Esse você precisa ver

It's... ...Monty Python
por Leandro Miguel de Souza
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2001


Para Johann Gambolputty de Von Ausfern Schplenden Schlitter Crasscrenbon Fried Digger Dingle Dangle Dongle Dungle Burnstein von Knacker-Thrasher Apple-Banger Horowitz Ticolensic-Grander Knotty-Kurtslich Himbleeisen Grumblemeyer Spelterwasser Ein Nurnburger Bratwustle Gespurten Mitz-Weimache Luber Hundsfut Gumberaber Shönendanker Kalbsfleisch Mittler-Aucher von Hautkopft of Ulm e sua esposa, Sarah Gambolputty de Von... todo aquele sobrenome... of Ulm, com todo o meu carinho.

Parte 1 - Apresentação

Graham Chapman
John Cleese
Terry Gilliam
Eric Idle
Terry Jones
Michael Palin

Parte 5 – Introdução

Você já deve ter ouvido falar de alguns dos nomes acima. Alguns deles são renomados atores e diretores que continuam na ativa até hoje. Mas nunca, repito nunca foram capazes de repetir o brilho de outrora, quando fizeram parte do conjunto que revolucionou a arte de fazer rir e deixou sua marca na história. Eles fizeram parte do Monty Python.

Em idos de 1969, esse bando de lunáticos foi ao ar pela TV One, a poderosa BBC de Londres, e chocou o público britânico com seus esquetes surrealistas, corrosivos, anárquicos, entre tantos outros adjetivos. Eles foram até onde nenhum outro humorista foi. Ultrapassaram a fronteira final do non-sense. Piadas saíam do nada sem explicação, com situações totalmente esdrúxulas, que muitas vezes faziam o público de idiota. Tratavam de assuntos delicados (drogas, homossexualismo, racismo) com a sutileza de um elefante numa loja de cristais. Detonavam e brincavam com celebridades inglesas e mundiais (no programa, fizeram Picasso pintar um quadro andando de bicicleta), subvertiam costumes, fundamentos filosóficos e religiosos com as mais absurdas e ferinas idéias. Tinham também suas sacadas mais discretas, mas incomparáveis com o atropelo de gags e insanidades que dominavam seus shows e filmes.

Com esse humor devastador e sem respeito algum, o Monty Python acabou se encaixando naquela categoria do ame ou odeie. Quem gostava das macaquices do sexteto, gostava até o último fio de cabelo. Quem não apreciava a sua irreverência por vezes ofensiva, odiava até a morte. Existiam também aqueles que não tinham opinião, porque não entendiam bulhufas do que viam.

Ao redor do mundo, inclusive no Brasil, os ingleses (sim, sim, o Gilliam é americano) ficaram mais conhecidos pelos seus trabalhos no cinema: Em Busca do Cálice Sagrado, A Vida de Brian e O Sentido da Vida. Influenciaram uma geração inteira de humoristas: do Saturday Night Live, passando pelo trio ZAZ – David Zucker, Jim Abrahams e Jerry Zucker, que dirigiram pérolas do pastelão, como Apertem os Cintos... o Piloto Sumiu e Top Secret – aos nossos conterrâneos do Casseta & Planeta e da TV Pirata, a herança "pythonesca" se faz presente.



Parte 67 – Desabafo Sério e Besta

Hoje pela manhã, entrei numa locadora e vi largadas na parte de baixo de uma prateleira, as duas obras-primas do Monty Python (Cálice Sagrado e Vida de Brian). Fiquei pensando nos jovens que lotam as filas para assistirem a aberrações (Todo Mundo em Pânico) e fiquei apavorado com o futuro. Quantas baixarias ainda serão jogadas contra nossos olhos? É esse o futuro das comédias non-sense (ou pior, o futuro das comédias)? Não custa nada ousar, colocar um pouco de cérebro na coisa. Tem que ser muito inteligente para ser um perfeito babaca. E não um Johnny Knoxville da vida (burn in hell).

