Entrevista - Violins
por
Tiago Agostini
Blog
Foto: Divulgação
31/05/2006
"Já
gastamos nossas fichas em tudo que podia acontecer de estranho
nesse ano. Agora é só coisa boa pela frente." É fácil entender
as palavras de Beto Cupertino, vocalista e guitarrista do Violins,
se você acompanhou todas reviravoltas que aconteceram com a
banda em 2006. Dono de um dos melhores discos de 2005 (Grandes
Infiéis), o agora quarteto goiano passou por poucas e boas.
Primeiro o guitarrista Léo Alcanfor foi para a Inglaterra no final de fevereiro, deixando a banda. Em dois meses ele estava de volta, e o quinteto ficava completo mais uma vez. Mas, alguns dias depois, o guitarrista e seu irmão, Pierre (bateria), decidiram deixar de vez o grupo, alegando motivos pessoais. Sem duas peças importantes era impossível continuar a tocar. O Violins chegava ao fim em 6 de maio.
A reação dos fãs da banda foi imediata. Choveram lamentos e
pedidos de volta na comunidade da banda no Orkut (em dois dias
foram 125 posts no tópico "Fim"). E, no dia 9 de maio,
Beto postava uma carta de Pierre, mostrando sua surpresa com
o tamanho carinho que as pessoas tinham pela banda e, assim,
dizendo que voltava a tocar. Seu irmão continuava fora, mas
a banda, a partir daquele dia, seguiria como quarteto, completa
por Pedro Saddi (synth e teclados) e Thiago Ricco (baixo e vocais).
Uma das mais importantes bandas do cenário independente brasileiro acabou por três dias. Vale a frase chavão: O Violins morreu. Viva o novo Violins. A nova história começou a ser contada no dia 20, no festival Bananada, em Goiânia. E a banda mira no futuro. Quase todo composto, o sucessor de Grandes Infiéis começa a ser gravado em julho e deve sair até o fim do ano. Com a palavra, Beto Cupertino: “de minha parte, esse próximo disco é a melhor coisa que já fizemos como banda, eu não tenho dúvida quanto a isso”.
Nos últimos meses muita coisa aconteceu com o Violins. Você
pode fazer um breve resumo disso?
Bom, primeiramente o Léo se mudou para a Inglaterra, onde passou dois meses. Não era idéia voltar tão rápido, e então a banda estava ensaiando como quarteto com a saída dele. Após sua volta, ele foi reintegrado à banda. Alguns dias depois, o Léo e o Pierre resolveram abandonar o Violins, por motivos pessoais. Poderia dizer que a banda acabou por uma semana, quando o Pierre voltou atrás na sua decisão e resolveu voltar a tocar. Já o Léo permaneceu de fora e assim a banda continuará como quarteto pro próximo disco e pros shows.
Qual foi a sensação durante esse tempo?
As coisas acontecem e a gente precisa entender o lado de todo mundo. Eu sou muito amigo de todos eles e a sensação sempre foi a de que, se é melhor para eles assim, eu dou total apoio em qualquer decisão.
Como foi a participação dos fãs na história? Eles foram fundamentais na volta?
Com certeza foram, porque acho que a gente não esperava uma reação tão imediata e calorosa por parte das pessoas, como a gente teve. Foi uma coisa muito legal de ser vista, um sinal de que a gente importa pra certas pessoas, o que já dá aquela sensação de missão cumprida como banda.
O que você achou desse apoio?
Achei sensacional! Eu tenho consciência hoje de que a banda não somos mais só nós quatro, é muita gente.
O que esses episódios trouxeram para a banda?
Acho que hoje a banda está mais certa do que ela significa pra cada um, isso foi importante. Principalmente pro Pierre, que hoje sabe onde é o lugar dele!
Vocês estão mais unidos?
Com certeza absoluta! Muito unidos. Mas, na verdade, a gente nunca foi desunido. O que aconteceu foi um desgaste natural de um casamento como banda, mas nunca da amizade que a gente sempre teve.
Antes de anunciar a volta vocês iam fazer um último show no Bananada. Como estava a emoção de fazer um show de despedida?
Cara, ia ser muito difícil isso. A gente faria mais pelas pessoas que acompanham a banda e pelo compromisso com a Monstro. Porque pra gente ia ser bem difícil!
O Leo está fora da banda mesmo? Por que ele saiu? Vocês pensam em trazer ele de volta?
