Pequenas Doses
Marcelo Silva Costa em 20.07.00

Rabisco meu próprio espaço 
Preencho todo meu silêncio 
Na dúvida não sonho 
No sonho não penso
Escrevo meu nome na testa... 

Uma nova descoberta acontece 
Apenas não faz sentido 
Promessa não dura nem rima 
É assim que me pego caindo
Rabisco meu próprio caminho... 

Não precisa responder agora 
Esta é a enganação que proponho 
Não significa muita coisa 
Como tudo sem conquista 
Como se tudo fossem flores... 

Armazeno cartas na cabeça 
Preencho todas as estrelas 
No desejo ouço Mogwai 
Na vontade, Bjork
Escrevo seu nome na areia... 

Eu queria tanto ser poeta 
Apenas sorrio sem jeito, demais 
A memória escapa pela fresta 
Me dilui em pequenas doses 
Orvalho de lágrimas na manhã cinza ... 

Que saudade de Ana Cristina César...

Se
Marcelo Silva Costa em 07.06.00

Se a verdade não fosse tão crua
Talvez eu não fosse tão triste
Talvez eu não fosse vazio demais
Nessa noite fria, nesse vinho branco
Nessa mania de ser sonhador...

Se a verdade não fosse tão crua
Eu ouviria "street spirit"
Se fosse tudo mais simples
Talvez eu não fosse tão triste
Se os sonhos não fossem só sonhos...

Tento mudar o que não se muda
Tento pegar o que não se toca
É loucura ter razão
Meus olhos molham na noite sem chuva
Meus anjos me guiam para lugar nenhum...

Eu pediria uma seta indicando o caminho
Eu pediria dinheiro, eu pediria mais vinho
Talvez eu pedisse um pouquinho mais de fé
E fumaria um cigarro, sem acender
Se eu esquecesse das horas, se eu soubesse por que...

Se a verdade não fosse tão cruel
Talvez não houvesse sentido na mentira
Talvez eu não fosse sozinho demais
Nesse quarto pequeno, nesse cd do Wilco
Nessa mania de ser tão imperfeito...

Se não houvessem tantos "se" nesses versos ...

Inspirado em “Poema para mesa de bar”, de Alesandra Aldenora