Parte 19,3 – Os Irmãos com Gravadores em seus Narizes (em Estéreo)



Parte 264 e ½ - História Séria (mas não Besta)
e Longa e Legal e Sobre o Monty Python


O início da cruzada do MP se deu nos corredores das mais respeitadas instituições de ensino da Inglaterra: as universidades de Cambridge e Oxford. Os Pythons começaram a demonstrar seu talento para a comédia em shows internos promovidos pelas sociedades universitárias.

A Footlights, de Cambridge, era a sociedade mais famosa por seus espetáculos cômicos. No início da década de 60, conseguiram notoriedade além dos muros da universidade. Graham Chapman, então estudante de Medicina, e John Cleese, estudante de Direito, se conheceram e tornaram-se amigos dentro da Footlights. Com a saída dos líderes da sociedade, Cleese e Chapman foram alçados à linha de frente da companhia, onde obtiveram consideráveis elogios e levaram seu espetáculo à lugares como Nova York. Depois de uma temporada na Big Apple, Cleese decidiu ficar na cidade, onde meses depois conheceu o fotógrafo e cartunista americano Terry Gilliam (que já trabalhava para revistas como Mad e Pilote). Em Oxford, Michael Palin e Terry Jones já exploravam territórios "pythonescos" em suas apresentações. Títulos singelos como Enforque-se e Morra e esquetes inspiradores onde comiam sabão em pó davam uma idéia do que viria. Devido a diversas apresentações em teatro e rádio, os rapazes despertaram a atenção do produtor/apresentador David Frost, que os contratou para escreverem seu programa The Frost Report, na BBC. Lá conheceram Eric Idle, ex-estudante de Cambridge e também roteirista em início de carreira.

Dentro da emissora, os futuros Pythons, desenvolveram sua verve cômica divididos em diferentes programas. Enquanto Jones, Idle, Gilliam e Palin inseriam seu estilo em programas infantis, Cleese e Chapman envolviam-se em humorísticos mais tradicionais. Mesmo, com todo um leque de oportunidades se abrindo em frente deles, John teve a bendita idéia de se reunirem para um programa. Sob a tutela do produtor Ian McNaughton, os seis (Chapman, Cleese, Gilliam, Jones, Idle e Palin) assinaram um contrato para uma temporada de treze programas onde trabalhariam como roteiristas e atores.

Desde o início do projeto, os quase-pythons já seguiam a idéia de um programa diferente do convencional. Removendo a necessidade de punchlines (frases de efeito) e injetando um bem-vindo excesso de maluquice, criaram um estilo próprio e inconfundível. O nome Monty Python deve-se ao nome do humor do grupo, que foi batizado por eles mesmos de "pythonesco". Já o Flying Circus é uma homenagem ao esquadrão-de-um-homem-só do Barão Vermelho, na Segunda Guerra Mundial. Em 5 de Outubro de 1969, nascia o Monty Python's Flying Circus.

Cansados das restrições dos produtores e atores quando eram apenas roteiristas, estavam aliviados pela possibilidade de explorar novos universos. O fato de seus programas irem ao ar sem avaliação prévia da emissora só contribuía para a liberdade dos humoristas. Vindos das classes média e alta, os rapazes se sentiam a vontade para esculhambar a pomposa sociedade britânica. Transformavam a elegância anglo-saxã na mais total idiotice. Nada escapava do rolo compressor dos Pythons. Chegaram a liderar uma campanha a favor da extinção dos contadores ("essa praga social que assola a Inglaterra"). Estas atitudes irreverente colocaram o MP em rota de colisão com Rotary Clubs, repartições públicas, vendedores de lingerie e rodas de chá afins. Essas críticas foram usadas inclusive como combustível cômico, exemplificado pelo personagem do Coronel (Graham Chapman), que sempre interrompia os esquetes mais absurdos ("Stop that! It’s Silly!"), como o ataque selvagem de placas de sinalização (dã?). No entanto, por incrível que pareça, a popularidade do caras só cresceu.

