia tocar em marcha lenta (“Here Comes Your Man”, por exemplo).

Frank Black estampava uma vontade de tocar tão contagiante que se um boneco estivesse em seu lugar não faria diferença, mas são tantos hinos, tantas canções boas, que ele merece o dinheiro que ganha (hoje em dia). Ele é a mente doentia por trás de uma das grandes bandas da história, mas não à toa, o grande momento do show foi ouvir Kim Deal mandá-lo se foder (mesmo brincando) no único espaço em que a baixista pode chamar de seu no show, “Gigantic”. Bonito. Cortinas cerradas. Ainda tinha Linkin Park e Tiesto, mas a festa já tinha terminado – para nós.

Há muito ainda o que falar do SWU, um evento que ofereceu um punhado de shows legais, mas que teve uma porção de problemas na produção. Apesar de Eduardo Fischer, em pequena coletiva na sala de imprensa, colocar o festival entre os cinco melhores do mundo, falta muito para o SWU entrar num top 100. Qualquer festival minúsculo da Bélgica (o país mais pródigo em realizar bons festivais – é só consultar o Prêmio Arthur para conferir) deixa o SWU para trás.

Reconhecer os erros é um mérito que pode melhorar o planejamento para a edição de 2011. O bom número do público reforça a idéia de sucesso do evento, mas não basta (ou não deveria bastar) levar 165 mil almas para uma fazenda no interior de São Paulo e considerar isso como uma vitória: é preciso tratar essas pessoas com respeito, dar-lhes formas de se alimentar e assistir aos shows de forma prazerosa (entretenimento deveria ser prazer), e condições para que cada uma voltasse para sua casa, barraca ou hotel de forma decente, sem riscos.

Por outro lado é preciso saudar o surgimento de um festival que pode vir a ser o melhor festival sul-americano em quatro, cinco anos. Houve sim problemas (até relatados neste espaço) e serão necessários muitos ajustes para as edições vindouras, mas o Brasil sentia falta de um grande festival anual no formato dos melhores eventos europeus e norte-americanos. Acontece que Europa e Estados Unidos estão 10, 20, 30 anos à frente do SWU no quesito produção. A equipe de Eduardo Fischer precisa aprender com os erros e mirar um futuro em que o show, a música, o fórum sejam notícia, não os problemas. Retuitar apenas os elogios soa cinismo. O público, no entanto, fica no aguardo.

Leia também:
– “A insustentável leveza de A Fazenda”, por Marco Antônio Bart (parte 1 e parte 2)
– “O que foi o SWU? Principais problemas e sugestões”, por Isabele Ianelli (leia aqui)
– “Eu acampei no SWU”: Elson Barbosa conta a aventura de três dias (leia aqui)
– “Balanço do SWU 2010: pontos positivos e críticas”, por Rodrigo Levino (leia aqui)
– “Uma madrugada de caos no SWU”, por Marcelo Costa (leia aqui)
– “SWU e as contradições de quem vê sustentabilidade como marketing“ (leia aqui)

Todas as fotos por Liliane Callegari com exceção das fotos 1 e 2 (por Marcelo Costa) e 12 (Yo La Tengo, Divulgação SWU)

18 thoughts on “Três dias de SWU no interior de SP

  1. Boa Marcelo (e Liliane pelas fotos):
    Também acho que era necessário um festival desse porte no Brasil e que seria muito bom que as pessoas responsáveis por isso sejam mais auto críticas e vejam que é necessário que para o ano que vem uma série de melhorias.
    Se eu tivesse o poder da clarividência não teria passado por vários perrengues nesse feriadão, mas também perderia shows sensacionais como o do QOTSA.

  2. O QotSA foi fodaço, mais quase uma hora de atraso e quase meia hora de show a menos é triste né. Mais triste ainda é a banda tocar metade de uma música com o telão azul. Pra quem estava perto passou, mais pra quem estava mais longe o telão do meio fez falta e muita inclusive no outro palco (dai o twitte meio sem nexo sobre maldição do queens no Brasil). Era pra fechar o festival sem sombra de dúvida.
    Pixies foi bem bom (bem mesmo), esperava mais frieza. O Frank Black até entrou no palco animado (comparando com outros you tube’s), a Kim foi a tia do lanche gente fina do colégio. O “bis” se não emocionou chegou perto em where is my mind (ah e não teve telão central também).

    Fora o problema dos telões desligados nos dois shows “principais”, as imagens dos telões laterais eram muito mal selecionadas. Vários casos de momentos do baixo ou da bateria e a imagem na guitarra, ou mesmo o contrário.
    Acabou o Pixies acabou o swu, saída bem tranqüila nesse horário. Ouvi ao longe alguma coisa que não deveria estar ali.

