Echo & The Bunnymen, Wilco, Pearl Jam

500 Toques por Marcelo Costa

“The Fountain”, Echo and The Bunnymen (Ocean Rain Records)
“Se eu mudei ao longo do caminho, existe um preço que eu deva pagar?”, pergunta Ian McCulloch em uma das canções do 10º álbum dos Bunnymen com o vocalista à frente. O Echo não mudou, mas “The Fountain” parece um rascunho de seus melhores dias. Apesar dos riffs fortes de Will Sargeant, “The Fountain” soa exageradamente limpo. A voz de Ian está um caco, mas mantém o brilho. Porém, falta uma grande canção. A sessentista “Proxy” quebra o galho, mas um lado b de “Evergreen” coloca “The Fountain” no chinelo.
Preço em média: R$ 50 (importado)
Nota: 5

Leia também:
– Uma carta de intenções chamada “Siberia”, por Marcelo Costa (aqui)

“Wilco (the album)”, Wilco (Warner)
Jeff Tweedy está feliz. O sol ilumina “(the album)”, e isso rende boas canções como “You and I” (dueto com Feist), a grandiosa “One Wing” e o rock banhado em microfonia “Wilco (the song)” (Jim O’Rourke agradece), todas executadas de forma brilhante – o som das guitarras é chapante. O disco é bonito, mas monótono, classic rock para as massas, como já era “Sky Blue Sky”. Tweedy conquista e ao mesmo tempo desaponta, mas não há como ficar imune a canções como “Everlasting Everything”. Você pode tentar…
Preço em média: R$ 35 (nacional)
Nota: 7

Leia também:
– “Sky Blue Sky”, um disco setentão para 2007, por Marcelo Costa (aqui)

“Backspacer”, Pearl Jam (Universal)
“Se Bruce Springsteen ouve seus conselhos, nós também devemos fazer isso”. Eddie Vedder explica o retorno de Brendan O’Brien, que produziu de “Vs” (1993) a “Yeld” (1998), e agora ajuda a banda a renascer rock and roll. “Backspacer” abre com “Gonna See My Friend”, uma canção que poderia estar num grande disco do Who. “The Fixer” é deliciosa. Ali pelo meio a banda amacia, mas o nível não cai por causa de “Unthought Known” e da porrada “Supersonic“. Até os números calminhos funcionam. Salve, Brendan.

Ps. “Backspacer” traz um código que permite ao ouvinte baixar dois shows inteiros do Pearl Jam de uma lista de apresentações, entre elas a do Chile em 2006.

Preço em média: R$ 35 (nacional)
Nota: 8

Leia também:
– “Ten – Legacy Edition”, Pearl Jam, por Marcelo Costa (aqui)

34 thoughts on “Echo & The Bunnymen, Wilco, Pearl Jam

  1. sabe aquela coisa, mac: qual a banda que partiu teu coração? infelizmente, os homens-coelho estão no topo da lista, seguidos bem de perto pelo r.e.m…. apesar de ter todos, não consigo me lembrar de nenhuma canção deles depois do evergreen (97)… fazer o quê?

  2. Clichê? pode ser, mas Wilco fazendo um disco mediano ainda é um grande disco nos atuais tempos do rock. Na música em geral não, há muita coisa boa, o rock que ainda se segura com punhado de grandes bandas.

  3. Eu estava de saco cheio do Pearl Jam, mas Backspacer é sensacional. Melhor álbum deles em uma década.

  4. A primeira musica do disco do Echo, ‘Think I Need It To’, eu gostei muito, achei excelente! Mas o resto do disco é fraco mesmo, uma pena.

    E o do Wilco tbm achei a decepção do ano, pq esperava mais deles, ainda nao tão na descendente como o Echo. Mas tem umas boas.

  5. Siberia é tão bom qto Evergreen. É o mais próximo q Mac e Will conseguiram chegar comparado aos Bunnymen até Ocean Rain.

  6. Concordo com o Danilo. Acho o Sibéria tão bom quanto ou melhor que o Evergreen. What Are You Going to do with Your Life? tem letras bem inspiradas mas é só baladas. Esse The Fountain está ótimo também. Gosto também do que restou da voz do Ian. Diferente. hehe. O que achei nesse novo álbum é que as músicas são menos grudentas do que os anteriores. As guitarras estão mais barulhentas e ótimas. Will é muito criativo.

  7. Pra mim o Echo ainda emociona. Inclusive prefiro a fase atual deles do que a dos anos 80. A voz do Ian, por exemplo, é muito melhor agora, fora que não tem aqueles reverbs e chorus esquisitos.

