Sublime Mundo Crânio, Lasciva Lula (Independente)
Preço: R$ 10 (no site oficial)
Após oito anos de janela, e três ótimos EPs (“Lasciva Lula” de 2000 , “1a Edição” de 2002, e “Óleo de Saliva” de 2003) jogados no colo de alguns sortudos, os cabofrienses da Lasciva Lula chegam ao primeiro álbum cheio, “Sublime Mundo Crânio”, com um repertório impecável de canções que podem – e devem – conquistar a atenção de um público bem maior do que aqueles que conhecem o pop guitarreiro com forte aceno a cultura pop praticado pelo quarteto. Gente como o jornalista Carlos Eduardo Lima (Rock Press), o roqueiro Tony Belloto (Titãs), e este colunista, fãs de primeira hora da “banda mais original do rock brasileiro dos últimos tempos”, aspas do guitarrista titânico, que assina o release do álbum.
Porém, do que se trata este “Sublime Mundo Crânio”?, pergunta o leitor com um planeta Saturno (e seus anéis) atrás da orelha. A rigor, a Lasciva Lula é um hibrido que junta influências de Pixies, Mutantes, Secos & Molhados, Sonic Youth e… Aldous Huxley. Se você prestar atenção na listinha de influências acima, irá perceber que todos os citados imprimem em sua arte um acento pop que os faz soarem deliciosamente assoviáveis e refrescantes na memória, no meio de toda estranheza de seus repertórios de sons e letras. A Lasciva Lula segue essa estética, enfilerando berros, riffs e letras espertas em canções que nos acompanham logo após sua primeira audição.
“Em Frangalhos”, que abre o CD, é um ótimo cartão de apresentação do quarteto: uma guitarra marcante (cortesia de guga_bruno), a voz de tom forte de Felipe Schuery, o baixo saltitante de Jamil, e a bateria dançante de Marcello Cals. O refrão dá as cartas: “Em frangalhos / toda pureza / em frangalhos”. Tudo isso em pouco mais de um minuto e meio de melodia. “Réquiem da Garota”, a próxima canção, poderia ser a versão música do filme “Pequena Miss Sunshine”, ao cantar – em clima de valsa rock – a história de uma garota que dança “espremida num collant”. Outro bom exemplo do mundo Lasciva Lula surge na excelente “A Última Sessão de Cinema”, com efeitos de guitarra, bateria massacrante, baixo pulsante e uma letra forte que diz: “O que estava na tela / misturou meus sentidos / embrulhou minhas tripas / num papel de jornal ruim / que enviei aos meus pais em tom de deboche”.
Entre os destaques ainda estão a primeira música de trabalho do álbum, “Pra Matar a Fome” – que você pode ouvir aí em cima, e que conta uma história de amor movida a Fandagos mole com coca-cola sem gás -; a suave “Chuva”, com um ótimo jogo de palavras e melodia; a excelente pós-punk-psicodélica-vanguardista “A Nave de Noé”, cuja letra imagina um contacto de Saturno, que pede três terráqueos para passar três dias no planeta. Diz a letra: “Os punks queriam punks; Americanos se achavam prontos; O povo brasileiro exigia o ataque da seleção; Velhos roqueiros insistiam em um power trio”; e, por último, a deliciosa “A Letra da Canção Desgovernada”, um rock assobiável que foi invadido por um forasteiro que bagunçou toda a história: “A donzela que estava prometida para o refrão / foi deflorada antes da primeira estrofe / passou a fumar, soltou fumaça na minha cara / exclamou: ‘Fui maltrada, e confesso que gostei. Leve-me para o refrão com outros três'” (ouça abaixo).
Lançado de forma independente, produzido pela própria banda, e mixado por Iuri Freiberger (que já produziu Walverdes, MQN e Violins, entre outros) “Sublime Mundo Crânio” é mais um exemplo de inteligência no rock nacional fora do mainstream. Um disco para se ouvir, ouvir e ouvir.
– Site Oficial: ouça o disco na integra e baixe duas músicas
gostei da citação de “pequena miss sunshine”.!
passa lá.
Olá Marcelo,
Pois é, aqui no MT, esperamos muit do Vanguart, assim como outra grande banda instrumental Macaco Bong. Como dizem, Violins é os Beatles de Goiás.
Grande abraço
Sou uma das felizardas que conhece Lasciva Lula há bstante tempo, que teve oportunidde de assistir ao shpw deles aqui em Campinas e ainda sair pra tomar uma cerveja com os caras depois.
Fico tão feliz ao vê-los com um álbum novo tão lindo e tão bem comentado por todo mundo que ouviu…
Realmente “Sublime mundo Crânio” depois de colocado na vitrola não quer mais parar de tocar. Acabo cantarolando o dia todo…
Delícia de tudo!
Em janeiro, logo que comprei o CD via internet, escrevi umas duas ou três vezes sobre eles no meu blog… completamente apaixonada.
sinceramente? péssimo. engraçadinho, vá lá. parece aquele rock engraçadinho vindo do sul, de onde só se salva o superguidis.
Essas bandas permaneceram no anonimato pq são umas “cópias” e “covers” de música estrangeira… (e de péssima qualidade), As gravadoras brasileiras são uma %!@$&@#por não investir (óbvio o mercado fonografico está em crise!) mas isso não justifica a incompetencia dessas bandinhas… Só bandinha “plágio euroamericana” e detalhe todas do centro-sul. As bandas do norte-nordeste estão mil anos a frente: originais com muita qualidade. Por isso são respeitados lá fora. Cena recifense, Cena de Belém dá de 10×0 em todas as bandas da Bahia pra baixo! Não é bairrismo não! É fato! Vale lembrar quando Strokes esteve aqui, quem eles foram pedir autografo? ao Mundo Livre! Quando o Yeah Yeah Yeahs esteve aqui? Mombojó! Enfim, ninguém respeitará o som brasileiro lá fora e aqui dentro enquanto ele insistir em fazer esses plágios macaqueados da europa! Criem um som próprio que envolva uma subcultura própria conectados com o lugar que vocês vivem(não precisa ser explicitamente) e ai sim não precisarão ficar reclamando da mídia brasileira ou do mercado fonografico (se é que existe um no brasil hehe)