    (Ps. Te mandei um outro twitte que até apaguei, sem sentido algum sobre ir de ônibus e etc, mal mesmo, estava falando no tel e escrevi o que falei nem vi que tinha enviado)

  3. QOTSA, RATM, Pixies, fizeram ótimos shows !
    Tiveram muitos problemas, preços abusivos de alimentos, área premium, poucos caixas e tantos outros já citados.
    Mas eu fui de excursão e funcionou perfeitamente, os ônibus ficavam bem do lado da entrada, era bem sinalizada essa área e não tivemos nenhum problema com o embarque.
    O pessoal reclama da cerveja no copo, mas toda vez que eu peguei cerveja, sempre tentei usar o mesmo copo. Enfim, pra tudo na vida precisamos de experiência, somente tentando, fazendo e aprendendo que ficaremos bons, dúvido que qualquer outro festival no mundo tenha sido ótimo de primeira.
    Como você disse…é pegar as criticas construtivas e partir para uma próxima edição tentando sempre o melhor para o público, pq definitivamente precisamos de festivais desse porte todos os anos, não é todo mundo que tem o privilégio de poder assistir festivais em outros países.
    Saio feliz com os shows que decidi ver e espero ansioso pela próxima edição com mais acertos do que erros dessa vez, se possível.

  4. como sempre, muita lucidez nas palavras.
    pra ser sincero, achei o festival melhor do que eu esperava. não me espantaria se fosse ainda mais caótico, hehe.
    lá dentro, as filas eram grandes, mas tinha cerveja vendendo nas caixinhas por todo o festival. isso foi bom. ruim mesmo era pra comprar comida. perrengue.
    eles realmente melhoraram a saída nos outros dois dias, pude comprovar. e o som da tenda eletrônica atrapalhou muito em alguns momentos, principalmente no show da Regina Spektor, que estava com o som nitidamente mais baixo do que as outras atrações.
    enfim, no final de tudo, espero que realmente tenhamos um SWU 2011 com mais acertos do que esse, mas acho que estamos em um bom caminho.
    ah, belas fotos tb! =)
    abraço!

  5. Parabéns pelo texto Marcelo, muito bom com certeza, mas a sequência de problemas com equipamentos e telões nos últimos shows do dia 11 foi foda, a segurança tocou o terror no festival, revista por policiais e na hora de entrar separaram homens das mulheres, bem dava pra ver a desorganização na hora da revista pois nas filas podia se ver nitidamente no chão: pacotes de bolachas, preservativos, desodorantes, chicletes, balas e sedas pelo chão.
    E uma fila interminável pra entrar, meu deus porque não abriram os portões umas 2 horas antes da 1ª banda. (fica a dica), com os erros aprendemos, e melhoramos.;

    O policial que veio me revistar nem se deu ao luxo de querer saber se eu tinha drogas, eu simplesmente disse que na minha mala tinha blusas, e capas de chuvas, minhas e da minha namorada. Que naquele momento devia estar sendo revistada num outro canto da entrada do festival. Mas beleza entrei de boa com as minhas coisas, bolachas e castanhas do pará, pra dar uma energia sem problema.

    Depois foi só alegria, mesmo com preços absurdos em relação as coisas de beber com 365ml, ver o Yo La Tengo sentado na grama e viajar muito, depois na hora do pogo com a Cavalera C. tinha uma porrada de atleticano e cruzeirenses juntos, e um monte de gente bacana na roda, maior respeito e não rolou violência, parabéns pra algumas minas que se arriscaram.

    Bem o QOTSA não me impressionou muito, dou o braço a torcer pelo Incubus e seu carisma, que foi demais de verdade, vi a apresentação do meio e foi demais, com direito ao público cantando junto! No Pixies fiquei sem palavras pra descrever a emoção, agora sim fechei 2010! Adotei a mesma estratégia de sair antes, o que facilitou muito.

    A bandeira da sustentabilidade não foi o voga do negócio na cabeça de muito usuários do festival, o que deve ter sido uma facada pro marketing do festival, mesmo apesar das sinalizações e das informações em folhetos e vídeos,
    Já no começo da noite o descaso era visto com gente jogando lixo no chão, e até mesmo do lado dos latões.

    Bem acho que falei demais, abraço a todos!

