Faixa-a-Faixa
Amnesiac-
Radiohead
por
Marcelo Siilva Costa
Packt Like Sardines in
a Crushed Tin Box
Começa como se fosse um trip-hop
lento, alternando bateria eletrônica e bateria humana. Um som agudo
distorce
trazendo consigo a voz de Thom Yorke
levemente alterada com efeitos. Os efeitos se misturam e se misturam e
se misturam enquanto Yorke repete infinitamente I´m a reasonable
man, get off my case, get off my case...
Pyramid Song
O piano comanda e parece estar sendo
sutilmente tocado com um martelo. A bateria entra tão sutil quanto
e a canção ganha ares de épica. A voz é dobrada
no meio da música enquanto o vocalista declama o pseudo-refrão:
there was nothing to fear and
nothing to doubt.
O clima é grandioso e belo.
Circulou muito na internet com o nome de Nothing to Fear e Egyptian Song.
Pull/Pulk Revolving Doors
Efeitos, efeitos e mais efeitos. Bateria
eletrônica e baixo agudo marcam o ritmo que circula em torno de si
até desembocar num riacho
de sonzinhos infantis. À frente, uma voz de marciano brinca de dizer
nada sobre nada
enquanto abre portas e portas. Ironia
perdida e dispensável, como a própria canção.
You and Whose Army?
A melancolia volta a reinar com efeitos
e piano. Mais efeitos na voz que soa bêbada sobre uma cama vocal
fúnebre.
A bateria surge da mesma forma e
com a mesma força que em Pyramid Song,
mas a guitarra ao fundo faz a diferença,
por mais abafada que esteja.
A letra é curta e bela, finalizando
com you forget so easy/ we ride tonight/ ghost horses...
I Might Be Wrong
Guitarras, meu deus, elas existem.
A alegria dura pouco para o fã guitarreiro. O riff é repetido
ao infinito, mas a bateria eletrônica, totalmente dispensável,
sugere uma dança na lua. Yorke canta muito, mas a canção
não empolga.
Knives Out
Piano, bateria e arpejos de guitarra
nos levam direto ao berço de Ok Computer. Tanto a temática
da letra quanto a sonoridade remetem a isso. E o resultado é excelente.
Amnesiac/Morning Bell
Uma outra versão para a canção
já lançada em Kid A. Aqui, a letra se apresenta resumida,
mas a economia nas palavras não
é seguida no belíssimo arranjo. Lirismo.
Dollars and Cents
É triste que uma das melhores
letras do álbum tenha sido soterrada em um arranjo demencialmente
fúnebre.
A bateria abusa dos pratos jazzísticos
enquanto os teclados aparecem em crescendos escuros que remetem diretamente
a enterros. Do meio pra frente tudo muda, a bateria acompanha os teclados
e tudo desmorona numa levada de baixo genial. O resultado é ok,
mas não salva a canção.
Hunting Bears
Uma guitarra distorcida e cheia de
efeitos conduz essa faixa instrumental desinspirada.
Like Spinning Plates
Mais efeitos abrem essa canção.
O clima é claustrofóbico. A base é repetitiva e terrivelmente
chata e é sobre ela que o vocalista canta com sua voz cheia de efeitos.
Yorke joga mais uma bela letra no lixo com o arranjo de gosto duvidoso.
É a típica canção
que só fã mesmo pode gostar.
Life in a Glass House
Mais e mais efeitos. A lembrança
da faixa anterior é logo esquecida com a entrada do piano. A voz
vem junto e traz consigo o trumpete do veterano jazzista Humphrey Lyttleton.
A canção parece sugerir que New Orleans é aqui do
lado, do lado da casa de vidro. Clarinete e trombone unem-se ao trumpete
e o clima de boteco reina nessa sensacional faixa de encerramento que sugere
acabar com todo mundo deitado sobre o balcão. O próprio Yorke
parece rir com o crescendo instrumental da canção, embora
seja difícil imaginá-lo rindo.
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