As duas primeiras temporadas representam o apogeu criativo do programa. Esquetes como o do pudim jogador de tênis (?), a orquestra de ratos e a piada mais engraçada do mundo (esse é preciso ver para acreditar!!!) tornaram-se clássicos e são engraçados como poucas coisas nesse mundo (sem exagero). Gilliam era o Python que menos aparecia; o americano se responsabilizava pela direção dos esquetes e pelas bizarras animações que intercalavam-se aos quadros. O Flying Circus durou três temporadas com sua formação original, mais uma sem a participação de Cleese, que saiu temendo o desgaste e a repetição. Os membros restantes tiveram a sensatez que encerrar as atividades televisivas em 1974, abrindo caminho para empreitadas individuais e um novo formato para o MP, novamente com a formação completa: o cinema. Na verdade, em 1972 já haviam tentado a telona com E Agora, para Algo Completamente Diferente, uma compilação dos esquetes do programa de TV, que serviu como uma apresentação do combo humorístico fora da Inglaterra, mas que acabou não muito bem sucedida. O título faz referência ao personagem de John Cleese que aparecia entre as cenas, e citava a frase para interligar os quadros ("And now, for something completely different..."). Trocando a televisão pelo cinema, o grupo saiu de um esquema corrido, que muitas vezes ocasionava programas irregulares, para entrar num método mais tranquilo e que os possibilitou elevar suas maluquices à potência máxima.

Interrompemos o texto para apresentar:

Parte do Meio – O Meio do Texto:



Obrigado. Voltemos agora à atração principal:

Parte 264 e ½b – Continuação Daquela História Que Vocês Estavam Lendo
Até Serem Interrompidos Por Essa Foto Acima:


A prova saiu em 1974. Com a direção dos dois Terrys, Monty Python em Busca do Cálice Sagrado, uma paródia das Cruzadas com seríssimas restrições orçamentárias, mostrou os humoristas em sua melhor forma. Transitando entre sacadas geniais e hilárias criancices (NI representa alguma coisa pra você?), criaram uma das melhores comédias de todos os tempos, obtendo grande reconhecimento além da ilha britânica e também atraindo a atenção para o programa televisivo.

Depois do sucesso de Cálice... e antes da seguinte investida cinematográfica, alguns dos Pythons soltaram seus projetos individuais: Eric Idle e o Python-de-ocasião Neil Innes mandaram o Rutland Weekend Television, uma paródia aos programas regionais britânicos e que gerou a gozação aos Beatles The Rutles: All You Need Is Cash (com participação de George Harrison). Satirizando a literatura inglesa, Palin e Jones fizeram a premiada série Ripping Yarns. Mas quem se saiu melhor foi John Cleese, com sua sitcom Fawlty Towers. Inclusive, entre o grande público inglês, o ator é mais reconhecido pelo papel do empresário Basil Fawlty do que seu trabalho no Monty Python.

Em 1977, Terry Gilliam, Terry Jones e Michael Palin se reuniram para mais uma empreitada em celulóide, outra vez situada na idade média. Ela não levava a assinatura do MP, mas carregava consigo todas características comuns do conjunto. Sob a direção de Gilliam, Jabberwocky conta a história de um vendedor de barris (Palin) que é confundido com um príncipe e forçado a enfrentar o dragão que assola o reino. Com uma produção um pouco mais esmerada e gags inspiradas, o filme foi sucesso de crítica, mas naufragou nas bilheterias.

Durante esse tempo, as atividades referentes ao grupo limitaram-se a uma série de livros e discos. O álbum Matching Tie & Handkerchief destaca-se por ser o primeiro disco de três lados da história. O vinil tinha uma segunda trilha de sulcos, e dependendo de onde a agulha passava, os esquetes se alternavam. Foram responsáveis por controversas pérolas do cancioneiro popular britânico, como a profética Farewell to John Denver, a pacífica Never Do Harm To An Irishman, sem contar a romântica Sit On My Face (gravada até pelos Rolling Stones), do clássico Contractual Obligation Album.

