Jay-Z, Lady Gaga e Robbie Williams

por Marcelo Costa

“The Blueprint 3”, Jay-Z (Universal)
“Eu estou fazendo melhor do que antes”, garante Jay-Z na primeira faixa de “The Blueprint 3”, “What We Talkin’ About”, canção com samplers espaciais e uma cadência marca-registrada de Kanye West, que assina a produção – junto com No I.D. – desta e de mais seis outras faixas. Não seja levado pelo papo do rapper. “Blueprint 3” fecha a trilogia do título e conta com uma seleção de peso da música pop atual, mas é o mais fraco dos três álbuns: Rihanna arranha a voz sedutoramente em “Run This Town”. Alicia Keys desfila charm(e) no refrão de “Empire State Of Mind”, que fala sobre uma selva de concreto chamada Nova York, um lugar que realiza sonhos. Timbaland convoca Beyoncé para uma participação inexpressiva em “Venus vs. Mars” e ainda assina “Reminder”, em que Jay-Z conclui: “10 número 1 em seguida, quem pode ser melhor do que eu? Só os Beatles. Eu esmago Elvis Presley em seu sapato de camurça azul”. Já em “Real as It Gets”, Jay-Z diz que as favelas no Brasil o entendem. Entre os bons momentos do álbum estão “Thank You”, com sampler de Marcos Valle (a introdução parece algo de Tim Maia), e a grudenta “D.O.A. (Death of Auto-Tune)”. O tesouro (financeiro) foi deixado para o final: uma versão melosa do hit “Forever Young”, original do grupo alemão Alphaville que freqüenta até hoje nossas FMs. Vai virar sucesso na hora em que entrar na programação das rádios e daí novela, toque de celular e casamentos. Sabe o que é isso? $ucesso. Jay-Z conhece.

Preço em média: 35
Nota: 5

“Fame Monster”, Lady Gaga (Universal)
Nome mais falado da música pop nos últimos dois anos, Lady Gaga vive o conto de fadas do século 21.  Após levar um pé na bunda do selo Def Jam aos 19 anos, a cantora conseguiu um novo contrato e virou ícone com o mega-hit “Poker Face”, que já ganhou sátiras hilárias do ator Christopher Walken e do personagem Cartman, do seriado South Park. “Poker Face” fazia parte de seu primeiro álbum, “Fame”, que ressurge inteiro de bônus (você sentiu o cheiro de picaretagem, né) neste segundo lançamento, “Fame Monster”. Um primeiro disquinho traz (apenas) oito faixas novinhas e um segundo CD recupera as 16 músicas do debute. A cantora continua investindo no eletropop com pitadas de italohouse em “Bad Romance” (uma “Poker Face 2”), “Alejandro” (um acerto de contas público com um ex) e “Monster” (que vai na cola de outro hit do primeiro disco, “Just Dance”). A balada “Speechless” lembra David Bowie e “Telephone” conta com a participação de Beyonce. É pop para as pistas, sem nenhuma novidade. Ciente disso, Gaga abusa da extravagância visual, pois sabe que no mundo (pop) moderno não basta a música ser boa. É preciso algo mais para sobreviver neste território inóspito que Madonna e Britney encaram como parque de diversões. Em “Teeth”, a melhor música deste (quase) segundo disco, ela avisa: “Não quero dinheiro, só quero seu sexo”. Ela parece estar no caminho certo. O mostro da fama não a assusta.

Preço em média: R$ 35
Nota: 6

“Reality Killed The Video Star”, Robbie Williams (Universal)
Notável prodígio da indústria da música mundial, Robbie Williams deixou um extenso catálogo de recordes de vendas na coxia e silenciou-se por três anos, desde quando colocou nas lojas seu nono álbum de estúdio, “Rudebox” (2006). Por isso, o anúncio de um novo disco de inéditas deixa a indústria em polvorosa, e fãs numa grande expectativa. Produzido por Trevor Horn, “Reality Killed The Video Star” não decepciona o fã clube, que já tinha pistas da empreitada através de seu primeiro single, “Bodies”, com Robbie declamando sob uma base forte com verniz oriental: “Eu quero a perfeição”. “Típico de mim”, diria outro inglês de verve e ego tão afiados quanto, mas Robbie não brinca em serviço. “Bodies” é apenas a porta de entrada para um álbum pop que promete encavalar vários hits nas paradas de sucessos. Bons exemplos são “Last Days of Disco” (que lembra algo de Eurythmics) e “Starstruck”, uma canção de batida dançante forte, cama de teclado ao fundo criando climas e baixo esperto. A bombada “Difficult For Weirdos” remete a algo do Depeche Mode e “You Know Me” é puro anos 50. Já “Do You Mind?”, com riffs de guitarra no começo, parece saída de um disco solo de Mick Jagger. A grande canção do disco é “Morning Sun”, que foi escrita após a morte de Michael Jackson e junta piano e cordas em um arranjo bonito que abre e fecha um álbum pop de primeiríssima qualidade.

