"Auto-Fidelidade" - Ritchie (Deck
Disc)
Pouco mais de dez anos sem trabalho
inédito (excetuando o "super grupo" Tigres de Bengala com Vinicius
Cantuária, Claudio Zoli, Dadi, Mu e Billi Forghieri que lançou
trabalho homônimo em 1993) e o autor de "Menina Veneno" retorna com
disco novo, sem apelar com regravações ou acústicos.
"Auto-Fidelidade" são 14 faixas inéditas (cinco delas cantadas
em inglês) em que o pop rock suave, bem tocado e bem interpretado,
direciona o trabalho. Para a empreitada, Ritchie reuniu um time luxuoso
de músicos de estúdio, incluindo Marcelo Sussekind (violões
e guitarras), Humberto Barros (teclados), Christiaan Oyens (Lap Steel,
Metalofone) e Marcos Suzano (percussão), entre outros. Nas letras,
o velho parceiro Bernardo Vilhena (de "Menina Veneno", "A Vida Tem Dessas
Coisas" e "Vôo de Coração") assina a balada rock "Lágrimas
Demais" ("Mais um dia se passou assim, sem ter fim nem começo"),
a levemente funkeada "Sede de Viver" e o pop leve com gaita deliciosa "Ninguém
Sabe O Que Eu Sei", além de "Jardins de Guerra", com boas guitarras.
O melhor poeta pop da atualidade, Alvin L (responsável pelas letras
do Capital Inicial), assina a nickhornbiana "Auto-Fidelidade" ("Eu tambem
quero o amor perfeito / Desde que ele seja mesmo o amor / Mas eu nunca
quis deixar de ser quem eu sou") e "Lua, Lua", enquanto Erasmo Carlos escreve
"Eu não sei onde foi que eu errei... / Só queria amar você..."
na jovem guarda de "Onde Foi Que Eu Errei/". Composto ao violão
(ao contrário de seus seis álbuns anteriores, em que as composições
partiam do teclado), "Auto-Fidelidade" surge honesto e de extremo bom gosto,
pop perfeito para tocar em rádios, caso essas não estivessem
dominadas pela cultura do jabá. Mas mais do que um registro, a volta
de Ritchie (assim como a de Leoni) com um bom trabalho a margem de modismos
merece ser recebida com aplausos.
Marcelo Silva Costa |