    Pra mim o the fountain é o disco do ano.

  8. sim, sim, meus amigos, mas onde estão as canções? my kingdom, the cutter, the back of love, lips like sugar, the game, evergreen, a promise, dancing horses, … could go on 4ever, até 1997.

  9. Eu acho Siberia um discaço. Sempre dá para destacar uma grande música de um disco deles, e no caso do Siberia é a All Because Of You Days, que é lindona. Até o Flowers, que é bem fraco, tem a King os Kings e a It’s Alright. Mesmo sendo só baladas, “What Are You Going to Do with Your Life?” é um dos top deles aqui em casa.

  10. vejam bem, não quero ser “o chato”, mas, mac, destacar 1 ou 2 canções em um álbum inteiro dá, pelo menos para mim, a medida da “mediocridade” destes últimos álbums… quantas mereceriam destaque no evergreen, sete, oito? ainda assim, prefiro coelhoshomens medíocres do que 99% da produção musical atual… graças aos comentários de vocês vou tirar o sibéria da sibéria (sorry!)…

    ps: porto alegre??

    ps: coelhoshomem em portinho foi abismal em 87 – ou seria 88?

  11. Essa coisa de destacar uma, duas músicas de um disco é normal, cabe numa argumentação rasa. Mas e o álbum? as outras faixas são ruins ou vcs só sabem ouvir disco no mp3 com 1000 músicas? Perderam a prática de colocar o disco pra ouvir com a idade? nada surpreende mais? estão tão calejados o ouvido que é ligar o piloto automatico ouvir o disco e depois fazer um best of ?

  12. Bem sacado, Rodrigo. E acho que vai muito por ai, mas tirando o “Hot Fuss”, do Killers, quantos discos hoje em dia tem mais de quatro, cinco canções realmente boas? Tem uma música do Lou Reed que amo, “Baton Rouge” (que ele até tocou no show de São Paulo entre Perfect Day e Sweet Jane), mas ela é a única coisa que ficou daquele disco, o “Ecstasy”. Mas só por ela já valeu ele ter lançado o álbum (risos). Acho a mesma coisa do Echo com o “Siberia”, que é um discaço, tem coisas muito boas ali, mas “All Because Of You Days” é daquelas músicas que ficam. Não sei, mas acho que o problema estende-se para quase todo o cenário internacional. Estamos vivendo uma fase bastante ruim para a música, e isso já faz uns dois ou três anos.

    Leno, a proposta dessa seção “500 Toques” é, como prevê o título, escrever pequenas resenhas em 500 Toques, e surgiu da percepção de ver que muita gente andava gastando 10 mil toques para falar sobre nada. Uma resenha normal de revista (Billboard, Rolling Stone) tem 1200 toques, mas tudo é possível, até uma resenha de uma linha:

    – Echo: eles já foram melhores, mas ouça Proxy, melhor do que muita coisa por ai
    – Wilco: a felicidade de Jeff Tweedy deixou a banda chata, mas “One Wing” é linda
    – Pearl Jam: Brendan O’Brein recoloca a banda no caminho em um grande disco

    Poucos discos hoje merecem uma resenha de 10 mil toques, uma análise profunda. É bonito ler um faixa a faixa do Wilco, por exemplo, como o do Rodrigo Salem (aqui), mas isso vai muito da paixão que cada um sente por determinado disco, e muito mais pelo o que aquele disco inspira você a escrever.

    O Otto é um caso recente, um grande disco que eu tentei colocar em 500 Toques, mas não coube. Ele precisava de mais espaço. O disco do Rômulo Fróes é um exemplo de um disco que merecia mais espaço, mas não tive tempo livre pra escrever.

    E não tive tempo porque não escrevo para você, Leno. Eu escrevo pra mim mesmo, pelo simples prazer de dividir a paixão (ou ódio, que no fim das contas acabam sendo a mesma coisa) por um disco com o mundo. Para tenter entender não só aquele amontoado de músicas, mas o contexto dele no mundo.

    Você pode vir aqui descontar alguma frustração em mim, mas seria mais produtivo se fosse diferente: eu comecei a escrever porque ninguém naquela época falava das coisas realmente importantes, aquelas que eu achava que mereciam serem ditas. Se ninguém está fazendo isso por você, faça você mesmo. Talvez ai você entenda das coisas que eu falo.

