Emoh, Lou Barlow
04/05/2005

Lou Barlow deixou para trás o 'lo-fi' que consagrou não apenas o Sebadoh, mas também o projeto Sentridoh. Isto é perceptível em Holding Back the Year, faixa que abre Emoh, primeiro disco no qual o artista assina com o próprio nome. Holding Back the Year traz a voz de Lou em primeiro plano, clara e cristalina. A parte instrumental também é bem cuidada, e os violões que permeiam todas as canções são acompanhados por ruídos e tratamentos de estúdios impensados no Sentridoh, por exemplo.

Tudo isso é confirmado nos créditos do álbum, pois oito canções foram cuidadosamente gravadas sob a supervisão de Mark Nevers e Wally Gagel, e outras seis, mesmo gravadas na casa do próprio Lou, ficaram longe dos quatro canais. Muito embora o clima intimista que transpassa a carreira do músico permaneça, ele está polido e bem trabalhado. Não apenas Holding Back The Year, mas também If I Could e Confused são bons exemplos deste fato.

A produção limpa acaba por destacar as letras, que ganham força por ficarem em primeiro plano como a voz, e versos como "away, alone, look out/The birds, like me, want you now", de Caterpillar Girl, emocionam pela simplicidade do como tal declaração é feita, assim como Legendary e a singela Puzzle. Por fim, o que mais chama a atenção em Emoh é que Lou Barlow parece não se esgotar. Compositor incansável, suas canções tendem a explorar o que há de simples na vida. E mesmo que ande na linha entre a singeleza e a pieguice, seus passos firmes o impedem de cometer erros que vemos em discos e mais discos lançados mundo afora.

Emoh mostra um Lou Barlow calmo, que agora se divide entre o trabalho solo, o retorno aos palcos da formação original do Dinosaur Jr. (com cotada passagem pelo Brasil no segundo semestre), e o Folk Implosion, que está em descanso (outro projeto de Lou, que teve seu último álbum de estúdio, New Folk Implosion, editado no Brasil pela Trama em 2004). Realmente, Lou Barlow não cansa. Ainda bem.

Maurício de Almeida