Fragmentos
de um jardim
de
Marcelo Silva Costa
O mundo está parado, não
ouço nenhum segredo.
as tardes são tristes
e são o que eu tenho.
o rapaz na tv pede para eu ser
meu próprio rochedo
e cansado de toda essa intimidade
com o silêncio,
sou todo ruínas, estilhaços,
derrocadas, fragmentos...
O tempo está parado, resta-me
a tua ausência.
antecipei tempestades mas a luz
continua acesa.
vivo caminhando entre o suicídio
e a sonolência
e entre duas palavras sempre
escolho uma terceira,
sou todo fuga, distração,
inquietude, adolescência...
Resta, acima de tudo, repousos
e decomposição.
a esperança assobiando
o início da última canção.
estrelas caindo à lua
cheia em um jardim noturno.
esse desejo ridículo de
não se viver em vão.
resta, ainda, cinzas, melancolia
e submersão...
O ritual está parado,
resta-me o desejo.
o tempo da memória é
o que estamos vivendo.
vou sair correndo embora já
esteja sabendo,
que tu és a que foge e
que não há jeito,
preciso descansar minha alma,
quero acampamentos...
A estrada está parada,
não leva a lugar nenhum.
grito teu nome e em todas as
ruas nenhum som.
a desculpa que tenho é
que eu sou o que sou,
ser ou não ser? that is
the question...
é tão belo e é
tão ridículo e é amor, é só amor...
o resto são palavras para
sair no jornal...
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