    Feliz natal

  13. Acho que nós precisamos nos entender Mac, não só eu mas vc também. Foi o caso agora, vc “se” entendeu, entendeu muito pouco doq quis dizer. Enfim. Feliz alguma coisa pra vc tb.

  14. é engraçado isso, né mac… quando eu comecei a curtir música lá pelos 80, só o que tinhamos disponível eram os albums – sei de cor alguns do jamc, echo, cure, smiths, nick cave; singles, só de ouvir falar (chegava a sonhar em ouvir os lados b dos singles) … agora, meio que viramos escravos do “shuffle”, ficou difícil curtir um disco inteiro… será que estamos condenados a ouvir singles digitais 4ever? enquanto escrevo isso, tô ouvindo o vinil do “stone roses” de 89, inteirinho, lado a, lado b, lado a de novo,… mas com esse dá!
    abraço!

  15. Quando o tempo vai passando e as bandas (leia-se echo e os homens coelho, pearl jam e wilco, no caso as bandas citadas nessa matéria) continuam à se sustentar no pilar adquirido com a fama, fica difícil, e o rock n roll implora pela eutanásia. Seria melhor que soassem eternos por deixarem-se minar no auge ante a decadência de um exaustivo, sim um exaustivo bis… Por mais que toda despedida seja difícil, não podemos torná-la algo efêmero, mas sim aceitá-la e dizer que são apenas um favor dos dias que virão…

    Abraço ao responsável pelas matérias.

  16. Ouvi muito esse disco do Wilco neste ano, um dos meus preferidos de 2009. Mac, você vai escrever sobre o Jason Lytle, do Grandaddy? O disco dele é muito bom! Pode ser 500 Toques mesmo rs

  17. Esse disco novo do Wilco é mesmo fraco. O próprio fato deles chamarem a Feist é um indício disso. Se fosse um disco de verdade e uma música de verdade, chamariam uma cantora de verdade – no mínimo, uma Cat Power (na falta de uma Tina Turner dos primórdios…). Chamam a Feist porque o disco é sem alma como a Feist: bastante inofensivo. O disco do Pearl Jam não ouvi, mas a trilha que Eddie fez anos atrás praquele filme é fodástica. Já o caso do Echo suponho que seja simplesmente exaustão criativa mesmo. Uma hora a fonte seca. Ou o sujeito muda completamente de inspiração e de sonoridade, ou vai passar o resto da vida tentando repetir aquela grande canção. É um destino triste. Para a maioria dos artistas, existe aquele período em que eles eram jovens e canalizavam para dentro de si todas as contradições de viver na cidade e no mundo, e, com sorte, no auge deste sentimento, alcançavam o auge da compreensão do que é criação musical – uma coisa conectada à outra expressava-se em discos fodidos. Mas isso é uma situação muito passageira, que muda depressa demais. É mesmo como o vôo de Ícaro – por alguns momentos, ele deve ter-se sentido invencível lá em cima. Mesmo o Thom Yorke, que é o compositor mais auto-consciente e mais ”clássico”, ‘não-icariniano” da música pop, já perdeu a concentração de contradições que ele tinha quando fez o Ok Computer ou o Kid A: a mente já não suporta canalizar tudo, organizar para depois refletir. He’s old and tired, tryin’ to save the world. Say a word for Ginger Brow and for old Thom, he ain’t got nothing at all. Está fadado a lançar discos como o In Rainbowns, cheio de músicas fodidas – porque ele sabe fazê-las muito bem – mas nem de longe uma obra-prima como esses dois, porque são sem foco, sem uma perspectiva sobre o mundo: são apenas amontoados de canções incoerentes. Billy Corgan nunca mais vai lançar nada como o Siamese Dream ou o Mellon Collie. E o Ian nada como o Ocean Rain…Como diz o Yeats, “everything that man steems endures a moment or a day, love’s pleasure drives his love away, the painter’s brush consumes his dreams”. Os sonhos deles já foram consumidos. É preciso aparecer gente nova. Mas só aparece Artic Monkeys – boy bands, holgers.. Seres humanos estão em extinção. A internet fodeu tudo big time mais ainda.

    Mas feliz natal e que 2010 traga uma banda realmente fodida!

  18. Eu gostei do que o Leno falou:há muita gente que está mais acostumada a ouvir algo em shuffle ou sortido do que um disco inteiro.E isso não é muito bom.Principalmente se gosta de um artista de fato.Daí você se acostuma com aquelas três,quatro músicas.Fora que é injusto quando se tem um disco ótimo do começo ao fim em mãos.