  6. Parti de São Paulo depois de uma compra de ingressos, passagens e todos os preparativos…
    A expectativa que tive em relação ao SWU foi desfeita de forma muito negativa quando cheguei à Itu.
    Como um festival deste porte movimenta a economia local…né? Prefeito?! Uma rodoviária caindo aos pedaços… para ir ao banheiro tínhamos que pagar R$0,80… não estou falando apenas do excesso de público e seu comportamento, mas do estado de conservação e infraestrutura mesmo…
    Pelo evento acontecer em uma fazenda pode-se esperar chão de terra e muita poeira… não comer terra e inalar muita poeira… enfim, do centro ao local dos shows foi mais uma saga…Ao desembarcar um verdadeiro caos com aglomeração e demora de pelo menos uma hora para conseguir entrar.
    Falta de sinalização… Só Champollion ou o Chapolin(?!) poderá nos ajudar a decifrar e encontrar o que gostaríamos. Acho que o recurso da escrita poderia ser utilizado também.
    Ao entrar no evento percebi um conceito de sustentabilidade relativo. Um labirinto de lixo sem nenhuma funcionalidade. Uma imensa quantidade de lixo no local, copos e garrafas, lixeiras muito longe uma das outras. Uma contradição.
    Os banheiros…como nós podemos definir aquilo? Preciso me recompor primeiro…
    Ficarei devendo qualquer comentário sobre alimentação oferecida pelo festival. Particularmente, me reservei o direito de escolher não comer lá. Água só tinha de “garrafa” (= gerar + lixo) e paga. Para lavar as mãos…só se chovesse. Mas aquilo ia ficar uma lama terrível…
    Querer trazer essas bandas é legal, mas misturar tribos… Não se pode esquecer que há uma diferença cultural muito grande por aqui em relação ao povo lá de fora e esse formato de festival talvez, ainda não se encaixe bem aos nossos “costumes” …
    Muitas pessoas foram para o evento só para dizerem que estavam lá. Até ai o dinheiro é delas. Estão mais interessadas em fazer contatos alienígenas com seus aparelhos móveis de superultramegagerção e aifodis do que curtir os shows. Ah, os shows…pista Premium, tipo “curto mais que vcs”, mas isso nao é verdade, “eu tenho mais dinheiro que vcs e posso ficar de costas batendo papo de quiser”… vi muitas pessoas na pista “comum” pulando, curtindo, cantando, todas as músicas de sua banda favorita, que vieram de outros estados,tentando ter uma visão mínima para que o show não fosse apenas simbólico… injustiça promovida por um marketing de exclusão que só visa o aspecto econômico. Não duvido nada se daqui a algum tempo colocarão poltronas na lateral do palco e venderão uma área que significará mais que vip. Algo do tipo “área ferradona”.
    Sei que só queria ver o show do Pixies!!!!! e vir embora o mais rápido possível…
    Na saída mais transtornos, parecíamos zumbis, totalmente desorientados.
    Não quero mais saber de festivais…pelo menos aqui no Brasil…

    Charlotte Sometimes

  7. Fala Mac!!

    Fui no dia 11.10 lá pra Itu. Devo afirmar que a organização deste festival vai do temeroso ao horrendo. Fiquei exatos 150 minutos (!!!!) ou as famosas 2horas e meia na fila (??) de entrada para entrar no recinto. Pelamordedeus. Ridículo. Patético. Broxante para um average de 33 anos, algumas boas dezenas de shows vistos e querendo ver apenas coisas boas que remetem à um passado remoto (Pixies 1989-1991) como também mais recentes como o grande QOTSA e os quase familiares Igor e Max.
    Chegando lá, já com frio de matar, uma invasão de proto-emos e patricinhas indie com camisas de Avenged Sevenfold e Linkin Park. Juntamente com o tal do Incubus fizeram o trio “O rock realmente acabou”. Ou seja, “rock” para a playbozada indie e acéfala (quando eu tinha meus 16, 17 eu acompanhava Pixies, NIrvana fase “In Utero”, Depeche Mode 90’s, Public Enemy, Faith no More…….)

    Para contra-balancear toda esta “caca”, posso citar 3 momentos raros e que valeram os $$$$$ que deixei lá:
    #1 – Igor entrando no palco com a camisa do verdão e Max tocando Roots ao vivo depois de 14 anos. De chorar.
    #2 – Cerveja Heineken. Como é bom ter cerveja de verdade num festival e não aquelas malditas da Ambev.
    #3 – Queens of the Stone Age: Cozinha maravilhosa (ao vivo parece uma mistura épica de Deep Purple e Sabbath…). Josh Homme cortando o frio quase siberiano com canções para a vida inteira. Um peso impressionante em cada acorde, em cada batida nos pratos. Sem frescuras. O Rock foi salvo.

    SE eu voltaria em 2011? Não. Terei 34 e esta foi minha despedida de festivais amadores. Agora só quero camarote e logística facilitada. Abs.

  8. Acho revoltante essa história de não poder entrar com comida e água em nenhum show. Achei que, com a história do acampamento, iriam deixar de lado esta palhaçada, pensando no bem estar e saúde dos visitantes. Mas não.

    A experiência de ir a um show nunca mais será a mesma até que acabem com coisas como essa. Quando era adolescente lembro de ir a shows, onde passaria o dia inteiro, com a mochila repleta de pacotes de bolacha e água. Sabe como é, quando se é adolescente não se tem muito dinhero. As provisões já me salvaram várias vezes. Mas isso morreu. Isso e o Mosh. A área Vip matou o mosh.

  9. Cara, não tenho argumentos para discordar de ti porque não fui ao festival. Mas o show do Otto deve ter sido excelente pra merecer mais destaque do que o RATM.

    Pessoalmente, também prefiro o QOTSA mas o Rage é uma banda que tava no lugar certo, no contexto certo. As imagens de Testify, que abriu o show, são de arrepiar. Banda pra festival fodão mesmo, pra enlouquecer 100, 200 mil cabeças.

    Queria me matar vendo o bagulho no Multishow. Era pra ser um dos melhores momentos da minha vida e eu não tava lá. Deprimente.

    Rica loira, BTW.

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