Preço em média: R$ 35
Nota: 7

18 thoughts on “Jay-Z, Lady Gaga e Robbie Williams

  1. Passei dias pra esquecer o sotaque forçadíssimo de “ale-ale-alejandrouuu…” Até que esse cd da Lady Gaga é divertido, me surpreendi.

  2. Quem aguenta a ladainha do Jay Z??? Duvido muito que as favelas do Brasil o entendam, e vice e versa. Tô com o Adriano, passo longe dos três….

  3. em numero, jay-z pode super elvis… tambem com a ameria besta dos dias de hoje
    estilo de vida /sucesso /mito /importancia para musica… jay-z nao passa de lixo…

  4. Lady Gaga é o que de melhor, mais maluco e mais interessante aconteceu no universo pop feminino nas últimas duas décadas. Britney e Beyoncé que me desculpem. Até minha filha de 1 ano e 10 meses curte Bad Romance. E esse disco é bem legal. Eu não passo, não. Ouço direto… Vida longa, Lady Gaga.

  5. OK, tbm aposto que Jay-Z vai fazer sucesso em todos os lugares del mondo como vc disse, mas né, eu passo. Mas adoro a GaGa! Não fico ouvindo em casa, isso seria muito tentativa de suicídio, mas em festa ela combina muito bem. E tenho dito!

  6. O Robbie Williams chega a ser meio brega, ou totalmente. Mas o cara sabe como fazer bons hits pop. “You Know Me” e “Do You Mind?” são viciantes. Já a GaGa, é aquela coisa, boto fé mas com um pé atrás. O exagero bem construído é interessante, mas não deixa de ser exagero, pode ficar cansativo. E convenhamos, tá ficando chata essa coisa de relançamentos de álbuns.

  7. fabrizzio, concordo com vc, faço uma pequena mudança: lady gaga é a melhor coisa que o mundo pop feminino produziu em TRES decadas, pq se formos contar de tras pra frente, a terceira é a de oitenta…

  8. Pode ser, caríssimo mano bristol, pode ser…

    Eu é que fiquei pensando agora… De mais maluco e mais interessante, sem dúvida a Lady é o que há e houve nessas últimas duas ou três décadas.

    Agora pergunto: Neneh Cherry e Lauryn Hill são pop? Porque se forem, por ora retiro o que disse quanto ao “melhor”. Por ora…

    Acredito nessa mulher e na estrutura que há por trás dela. Já era hora de reunirem grandes talentos atrás de outro grande talento.

  9. ya jay z fazendo um bom trabalho como sempre vou ter que concordar com o reginaldo ele esta certo ..so nao gosta do jay-z quem tem inveja dele o cara é dono da metade de mahattan tem a beyonce como esposa fortuna avaliada a mais de 1 biliao de dolares dono da roc-a-fella dono da roc nation tem a sua propia linha de roupa roc-wear oq querem mais …ham? wassup…

  10. pg, essa é pra vc:

    “esse é o jay-z, um cara bem fodão,
    pega todas as minas, até as que vale um bilhão.
    Vende muita pano, estilo de montão,
    Dizem que em manhattan alugou um quarteirão.”

    QUÁ QUÁ QUÁ.

    Chega, desculpa moçada.
    Acho que já tomei muita bera : )

  11. a lady gaga ela é ótima cantora faz maior sucesso no mundo inteiro as músicas sao todas muito legais e o estilo dela de vestir sao muitos lokaaaaaaaaa …….

  12. ta certo esse the blueprint 3 é uma decepção. mas o sexto album do jay-z , o the blueprint de 2001 é certamente um dos 3 melhores discos da decada . só fica atraz do kid a do radiohead e do is this it do strokes. the blueprint foi de extrema importancia para o hip-hop e a musica pop em geral.. influenciou muita coisa que surgiu nos ultimos anos.. mas algumas pessoas só tem olhos (e ouvidos) para o indie rock.. e sobre a lady gaga ela é otima mesmo

  13. hahahaha…. me digam oq tem a ver o dinheiro com a poesia?
    o cara fez um bom disco em 2001… mas o dinheiro, a mulher e as linhas de roupas não são proporcionais a sua música… não mesmo..

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