Olhando
a Chuva
de
Marcelo SIlva Costa
Do lugar onde estou não a vejo,
são detalhes, mas esse é
o meu jeito
de suspender desejos,
de atravessar solidão,
estou sem eternidades e isso é
purificação...
Viciei-me em atalhos, neblina e e-mails;
são detalhes tão pequenos,
despedacei-me em sutilezas,
ampliei o silêncio,
e agora acordado, só me lembro,
só me lembro...
Do lugar onde estou, estou só,
estou só,
brincando de lucidez e insinuação
e cruzando os sonhos de um lado para
o outro...
a idéia de amor perfeito é
platônica,
isso me confunde um pouco
é tudo invenção
desconhecida, desutilidade poética...
Viciei-me em baralhos, chocolate e
soníferos;
são detalhes que não
explicam o que sinto
quando não estou sentindo
nada...
esqueci a razão quando estávamos
dormindo
e agora acordado só me lembro
que te amava...
Do lugar onde estou já fui
embora;
são detalhes, mas não
são uma resposta,
apenas chove lá fora,
não quero ficar olhando a
chuva,
estou sem eternidades e não
tenho escolha...