1979. O Monty Python estava de volta. Com um enredo levemente baseado na vida de Jesus Cristo, A Vida de Brian chegou causando polêmica. Conta a história de Brian (não me diga!), um jovem nascido na mesmo dia e hora que Jesus e que é confundido com o messias. A idéia de Eric Idle (que inicialmente tinha o título de Jesus Christ: Lust For Glory), foi misturada com conspirações governamentais, alianças secretas para derrubar o Império Romano, Star Wars e outras gloriosas asneiras. O filme, dirigido por Terry Jones, por pouco não ficou no meio do caminho quando, durante as filmagens, com locações na Tunísia, a EMI retirou a verba de financiamento do projeto. Mas, como uma graça divina (sem trocadilhos), o eterno beatle e "pythonmaníaco" George Harrison bancou as despesas de produção, investindo a generosa quantia de 2 milhões de libras. À parte do estrondoso sucesso de crítica e bilheteria, o filme foi alvo de intensas manifestações religiosas. Católicos revoltados com o deboche do filme organizavam piquetes em frente aos cinemas que exibiam a película. A exibição televisiva de Brian foi proibida em diversos países, até na Inglaterra, onde só foi liberado em 1992!

Cada vez mais envolvidos com projetos individuais (Graham Chapman, arriscou os malfadados The Odd Job e Yellowbeard e Terry Gilliam dirigiu Palin em Bandidos do Tempo), no início da década de 80, os membros do sexteto se reuniram para uma turnê de shows em território americano, documentada no vídeo Monty Python ao Vivo no Hollywood Bowl. A seguinte reunião seria o último registro oficial do MP. Em O Sentido da Vida, novamente sob o comando de Jones, os malucos voltaram com o espetáculo mais escandaloso e ultrajante possível. Ácidos e raivosos, os Pythons dispararam sua sátira contra a igreja, o sistema educacional inglês, o exército e o escambau. O filme, mesmo caminhando numa linha fina entre o hilário e o grotesco, conquistou público e crítica, ganhando até o prêmio do Júri em Cannes/83.

Durante toda a década de 80, rumores sobre uma nova reunião e projetos com gostinho de Monty Python como o bizarro pesadelo de Brazil – O Filme (dirigido por Terry Gilliam e com Michael Palin), e o extraordinário Um Peixe Chamado Wanda (com John Cleese e Palin novamente) mantinham a chama do grupo acesa. Mas em 1989, às vésperas da comemoração de 20 anos do programa, mais precisamente em 4 de outubro (um dia antes do aniversário), Graham Chapman sucumbiu ao câncer de amígdalas, diagnosticado um ano antes, e dissipou qualquer esperança de um retorno dos mestres.



Desde então, os Pythons restantes vêm tocando seus projetos adiante:

- Eric Idle estrelou o divertido Freiras em Fuga e o meia-boca Quem não Herda...Fica na Mesma, lançou alguns livros, comanda o site oficial do MP (www.pythonline.com) e prepara um filme como diretor.

- Terry Gilliam seguiu sua prestigiada carreira de diretor, com os bons O Pescador de Ilusões, Os Doze Macacos e Medo e Delírio, adaptação do insano livro do não menos insano "gonzolista" Hunter S. Thompson. Atualmente passa por dificuldades para produzir seu próximo projeto: The Man Who Killed Don Quixote. Também foi Gilliam quem dirigiu os recentes comerciais da Nike, onde jogadores de futebol se reúnem para um campeonato secreto a bordo de um navio.

- O outro Terry, o Jones, depois do divertido épico Erik, o Viking (1988), escreveu e dirigiu o sarcástico Serviços Íntimos (1991), e também o drama Amigos Para Sempre (1996), o filme que chegou mais perto de uma volta do MP do que qualquer outra coisa no cinema dos anos 90 (Jones, Palin, Idle e Cleese se reuniram no filme). O humorista ainda publicou diversos livros, alguns infantis e outros mais sérios, como um detalhado estudo dos Contos de Canterbury, de Chaucer.

