Histórias Sem Meio, Começo e Fim, Brinde
15/03/2005

Em Histórias Sem Meio, Começo e Fim, o trio baiano Brinde crava treze grandes canções de inspiração britpop, mas cantadas em português. Produzido por andré t. (Retrofoguetes, Nancyta), Histórias Sem Meio, Começo e Fim entra para o rol das grandes estréias do rock nacional nos últimos tempos.

Primeiro detalhe: a banda consegue unir guitarras e melodias sem abdicar do barulho, em um estilo que é conhecido como power pop e cujo maior representante são os escoceses do Teenage Fanclub. É um som que parece fácil, mas que pouca gente consegue acertar na medida, acabando por se tornar exageradamente barulhento ou melosamente piegas. O Brinde acerta em cheio: melodias pegajosas, guitarras sujas e um ótimo vocal. Segundo, e principal: a banda canta em português, e bem.

Mesmo Assim abre o disco com bateria quebrada, riff forte alternado com dedilhado e refrão grudento. Nunca Fiz Por Merecer destaca o vocal de Henrique Neves, os backing sixties e um bom solo. Se Me Distraio é cadenciada, com uma guitarra cheia de efeitos. Voltar Atrás é rock ao violão com bateria forte. "Eu não sou gênio, mas ainda tenho o meu destino em mãos", diz a letra da excelente Cedo ou Tarde. Madrugada e Inverno são baladas totalmente sixties (a primeira mais calma, a segunda mais nervosa).

Histórias Sem Meio, Começo e Fim prova com canções fortes e produção excelente que, cada vez mais, os melhores discos do rock brasileiro pós 2000 estão sendo feitos longe demais das capitais RJ/SP. E que, mais do que qualquer coisa, depende do ouvinte ir atrás de boas bandas - como o Brinde, já que as rádios e a televisão ainda vivem na idade da pedra da informação musical.

Por Marcelo Costa