Faixa a Faixa
Manic Street Preachers
This is my truth, tell me yours
por Marcelo Costa
Texto publicado originalmente na terceira edição do Scream & Yell On Paper, 1999
13 motivos para você levar essa pequena jóia para sua casa:
1) Everlasting – O álbum começa com bateria eletrônica cadenciada, violão e a voz maravilhosa de James Dean Bradfield. O ritmo cresce e os teclados nos fazem flutuar. A letra é um lamento existencialista que diz que não seremos perdoados por sermos eternos. A letra vai além: “Eu não acredito em atos patéticos por causas desprezíveis”.
2) If You Tolerate This Your Children Will Be Next – Uma guitarra cheia de efeitos abre o primeiro single do álbum que fala de política como o bom e velho The Clash (lembra, a última banda que realmente importava). “O futuro lhe ensina a ficar só e o presente lhe ensina a ficar com medo e indiferente, mas assim como posso atirar em coelhos, (famoso passatempo europeu) que eu possa também atirar em fascistas”. O título e refrão foi lema das Brigadas Internacionais que combateram os fascistas de Francisco Franco na Guerra Civil Espanhola: “Se você tolerar isso, seus filhos serão os próximos”.
3) You Stole The Sun From My Heart – Começa cadenciada e alegre o que contrasta com a letra de início. Depois, encaixa. É um lamento inocente tipo “eu acreditei em vocês e vocês roubaram o sol do meu coração, mas tudo bem, eu amo vocês mesmo!” O refrão é uma explosão de guitarras…
4) Ready for Drowning – Teclados e violões abrem essa canção. Tons progressivos são pano de fundo para Bradfield dizer que não está pronto para se afogar (assim, talvez, como o ex-parceiro de banda Richey James, que supostamente se suicidou em 1995 pulando da Severn Bridge; o corpo até hoje não foi encontrado). O refrão novamente é pesado com guitarras e harmônicas.
5) Tsunami – Trás uma citara e é um belo exemplar de canção pop. Uma melodia genial, refrão forte e uma letra que diz que “os médicos me disseram que minha doença é o cinismo…”
6) My Little Empire – Canção lenta cheia de efeitos. O pequeno império é sua própria casa. “A realeza não existe e ideologias estão mortas, cuide de suas coisas”.
7) I’m Not Working – Outra canção lenta, mas nessa a melodia lembra… Madonna! “Eu sou minha própria experiência”, sentencia Bradfield.
8 ) You’re Tender and You’re Tired – Duas constatações surgem nessa faixa: a primeira é de que quem via (desconfiado) Radiohead e Verve como baluartes de uma nova cena progressiva, deve ficar assustado com o Manics. E se você era punk (como Courtney Love) e hoje se acha estúpido, prepare-se para o novo século. O Manics tem sim muito de progressivo, assim como também tem muito do The Clash. Improvável, mas verdadeiro.
9) Born a Girl – Outra canção lenta, progressiva. A letra é daquelas que diz que cada um tem o direito de ser o que quiser: “Eu desejava ter nascido uma menina ao invés dessa bagunça de homem que sou”, descreve Nicky Wire. Não dá para imaginar uma banda progressiva cantando isso…
10) Be Natural – Essa lembra bastante Yes. Seja natural comigo está noite… ainda é cedo para dizer adeus…
11) Black Dog on My Shouder – A bateria quer nos manter no chão e os teclados querem nos fazer flutuar.
12) Nobody Love You – Contrastando com as faixas anteriores, guitarras barulhentas dominam essa faixa. Em algum lugar do mundo, Betty Gibbons lamenta que ninguém a ama e ressalta: “It’s true”. Aqui, Bradfield parece querer completar esse tormento cantando que ninguém o amou, ninguém lhe fez sentir tão só. Depois completa: “O que estou dizendo é que ainda há folhas de inverno e isso me faz desacreditar em vinganças”.
13) S.Y.M.M. – Bradfield: “O subtexto dessa canção era um pensamento sobre partir para longe, mas isso não é realmente o tipo de coisa que as pessoas querem ouvir eu cantar. O contexto dessa canção, bem, eu poderia caminhar sem parar mas ainda é antiquado acreditar em princípios…”
Ps. É antiquado, mas eu também acredito. E eu também era punk e hoje me acho estúpido, mas, esta é a minha verdade… conte-me a sua.
Leia também:
– Faixa a Faixa: “Know Your Enemy”, Manic Street Preachers (aqui)
– Três discos: “Forever Delayed”, “Lipstick Traces” e “Lifeblood” (aqui)
– “Send Away The Tigers”, Manic Street Preachers: os melhores dias virão (aqui)
– “Journal For Plague Lovers”, Manic Street Preachers: sonoridade árida (aqui)
– “Postcards from a Young Man”, Manic Street Preachers: chocolate amargo (aqui)
– Vídeo: Três canções do Manic Street Preachers no formato acústico (aqui)
– Vídeo: Três canções do Manic Street Preachers ao vivo em Oslo (aqui)
– Manic Street Preachers ao vivo no Norwegian Wood Festival, Oslo (aqui)
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