- Michael Palin viajou pelo mundo produzindo especiais para a BBC, lançou livros e fez alguns trabalhos no cinema, como Ferocidade Máxima.

- John Cleese manteve a sua carreira de ator em alta, participando de filmes como Ferocidade Máxima (uma espécie de continuação de Wanda, também com Michael Palin) e adquiriu um bom seguro desemprego: garantiu o papel de "R", o ajudante do cientista "Q", na série 007. Ano passado, estava em dois sucessos de bilheteria: a comédia Tá Todo Mundo Louco e Harry Potter.

Parte –50ºC – Guia prático para curtir Monty Python:

Monty Python’s Flying Circus – The Series (1969-1972)


Em 1994, em comemoração aos 25 anos de criação do MP, todos os episódios do programa Flying Circus foram lançados em vídeo. A série possui 13 volumes, cobrindo três temporadas (1969-1972), quando ainda em sua formação completa. No Brasil, foram editados apenas os três primeiros, que mostram dez programas da primeira temporada (1969). Neles podemos encontrar alguns dos melhores esquetes feitos por eles. Do incompreensível Lariço ao impagável Esquete do Papagaio Morto, esses brilhantes idiotas deitam e rolam. Outras maravilhas: Cutuca-Cutuca, Esquete do Restaurante, A Lhama. É preciso ver para comprovar. Assista e vire fã.


E Agora, para algo completamente diferente... (1972)

Compilação dos melhores esquetes da primeira e segunda temporadas. Muitas coisas que já existem nos três primeiros volumes do programa e outros esquetes divertidíssimos, como o programa que chantageia as pessoas, o dicionário polonês-inglês e a aula de esconde-esconde. Funciona com um ótimo cartão de visitas para o humor do MP.


Monty Python em busca do Cálice Sagrado (1974)

Beleza. Aqui foi beleza. O Monty Python resolveu fazer sua visão desvairada da lenda do Rei Arthur e seus cavaleiros. A história do rei de Camelot e seus súditos Sir Galahad (o Puro), Sir Bevedere (o ????), Sir Lancelot (o Bravo) e Sir Robin (o não-tão-bravo) em busca do Santo Graal, enfrentando perigosos perigos (sic) como ninfetas virgens sedentas por sexo, um coelho assassino, os franceses, além dos amedrontadores cavaleiros que dizem a horrenda palavra... NI! Com baixíssimo orçamento, esses lelés-da-cuca fizeram uma obra-prima. Com a palhaçada iniciando logo nos créditos de abertura, Cálice Sagrado segue frenético, empilhando piada em cima de piada, intercalando estapafúrdios números musicais com a ação, misturando linhas temporais, não dando chance nem de respirar. As risadas não ininterruptas. Misturando inteligentes toques non-sense (como a comunidade anarco-sindicalista que questiona o poder absoluto do Rei Arthur) com absurdas gozações (o monstro da caverna de "Aaaaaagh", a bruxa), e contando com um dos finais mais inacreditáveis da história do cinema, o Monty Python fez uma comédia essencial. NI pra você também!


A Vida de Brian (1979)

Duas obras-primas seguidas! Sem vergonha de subverter a Bíblia, o conjunto fez uma visão toda particular da história de Jesus Cristo. Pra falar a verdade, conta as desventuras de Brian, um jovem que é confundido com o salvador. Ao mesmo tempo que foge de legiões de seguidores fanáticos, Brian se envolve em complôs secretos, facções terroristas anti-imperialistas, trocas de sexo, apedrejamentos e crucifixações diversas. O grupo vem mais sutil, mas igualmente engraçado: tente segurar o riso quando o Imperador Romano (Michael Palin) abre a boca! Aproveitaram a onda e satirizaram até Star Wars, quando alienígenas seqüestram Brian e o envolvem numa perseguição intergaláctica. Cenas como a aula de caligrafia romana e nomes como "Biggus Dickus" entraram para a história. O filme é implacável em seu humor e pode ser meio indigesto para católicos fervorosos. Mas dane-se: esqueça qualquer senso pudico (se é que você tem algum) por uma hora e meia e deleite-se com o fino do humor inglês. Considerado por muitos o melhor trabalho do Monty Python.


