"Mary Star Of The Sea" - Zwan
(Warner)
Billy Corgan pode ser chato (e é),
ter o timbre de voz de taquara rachada (e tem), mas não é
bobo. O cara tem tudo planejado em sua mente (diabólica?). Assim
que jogou o Smashing Pumpkins no buraco, juntou um time de "estrelas" indies
e montou o Zwan, com o ex-Pumpkins Jimmy Chamberlin na bateria, Matt Sweeney
(Chavez) numa guitarra, David Pajo (Slint) na outra e Paz Lenchantin (A
Perfect Circle) no baixo. O resultado é Mary Star Of The Sea, álbum
que lembra mais o Hole de Celebrity Skin (que Corgan praticamente produziu
inteiro para Courtney Love)
do que qualquer um dos discos do Smashing Pumpkins. Na verdade, é
como se o Beatles de Please Please Me tivesse surgido nos anos 90, mas
com a voz de Corgan bem a frente (nada de vocais melodiosos então).
Ou seja, o cara parece estar feliz e apaixonado. "Lyric" abre o álbum
com uma excelente bateria, aquele vocal eternizado em canções
como "Today" e "1979" e guitarras comportadas. No meio, baladinhas ora
aceleradas ("Honestly"), ora mais lentas ("Of A Broken Heart"), ora folks
("Come With Me"). Ruídos surgem no rock "Ride A Black Swan" e nos
14 minutos de "Jesus, I/Mary Star Of The Sea". Se Corgan acabou com o Smashing
por não conseguir "competir" com as Britney Spears da vida em vendagens,
nesta volta com o Zwan, o músico procurou compor canções
para todo mundo ouvir (e comprar). Assim, soa pop rock de qualidade, nem
barulhento demais para assustar as vovós, nem leve demais para não
conquistar a molecada. É só um bom disco para se passar o
tempo. Se isso basta ou não já é assunto para outra
conversa.
Marcelo Silva Costa |