Rock Raro


JERICHO
por Wagner Xavier
Wagner2505@yahoo.com.br

Novamente chego para apresentar outra daquelas bandas (grandes no meu modo de ver) que foram esquecidas com o passar do tempo (e por que não dizer, nem mesmo foram apresentadas às novas gerações de roqueiros). Hoje falarei do Jericho Jones, ou simplesmente Jericho. Se você não conhece, sem problemas, afinal pouquíssimas pessoas no país deviam conhecê-los antes dos bens lembrados re-lançamentos destas verdadeiras obras de arte do rock and roll.

A banda Jericho Jones, originária de Israel, apesar de uma pequena discografia, teve três nomes durante sua existência. Eles iniciaram suas atividades ainda em Israel em meados de 1968 com o nome de The Churchills. Com o objetivo de se projetar no cenário roqueiro, a banda tomou duas atitudes; primeiro, mudou-se para a Inglaterra; segundo, trocou o nome para Jericho Jones. Formada por Alain Romano (Guitarra), Mike Gabrielle (Baixo), Robb Huxley (guitarra), Danny Shoshan (Vocal) e Ami Criebich (bateria), o quinteto Jericho Jones iniciou sua carreira discográfica com o excelente álbum "Junkies, Monkeys & Donkeys" de 1971. O álbum, é uma mistura de hard rock com alguns momentos que lembram o psicodelismo do final dos anos 60. A primeira faixa é "More Tranquilitatas" (2’21), cujo trabalho instrumental é o grande destaque. A faixa começa numa levada pop da época, dando a impressão que o álbum irá seguir esta linha. Em seguida, "Main in the Crowd" (3’16”) mostra para que o Jericho veio. Faixa pesada, com grande trabalho de guitarra, enfim, puro hard rock da melhor safra. A música seguinte, "There is Always a Train" (6’35) mostra que o disco realmente é muito bom. Com um belo dueto vocal, violões e guitarras bem dosadas – Excelente !!!. A faixa seguinte, "Yellow and Blue" (5’01) é uma balada que neste momento cai muito bem (para garantir um fôlego para o restante do álbum).

O início da próxima faixa, "Freedom" (3’50) lembra bastante a levada de "Cocaine" (J.J. Cale) gravada também por Eric Clapton, com algumas pitadas de guitarra a lá Rolling Stones – Muito Boa !!!. Segue-se a curta instrumental "Triangnium" (0’48) e a ótima No School To-Day (5’51).

A faixa título, "Junkies, Monkeys & Donkeys" (7’36) surge enigmática, progressiva, lembrando (inevitável) Led Zeppelin em alguns momentos. É outra que também se destaca pelo excelente instrumental, ótimo vocal e solo de guitarra dos melhores.

O disco, com 10 canções chega ao final com a melhor faixa de todas. Chamada "What Have We Got to Lose" (4’26) é uma música perfeita, combinação de peso, melodia e um grande instrumental – Enfim, Fantástica ...

Este álbum, diferentemente do segundo, se caracteriza por uma maior diversidade, mais próximo de influências da época, como Led Zeppelin, Jimi Hendrix, Cream, entre outros.

Recentemente este álbum foi relançado pela Akarma, numa edição luxuosa, trazendo, inclusive, cinco canções inéditas (de primeira linha) da banda. 

O segundo álbum já traz apenas Jericho e é puro hard rock. Lançado em 1972, o disco homônimo já possui um estilo mais definido. Contra o fato de não ser tão variado, temos a qualidade de ouvir um disco mais pesado, denso e ainda com a excepcional qualidade da banda.

O disco abre com "Ethiopia" (4’20), de cara um show instrumental. Ouvindo este som tem-se a impressão de estarmos nos anos 80 ouvindo aquele metal alucinado. O guitarrista é simplesmente sensacional. "Don’t You Let Me Down" (3’40), dá um tempo no peso e nos apresenta outra boa canção. O disco também contém "Justin and Nova" (7’15), linda de morrer, balada com um belo teclado e vocal em grande estilo. A musica conta até com orquestra (coisa meio em moda hoje em dia) – um primor de música !!!

Para finalizar segue a longa e épica "Kill Me With Your Love" (9’00), que para deixar o leitor entusiasmado e curioso, também é muito boa. Um rockão .... na veia 

Este segundo disco também foi relançado, pela Repertoire, alguns anos atrás.

Infelizmente após estes dois discos o Jericho encerrou suas atividades. Porém fica como legado esta pequena obra (prima) que apesar do tempo, não soa datado, velho ou coisa parecida (existem discos que, como uma boa bebida, ficam melhores a medida que o tempo passa – e este parece ser o caso) e merece ser escutado com bastante atenção, pois faz jus a fama do hard rock setentista.

O Jericho Jones (ou Jericho) pode não ter alcançado um grande sucesso em sua época, mas é inegável não reconhecer sua qualidade, estilo próprio e grande capacidade de criar grandes canções. Mesmo ouvindo várias bandas da época, seguramente classifico o Jericho como uma das melhores bandas do estilo. Sua força instrumental é fantástica, além de contar com um cantor com uma grande voz. Aproveite .... corra para conhecer !!!

Até a Próxima e Boa Viagem ...