Entrevista com Udora
Ary Marmo
O Som do Som
15/01/2008
Para uma banda independente construir uma carreira e obter reconhecimento não é nada fácil, ainda mais fora do seu país. Imagine então jogar tudo para o alto e começar tudo de novo. Depois de cinco anos nos Estados Unidos, um CD gravado ("Liberty Square") e mais de 150 shows em solo americano, em 2006 os mineiros do Udora (ex-Diesel) resolveram retornar ao Brasil.
Já em terras brasileiras, além de deixarem o inglês de lado, o som pesado deu espaço ao Pop rock, mas a qualidade e a autenticidade foram mantidas. Formado por por Gustavo Drummond (vocais e guitarra), Leonardo Marques (guitarra), Daniel Debarry (baixo) e PH (bateria), o grupo lançou o álbum "Goodbye Alô" em 2007, todo cantado em português. Produzido por Henrique Portugal, tecladista do Skank, o disco apresenta belas canções e possíveis hits como "Por que não tentar de novo?", "Refém do tempo" e "A Falta (Que Me Faz)".
A banda recentemente foi apontada pelo site Myspace Brasil como uma das 10 promessas de 2008. O Scream & Yell conversou com o Vocalista Gustavo Drummond, que falou, entre outras coisas, dos tempos do Diesel, do disco "Goodbye Alô", das novidades do Udora e sobre o CD solo que ele está preparando para 2008. Confira o bate papo:
Muitas bandas nacionais optam por letras em inglês. No caso de vocês, qual foi o motivo que os levou a esta escolha? É mais fácil fazer rock em inglês do que em português?
Na nossa época essa opção era devida ao fato de não termos nenhum artista brasileiro que servisse de inspiração musical, além do desejo de viajar pro exterior. Eu, como compositor, achava que o inglês combinava melhor com a agressividade do rock. Hoje em dia, meus conceitos são bem diferentes. Acho que o português é o caminho, devido à bagagem cultural cultivada há anos em meu país de origem.
O som do Diesel era um rock mais pesado. Você acha que tem pouco espaço no Brasil para bandas que seguem o mesmo estilo? Foi por esse motivo que vocês optaram por ir para os EUA?
Nosso interesse na época do Diesel era de ir pro exterior desde o primeiro dia de banda. As coisas até deram muito certo durante nosso período aqui no Brasil, tocamos em festivais grandes, shows lotados, boa receptividade, estávamos felizes, mas a opção pelo exterior já tinha sido feita há muito tempo, e nós apenas a cumprimos quando chegou a hora.
E como foi o "sonho americano"?
Não teve "sonho americano". O sonho é musical, sempre vinculado à arte que nos faz sentir vivos, independente do lugar ou do clichê. O período que passamos nos EUA foi muito intenso em experiências, aprendizado, alegrias e tristezas. Conquistamos muitas coisas e não conquistamos muitas outras. Foi algo que poderia ter sido vivido também se tivéssemos ido pra Europa ou pra Austrália. Esse mesmo sonho continua aqui no Brasil. É o que nos move.
A banda ainda se chamava Diesel quando tocou no Rock in Rio. Como foi fazer um show pra cerca de 250 mil pessoas?
Foi muito legal. Uma experiência única também. Muita gente cantando, pulando e se pisoteando...
Mesmo depois de uma carreira que estava crescendo, vocês optaram por mudar de nome e estilo. Essa mudança ocorreu por que essa é a praia de vocês ou para se adaptar ao mercado brasileiro?
A mudança do nome ocorreu por causa de um impasse com a marca de roupas Diesel. Foi apenas circunstancial. O som foi mudando porque nós fomos mudando como pessoas. Consequentemente as canções e o direcionamento foi acompanhando essa evolução.
O que a Udora tem do Diesel?
O Udora tem a mesma raça e vontade de compor grandes canções que o Diesel, só que em estilos e épocas diferentes.
Quais as influências da banda?
Hoje em dia, Beatles, The Who, The Clash, The Police, Morrisey, The Smiths, Jorge Ben, Caetano Veloso, Paralamas do Sucesso, Tom Jobim e Skank.
Como foi o lançamento do álbum em português? Rolou um certo
medo por começar tudo de novo?
Foi ótimo. Ficamos super felizes com o resultado e há um público novo enorme que abraça nossa causa de maneira comovente. Sempre dá um frio na barriga de começar tudo de novo, mas é isso que torna tudo especial.
Como foi feita a escolha das músicas? Quais você destacaria? O que elas têm de especial?
Eu compus cerca de 20 músicas e nós estabelecemos um critério no qual só entrariam no disco as músicas que fossem unanimemente aprovadas pelos 4 membros da banda. Chegamos nas 11 finais. As minhas favoritas são "A Falta", "Refém do Tempo", "Meu Pior Inimigo" e "Pôr-do-sol". São canções com um senso de melodia único, energia pulsante e com letras inteligentes. Mas gosto muito do álbum como um todo e acho que foi o melhor álbum da banda até o momento.
"Goodbye Alô" foi produzido por Herique Portugal, do Skank. Qual a relação de vocês com a banda? Vocês gravariam alguma música deles? Qual?
Nós temos muito respeito pelo Skank. É uma banda de valor, com bons músicos e boas composições. Valorizo muito a longevidade da carreira deles e o quanto são efetivos na transmissão da mensagem proposta. Além disso, são nossos amigos e sempre nos trataram muito bem. Gravaríamos uma música deles sim, se a ocasião e o motivo fossem certos. Talvez a "Balada do amor inabalável".
A banda foi indicada pelo Myspace como uma das 10 que pode dar o que falar em 2008 . Pode-se dizer que as mudanças deram certo?
O critério de avaliação pro "dar certo" e pro "dar errado" é muito subjetivo. Na minha opinião, enquanto eu estiver fazendo o que amo e isso me trouxer alegria, satisfação artística e pagar minhas contas sem ir contra minhas convicções, estarei "fazendo sucesso". O Udora me traz isso hoje em dia. Gosto do meu passado, presente e estou otimista com relação ao futuro.
Quais as novidades do Udora para esse ano?
Lançaremos o clipe de "A Falta (Que Me Faz)", já gravado. No
momento se encontra na mesa de edição. Faremos turnês à exaustão
para divulgar o "Goodbye Alô", de norte a sul do Brasil. Onde
der pra tocar, estaremos presentes. Em breve começaremos a esboçar
o próximo disco e começar o ciclo mais uma vez.
Vocês pretendem novamente fazer carreira internacional?
Não está no alto da cadeia de prioridades, mas tudo é possível.
O seu CD solo segue o mesmo estilo do Udora? Quando vai ser lançado?
Meu CD solo é completamente diferente do Udora. Segue uma linha acústica, tipo música de fogueira, cantigas de roda. Chama-se "Azul/Blue" e daqui pro fim de 2008 será lançado, com certeza.
Site Oficial
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