  19. Não posso falar pelos outros, Fernando, só posso falar por mim, mas esses três discos acima foram resenhados a partir do CD, não de MP3. E por prática, ouço no minimo de duas a três vezes o disco inteiro. Claro que os discos ruins. Esse disco do Wilco já venho ouvindo faz tempo, o do Echo também, e o do Pearl Jam, quando peguei, não larguei. Mas como eu disse, falo por mim.

    Pensando do lado do jornalista, alguns reclamam mas não aparecem com críticas construtivas ou coisas que realmente acrescentem algo. É só blá blá. Perdem o foco da discussão bacana sobre um disco para nada. O Rodrigo Perez fez uma análise legal da passagem do tempo em relação ao Echo, que compartilho. O Rodrigo Lopes ouviu o Backspacer e referendou. O Wilson ouviu o disco do Echo, e destacou uma música a mais, Think I Need It To. O Alan foi atrás de outra, e pelo jeito gostou. O Danilo relembrou o valor do Siberia na discografia recente do Echo. O Samuel valorizou o som das guitarras no último disco e ainda a voz gasta do Ian (que concordo, funciona em alguns momentos). O Luiz foi totalmente contrário a mim: pra ele, The Fountain é o disco do ano. Ótimo! O Zavie defendeu o disco do Wilco, como o Leno havia feito inicialmente, ao contrário do Ludóvico. E isso tudo é tremendamente saudável.

    Os textos são o motivo para se falar sobre música. A minha opinião está cravada lá em cima. O quanto eu ouço o disco ou o quanto eu deixo de ouvir as pessoas podem pesquisar pela minha Last.Fm. (risos), mas não interessa. Essas audições servem apenas para balizar a minha crítica e abrir espaço para que todos venham e comentem na sequencia. A idéia é essa: debater um disco. E como expliquei mais acima, essa é uma seção de resenhas curtas. Abraço

  20. Echo dos anos 2000 é outra banda se comparada a primeira, inclusive com apenas metade dos musicos originais. O que importa, pelo menos para mim, é que ainda me encanta e este album em especial me caiu muito bem…. Desde Evergreeen talvez o que mais me agradou e acho que não dá para cobrar tanto de que já fez sua historia (e a de muitos de nos tambem).
    Um dos discos especiais para fechar 2009. Long live Echo..
    Já o Wilco realmente ficou um pouquinho abaixo da média (que é alta por sinal). Vamos ouvir melhor,

  21. Pearl Jam: bom disco, bom rock, melhor que quase tudo novo que está rolando. Grande vocal, grande banda.

    Echo: disco fraquíssimo. Quase nada se salva. Fãs, como eu, pescam uma coisa outra. Mas são apenas sardinhas. Nada ali é digno de constar em uma boa coletânea da banda.

    Wilco: bem, falando em coletâneas, talvez uma ou duas músicas deste último trabalho até possam constar em um coletânea do Wilco. Mas que coletânea seria essa, eu me pergunto.

    O Wilco é uma ótima banda. Ponto. Mas será que eles têm músicas para formar um grande best of? Eu acho que não. Seria um best of tão polêmico quanto os melhores dos anos 00. Talvez o melhor do Wilco seja o YHF, com a inclusão de algumas faixas pinçadas dos outros discos.

    Quero dizer o seguinte: tudo ou quase tudo do Wilco é bom. Nada ou quase nada é excepcional.

    Eles nos devem uma “The One I Love” ou uma “Losing My Religion” ou uma “Creep” ou uma “Fake Plastic Trees”, só para citar as influências básicas deles. U2, outra influência da banda, bem, eu me perderia em grandes músicas que o Wilco poderia ao menos se basear.

    Talvez eles não tenham a pretensão, dirão os fãs.
    Talvez eles não tenham a capacidade, dirão outros fãs.

    Estou entre os últimos.

  22. Ae Fabrizzio, YAF é excelente, mas a banda Wilco é bem overrated mesmo, muita gente paga pau mas comigo não achei la grande coisa.

    E cade as musicas memoraveis da banda??

    Aquelas que serão lembradas como hinos para sempre.

  23. Pois é, Victor… Não há nada muito memorável mesmo.

    Talvez a dobradinha Jesus, etc e Ashes of American Flags seja o suprassumo da banda.

    Mas mal comparando, e bota mal nisso, apenas Urban Hymns dá uma surra de criar trauma na discografia inteira da banda.

    Mas é aquilo: Wilco é pouco, mas é de coração.

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