CALMANTES
COM CHAMPAGNE
I was a punk! Now, I'm Just Stupid!
por
Marcelo Costa
20/07/2000
Bem,
este é um texto que eu havia publicado na seção MAIS anos atrás,
e que eu peguei citando mais de cinco meses nos últimos dias.
Como é um texto bem pessoal e se encaixa nesta parte de colunas,
achei legal deixar ele por aqui. ;_) 23/08/2005 Marcelo Costa
Parece que está na moda ser punk hoje em dia, certo. Bem, eu já fui punk, mas isso faz tempo. Lá pelos idos de 84/85... Eu fugia de Taubaté e andava pelos becos de São Paulo trajando roupas sujas e rasgadas, cabelos sem corte, além de saber cantar todas as letras dos Sex Pistols. Shows eram festas: Cólera, Inocentes, Olho Seco, Garotos Podres...
O tempo foi passando e a ficha caiu. Além de descobrir que a
mudança não necessita ser na parte exterior (roupas e tal),
e sim interior (atitude), também descobri o The Clash, a maior
banda de todos os tempos. Após isso veio a pós-punk, um movimento
multi-estilístico que renovava o pensamento de outras gerações,
traduzindo-os para nós, sem aquele q de babaca que aquelas gerações
tinham. Oba, encontrei uma razão para viver. E uma porção de
bandas novas! Mas uma vez punk, sempre punk (apesar da afirmação
correta do título, tirada da genial canção Awful do Hole.
Um dos dogmas não escritos do movimento, que sempre admirei, foi o de enxergar todo mundo como gente comum. Não existem gênios, pessoas do outro mundo e tais, para punks. Existe gente legal que faz coisa legal, só isso.
Partindo desse pensamento, a Alison de um amigo, ao comentar
um texto que fiz, e que versava sobre os meus 15 filmes preferidos
da década de 90, me chamou de pretensioso. Acredito que sua
opinião tenha sido balizada pelo fato de eu ser "apenas"
um fã de cultura pop - obcecado, apaixonado, sonhador e chato
- e não um crítico de arte. Tudo porque eu disse que tal diretor
(a propósito, Peter Weir) havia "acertado a mão" em
tal filme (a propósito, Trumam Show) como um dia havia
acertado em outro (a propósito, Sociedade dos Poetas Mortos).
Eu queria saber em que ponto ou virgula estampei minha pretensão?
Será que por ser um "gênio" do cinema, ele não tem
o direito de errar, de fazer um filme ruim, "errar a mão"?
Todos os cineastas só fazem obras-primas?
Não. Mesmo que alguém tenha a fórmula do sucesso, algo sempre sai diferente. E isso muitas vezes pode ser bom, como ruim. O caso é que cineastas, assim como roqueiros, zineiros e palhaços de circo, são humanos, como eu e você que lê agora essas linhas. Se Steven Spilberg der um tiro na cabeça, como fez Kurt Cobain, não vai sobrar nenhum soldado Ryan para contar a história (aliás, ô filminho insosso. Deveriam deixar apenas a meia hora inicial). E se eu fizer a mesma coisa (bala na cabeça), era uma vez. Ou seja, somos todos iguais. A diferença é que Spilberg faz filmes, Cobain fazia canções e eu faço uma lasanha que nem te conto. Ou seja, não existem gênios. Existem, sim, uma porção de pessoas legais fazendo coisas legais em áreas diferentes. Nós simplesmente coroamos com nossa preguiça e falta de coragem a chance de sermos cineastas, músicos ou palhaços de circo tão bons quanto aqueles que pagamos para ver num cinema, num circo, ou ouvir num cd.
Lembro de um cara que dizia que triste são aqueles que precisam
de heróis. Porque o herói é aquele que faz as coisas pela gente
(seja filmes, canções, palhaçadas ou decisões políticas). A
partir do momento em que damos conta do recado, o gênio/herói
deixa de ser algo mítico para se transformar apenas num ser
humano admirável. Afinal, como dizia Maiakovsky, "gente
foi feita para brilhar". Todos nós. Por isso tudo que
alguém pode "acertar a mão" em um filme, e errar em
outro. É normal. Ele é humano, merece o benefício da dúvida.
E eu, com o mísero conhecimento que tenho, apenas comento. Você
pode concordar ou não, mas aí já é outra coisa.
Lembro de ter lido que Einstein vivia tão enclausurado em seu
laboratório, com a cabeça formulando mil teorias, que fora dali
não sabia fritar um ovo. E você pode ter certeza, se era realmente
assim, nisso eu sou melhor que Einstein.
Marcelo, 30, assim como Wander
Wildner, hoje é um hippie cyber punk andando com anjos e demônios
maccosta@hotmail.com
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#3 - Álvaro
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#6 - Ano novo,
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#8 - Bob Dylan,
Martin Scorcese e a História Universal
#9 - Eu quero
ser Spike Jonze
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