Monty Python Ao Vivo No Hollywood Bowl (1981)

Registro da apresentação dos humoristas em Los Angeles. Eles mostram alguns esquetes novos, além de quadros clássicos do "Flying Circus" Vale para mostrar o poder de improvisação dos atores (vide o esquete da competição de pobreza e o do Fórum Mundial). É possível reparar também que nem o próprios Pythons conseguem segurar o riso no meio de tanta maluquice (é de rolar no chão quando Gilliam tenta segurar o riso no esquete da aula de trotes). Um tanto irregular, mas mesmo assim muito bom. Very good indeed.


O Sentido da Vida (1983)

Ganhador do Grande Prêmio do Juri no festival de Cannes de 1983, o último filme do MP mostra o humor do grupo em sua forma mais direta e grosseira, sem perder em diversão. Antes do filme, é apresentado um curta-metragem de Terry Gilliam, onde já exercita seu estilo "épico bizarro": The Crimson Permanent Assurance, uma inteligente sátira ao mundo das finanças. Mas indo ao que interessa, O Sentido da Vida é uma visão impiedosa e cruel das diversas fases da vida do ser humano. Dividido em sete partes com vários esquetes, mostra desde o pesadelo clínico e estéril do nascimento até a patética e inevitável morte. Durante o caminho, destróem católicos e protestantes no demolidor número Todo Esperma é Sagrado, mandam os militares para o raio que os partam (literalmente), evisceram um ser humano para retirar seu fígado, ou seja, essas coisas simples que fazem parte da vida de qualquer ser humano. Menção especial para a indescritível e surrealista-ao-extremo cena Encontre o Peixe (aquele esquema: ver para crer). Mas o filme será sempre lembrado pelo infame esquete Mr. Creosote, onde um indivíduo mais gordo que uma baleia azul (Terry Jones) adentra um sofisticado restaurante vomitando por todo o lugar e comendo como um condenado. Falando assim não parece ser tão engraçado, mas assistir à cena sem cair na gargalhada é tarefa ingrata. Nem vou falar como o quadro termina pra não estragar a surpresa. O grandioso final do filme, com Graham Chapman mandando a melhor personificação de Tony Bennett da história, contribui para o clima de "gran finale" e emociona, ainda mais pelo fato de ser o última vez que esses queridos pinéus estiveram juntos em ação. Só existe um porém: o filme nunca foi lançado em vídeo no Brasil. Apenas em 2000, a Columbia lançou o filme em DVD (fator decisivo para minha compra do aparelho).

Parte 12345678910 – Considerações Finais do Final do Texto

O estúdio independente Hippofilms pretende levar a rica e conturbada vida do suposto líder do MP Graham Chapman às telas: seu alcoolismo, sua homossexualidade assumida e é claro, sua relação com os Pythons. O projeto deverá iniciar suas filmagens no final deste ano, com Rhys Ifans (o companheiro de quarto maluco de Hugh Grant em Notting Hill) representando Chapman. Os integrantes original já se prontificaram a fazer participações especiais no filme, que se chamará Gin & Tonic (a bebida preferida de Graham).

Os ex-Pythons nunca descartaram a hipótese de um revival. Até deram uma palhinha de seu poder quando se reuniram para uma única apresentação, em comemoração aos 30 anos, num festival em 1999. Mesmo com mais de 60 anos nas costas, os agora vovôs são devastadores quando estão juntos. Mas atestam que sem Chapman não é a mesma coisa. Hei de concordar. Mesmo assim seria algo fabuloso se voltassem. Ainda mais para um jovem nascido em 1984, depois do final do MP, que aprendeu a ser fã desses pirados aos 10 anos de idade e nunca mais foi o mesmo desde então.

Parte 10987654321 – Tchau

Tchau.

Links
Site Oficial Monty Python