Stone the Crows
por
Wagner Xavier
Wagner2505@yahoo.com.br
14/07/2005
Desta vez, o foco da seção Rock Raro não será apenas um disco, mas uma banda. Formada no final dos anos 60 em Glasgow, na Escócia, inicialmente como Power, por Maggie Bell e Leslie Harvey no comando, o Stone the Crows iniciou se destacando em barzinhos na sua cidade natal. Após viagens aos Estados Unidos e Inglaterra, a banda foi descoberta por Peter Grant, empresário da mega banda Led Zeppelin. Certamente isto os ajudou um pouquinho em sua caminhada.
Renomeada como Stone the Crows, o grupo estreou com seu primeiro
álbum em 1970. O disco, homônimo, conta com várias músicas de
outros compositores assim como os vocais divididos entre Maggie
Bell e o tecladista John McGinnis. Além destes, a banda era
formada por Jim Dewar no baixo, Colin Allen na bateria e Leslie
Harvey na guitarra. Alias, Leslie (Les) era o irmão mais novo
do cantor Alex Harvey, da maravilhosa Sensational Alex Harvey
Band (mas isto é para outra coluna).
Apesar de muito interessante, Stone the Crows acabou não alcançado o sucesso esperado. Este disco conta com uma cover de Danger Zone do fundamental Curtis Mayfield, ídolo de Maggie. Em seguida, o grupo entrou em estúdio para gravar Ode to John Law, que recebeu maior destaque nas rádios, e focava o repertório em composições próprias, ao contrário da estréia. Os destaques são a ótima Things are Getting Better e Mad Dogs and Englishman, homônima do disco do Joe Cocker.
Como a banda ainda não havia decolado, apesar do bom destaque do segundo álbum, tanto Dewar quanto McGinnis deixaram o grupo dando lugar para o baixista Steve Thompson além do tecladista Ronnie Leahy. As mudanças se mostraram muito interessantes. Teenage Licks, o terceiro álbum, lançado em 1971, exibiu uma banda segura, coesa e contando com grandes canções. O disco é excelente do começo ao fim, com destaque para Big Jim Salter, One Five Eight (ironicamente composta por McGinnis) além de um ótimo cover de Bob Dylan, Don't Think Twice (é impressionante como tantas bandas fazem excelentes versões para as obras primas de Dylan). Sem dúvida, mais uma grande homenagem ao homem.
Teenage Licks apresentou a banda ao sucesso. Maggie está cantando como nunca neste álbum, que também traz Les Harvey mandando ver na guitarra além da ótima linha de baixo de Thompson. Alias, Maggie foi eleita como a cantora do ano pela revista Melody Maker. Nesta altura, a banda já excursionava com nomes como David Bowie, T. Rex, Frank Zappa, Roxy Music e MC5, entre outros.
Porém nem tudo eram flores na vida do Stone the Crows. Em 3 de maio de 1972, durante um show no Swansea's Top Rank Ballrom, a banda sofreu com uma tragédia: Les Harvey morre eletrecutado quando toca simultaneamente no microfone e na guitarra. A tragédia abalou para sempre os integrantes da banda que jamais se recuperaram da perda de seu guitarrista. Cinéfilos devem ter lembrado da cena, que foi recriada no filme Quase Famosos, de Cameron Crowe. No filme, no entanto, o guitarrista não morre. A vida é bem diferente no cinema.
Para terminar a turnê, a banda recebeu o apoio de Steve Howe
(sim, o exímio guitarrista do Yes). Eles ainda tentaram recrutar
outro músico, Peter Green do Fleetwood Mac, porém este, apesar
do bom entrosamento, acabou não ficando com o Stone the Crows.
Nesta fase, eles já estavam gravando seu quarto álbum. Para
terminá-lo (Harvey já havia gravado 6 faixas), o grupo decidiu
chamar o guitarrista Jimmi McCulloch. Apesar de conseguirem
terminá-lo, Ontinuous Performance não repete o êxito
de Teenage Licks. O álbum é interessante, porém não possui
a força do anterior e a banda acaba se separando no inicio de
1973.
Maggie Bell ainda se aventurou em uma carreira solo, lançando os discos Queen of the Night e Suicide Sal, ambos de relativo sucesso. Além disto, ela participou de shows com a banda funk (ops!) Eart Wind and Fire. Por fim, Maggie ainda fez parte de algumas sessões de gravações com o produtor do Cream e baixista do Mountain, Felix Pappallardi, porém estas sessões ficaram perdidas em algum lugar e jamais foram lançadas. Ouvindo Maggie Bell é impossível não se lembrar da cantora Janis Joplin, porém o som da banda lembra muito mais o Faces, do também cantor rouco Rod Stewart (além do pré-stone Ronie Wood).
Todos os discos do Stone the Crows foram relançados em CD em 1997 pela Repeirtore Records, podendo ser encontrados com facilidade. Quanto aos vinis, certamente são bem mais difíceis. Assim como o legendário Lynyrd Skynyrd, o Stone the Crows teve sua carreira interrompida por uma tragédia, exatamente no seu melhor momento, deixando sem duvida um belo legado ao mundo do bom, velho, às vezes trágico, mas sempre apaixonante rock and roll - but I like it.
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