Ele está fora. A gente não vai fazer nada pra isso, acho que ele está bem com sua decisão, isso que importa. Ele quer perseguir outros projetos como guitarrista, e eu desejo muita sorte e sucesso pra ele!
Vocês continuam como quarteto ou pretendem colocar outro guitarrista?
Não haverá outro guitarrista. A banda continuará como quarteto de agora em diante, inclusive pra gravar o disco novo.
É viável tocar com só uma guitarra já que o som de vocês
é baseado em guitarras entrelaçadas?
Vai ser um desafio, mas o Pedro está fazendo o papel da guitarra do Léo com sintetizadores. Algumas músicas são bem difíceis de serem tocadas sem a outra guitarra, mas estão sendo adaptadas.
Tem projetos de outros shows depois do Bananada? E o disco novo, como está?
Por enquanto, nada marcado. Depois do Bananada a gente vai se
dedicar a gravar. Estamos em fase de pré-produção. Já temos
o repertório praticamente pronto, estamos ensaiando e avaliando
os arranjos.
Vocês já tem algo gravado?
Ainda não, a gravação começará em julho/agosto.
Tem previsão de lançamento do próximo disco? Sai pela Monstro?
Previsão de lançá-lo na segunda metade do próximo semestre. Sai pela Monstro, sim.
Como será o som? Vem na base do Grandes Infiéis?
Pra ser sincero eu ainda não sei como será o som. Talvez ele venha de onde parou o Grandes Infiéis, mas há coisas que a gente nunca fez. Cada disco conta uma história diferente, e esse próximo será assim. Em termos de letras, é um disco totalmente novo e inédito, com temáticas peculiares pra gente.
Quais são essas novas temáticas?
O disco vai refletir nas letras histórias e personagens diversos,
que estão metidos em situações bisonhas na vida. Não vou falar
sobre o que é especificamente cada umas das músicas porque aí
perde a graça...
Depois de três CDs, vocês acham que chegaram ao som ideal?
Acho que nossos discos sempre foram o som ideal pra gente na
época em que foram gravados. Eles são passos rumo ao projeto
particular de gravá-los. É muito subjetivo isso de ter uma linha
supostamente ascendente. Pode ter gente que ache que a gente
está descendo ladeira abaixo. Da minha parte, esse próximo disco
é a melhor coisa que já fizemos como banda. Não tenho dúvida.
Mas isso sou só eu.
O que vocês acharam da recepção do Grandes Infiéis
no ano passado?
Foi excelente, acima das expectativas. O disco foi muito bem aceito pelo público e participou de várias premiações em importantes veículos de mídia do meio independente, inclusive ganhando alguns. Com certeza, temos muito orgulho dele.
No Bacana você fez um faixa a faixa do Grandes Infiéis, e no final dizia que achava que as pessoas ficariam felizes depois de ouví-lo. Mas, pela sonoridade bem pesada e algumas letras, acho ele bem denso e reflexivo, por vezes angustiante. Onde está a alegria?
Em acabar de ouvi-lo! hehehe
O Grandes Infiéis me parece um disco bem encadeado.
É um disco para ouvir de forma linear, não funciona em outra
ordem. Vocês tiveram esse cuidado na hora da composição?
Na hora da composição até que não. Mas depois, pra montar o tracklist final, a gente sempre tem que pensar bem que música funciona melhor onde. É importante que o disco comece como tem que começar e termine como tem que terminar, com todo contexto do meio. Se ele te dá essa noção de que não teria como ser em outra ordem, significa que a gente até que acertou ao montar a ordem do tracklist! Mas não foi nada pensado na hora de compor.
Ok, Ok é dedicada a alguém em especial ou baseada em alguma situação?
Pra falar a verdade, não. É baseada na idéia até bastante comum de que a felicidade extravagante de alguém sempre incomoda, e aquele que é triste demais também é difícil de agüentar. Mas não foi endereçada pra ninguém, não.
Para terminar, como nos últimos tempos muita coisa aconteceu no Violins, podemos esperar mais surpresas para os próximos meses?
Eu espero que não! A única surpresa que espero oferecer é um
disco novo que as pessoas gostem e considerem! De resto, já
gastamos nossas fichas em tudo que podia acontecer de estranho
esse ano. Agora é só coisa boa pela frente.
Leia
também:
"Grandes Infiéis",
do Violins, por Marcelo Costa
Site Oficial
do Violins
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