Janeiro 2001

Mudou o mundo ou mudei eu?

Ano novo, vida nova, dizem.
Uma velha canção dos Engenheiros do Hawaii sentenciava que só havia "a certeza de que o último dia de dezembro é sempre igual ao primeiro de janeiro".

O que muda?

Para a família Scream & Yell, muita coisa. Ou nada. Tudo depende do ponto de vista.
O ano de 2000, no campo pessoal, foi ok. Para o fanzine, ótimo, mesmo que só tenham saído uma versão on paper e dois informativos, o nome Scream & Yell ficou mais conhecido.

E no fim de dezembro estreamos essa página. Os números me surpreendem.
Da versão on paper, resumida em seis números de fanzine e três informativos, mais de 9000 impressos com a marca S&Y. Na versão on line, mais de 1600 pessoas acessaram o site, gerando um número de acessos que ultrapassa os 60.000.  É para se ficar contente, claro.

No fim, como dizia outro, é apenas rock and roll, e eu gosto.
E nada muda, pois tudo continua como dantes nessas páginas. Continuamos escrevendo por paixão.
Quem gosta, seja bem-vindo. Quem não gosta, também.
E quem quiser pagar cerveja pra gente, é só marcar o lugar.

Planos? Atualização quinzenal dessa página e uma versão on paper para fevereiro, com o supra sumo dos textos da versão on line. Se tudo der certo, nos veremos em breve.

Grande abraço e feliz ano novo.

Marcelo Silva Costa
Editor


Receita de Ano  Novo
Carlos Drummond de  Andrade

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem  sentido),
para você ganhar um ano,
não apenas pintado de novo,  remendado às carreiras,
as novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo até no coração das  coisas menos percebidas
(a começar pelo seu  interior),
novo, espontâneo, que de tão  perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se  passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanhe ou qualquer outra birita,
não precisa receber nem expedir mensagens
(planta recebe mensagens, passa telegramas?),
não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas.
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança,
a partir de janeiro as coisas mudam
e seja tudo claridade,  recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de  pão matinal,
direitos respeitados,  começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano-Novo
que mereça este nome,
Você, meu caro, tem de  merecê-lo,
tem de fazê-lo novo e eu sei que  não é fácil.
Mas tente, experimente consciente.
É dentro de você que o Ano  Novo
cochila e espera desde sempre.