Zeca Baleiro - Baladas do Asfalto & Outros Blues
Lançamento Nacional (Universal) - Em média: R$ 22,00
13/11/2005
Apesar de ser bastante admirado pela turminha cool de classe média
alta, por publicitários e por universitários (este último, o pior
público que um artista pode ter), Zeca Baleiro - assim como Lenine
- sempre foi visto como uma atualização daquela turminha que colocou
o nordeste no mapa da MPB nos anos 70, gente bacana como Alceu Valença,
Fagner, Geraldo Azevedo, entre outros, que, no entanto, nunca tiveram
reconhecimento crítico nem nunca foram levados com a seriedade que
sempre mereceram. Ou seja, Zeca sempre foi olhado com desdém pelo
público roqueiro, mesmo sendo goiano e colocando pitadinhas de eletrônica
em seu som. Baladas do Asfalto & Outros Blues tem tudo para mudar
esse cenário. Quinto disco de inéditas de Baleiro, Baladas do Asfalto
& Outros Blues deixa a eletrônica de lado e é um disco musicalmente
inspirado, cheio de frases matadoras e boas melodias ao violão. Entre
os destaques, a faixa título (um blues que crava: "Mesmo o mais sozinho
nunca fica só / Sempre haverá um idiota ao redor"), o rock de tons
psicodélicos Cachorro Doido (que cita Mutantes na letra), a ensolarada
Quando Ela Dorme Em Minha Casa e a sensacional Meu Amor Minha Flor
Minha Menina, com guitarra suingada, bateria marcante e letra estupidamente
genial: "Meu amor minha flor minha menina / Solidão não cura com aspirina
/ Tanto que eu queria o teu amor // Vem me trazer calor, fervor, fervura
/ Me vestir do terno da ternura / Sexo também é bom negócio / O melhor
da vida é isso e ócio / Isso e ócio // Minha cara, minha Carolina
/ A saudade ainda vai bater no teto / Até um canalha precisa de afeto
/ Dor não cura com penicilina". Um arranjo de cordas fecha uma das
grandes músicas da MPB em 2005 e destaca Baladas do Asfalto & Outros
Blues como um álbum que merece ser ouvido com muita atenção
Marcelo Costa