Fugas
e Facas
de
Marcelo Silva Costa
Nem sempre adianta ser puro de alma
nem sempre adianta e o anjo caído
grita o teu nome
mas acontece que eu não tenho
escolha
e a fuga é tão tola,
tão tola e eu fujo...
O que restou do amor perfeito
é um tipo de saudade medieval
é um tipo de loucura racional,
o que restou de todo amor
foram palavras muitas vezes não
usadas...
Há sempre algo de inesperado
que eu procuro,
há sempre algo de acaso que
encontro,
às vezes a realidade é
melhor que o sonho...
Nem sempre adianta ser puro de alma
e eu aceito:
o esquecimento,
a calma,
a armadilha em que o luar se transforma.
eu aceito:
a lembrança,
o imperfeito,
outro beijo.
te espero:
a poesia é uma faca que rasga
o coração
e o sangue incolor que jorra desse
corte
é a vodka que bebo ao enfrentar
a saudade..
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O amor
dorme
de
Marcelo Silva Costa
Algo me escapa, algo me escapa
e eu não consigo alcançar
a palavra
que desapareceu no ar
na solidão de um quarto vazio,
vazio...
O amor dorme entre desejos e sorrisos
procurando a saída,
estamos em um labirinto,
alguém grita,
e eu não consigo alcançar
o último suspiro...
Acendo outro uísque, bebo outro
incenso
e te divirto...
o amor dorme, dormindo...
estamos em um barquinho, sozinhos...
no meio do oceano, entre tubarões
famintos...
Algo me escapa, algo me escapa
e eu não consigo pegar a palavra
que dissipou-se no ar como fumaça,
mas não há fogo
e o amor dorme em um sonho belo e
perigoso...
Não vejo nada nesta noite escura
e calma
mas sorrio procurando a palavra,
todo um parágrafo perdido
que desapareceu com o líquido
na solidão do fundo de um
copo vazio, vazio...
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