Entrevista - Rádio de Outono
por Danilo Corci
Speculum
15/06/2005

O Rádio de Outono nasceu e cresceu em Recife, Pernambuco. Focados no pop rock, suas canções impressionam pela maturidade da composição, feita com muito estilo, seguindo a linha clássica do gênero. Ainda tem alguma dúvida? Para reforçar o quando eles têm talento, a música Lady Básbara acaba de ser encartada em CD na edição do mês de abril da revista italiana LosingToday. O Scream & Yell aproveitou para bater um papo com Gleisson Jones, um dos integrantes do RdO, para descobrir um pouco mais sobre o talento da banda, que deve explodir nas rádios brasileiras muito em breve. Confira a entrevista na íntegra:

Primeiro, o básico: Como surgiu o Rádio de Outono?
Bem, a RdO surgiu a pouco mais de 4 anos aqui em Recife apenas com o objetivo de preencher nossos finais de semana, tanto é, que só depois de quase 3 anos de banda é que começamos a fazer shows com mais freqüência. A idéia inicial era arranjar algumas músicas minhas e se divertir nos ensaios.

Por quê Rádio de Outono?
Rádio de Outono era o nome da banda do nosso primeiro baterista. Ele tinha essa banda, que depois mudou de nome. Nós aproveitamos e o adotamos porque a sonoridade remetia ao tipo de som que a gente queria fazer. Tipo, você escuta o nome e sabe que é algo POP. Antigamente a gente até tentava dar um significado pro nome e tal, mas era tudo mentira.

Quais as principais influências da banda?
Eita, perguntinha difícil essa. Mas vamos lá: Beach Boys, Turma da Mônica, Mutantes, B52's, Pixies, Grupo Rumo, Pink Floyd, Supergrass, etc...

Muita gente, na crítica, compara o RdO ao Ludov. Vocês concordam com esta comparação?
Comparam? Nunca li nada a respeito. Mas se comparam, deve ser porque temos algumas coisas em comum, tipo: Som pop, influências parecidas, garota no vocal, etc. Eu particularmente não acho parecido.

Afinal, quando vem o primeiro álbum?
Breve, breve... Ainda nesse outono.

Me parece que o RdO tem um potencial enorme para entrar nas rádios brasileiras, muito mais do que qualquer outra banda do gênero. Vocês temem pelo famoso devorador de bandas, o sucesso?
Não, nem um pouco. Nós temos uma vocação pop, até em nossas atitudes como pessoas, e isso é refletido em nosso som. Não é nenhuma armação de produtor. Nós somos naturalmente assim, e acredito que se o 'sucesso' vier, não acredito que isso vá mudar.

Bom, Recife é famosa pelo mangue-beat. Vocês dizem fazer uma resposta, o asfalto-beat. O que é isso exatamente e como isto funciona na música de vocês?
Na verdade, isso é apenas conversa de bar. É indiscutível que existe um movimento de renovação da música pernambucana, e ela é uma antítese do que era o mangue, então, nós criamos esse nome apenas para brincar, porque o asfalto cobriu tudo que era mangue na cidade. Então, se o mangue tinha os dois pés fincados no regionalismo, nós somos a resposta a tudo isso, ou seja, não temos nada de elementos regionais em nosso som.

Como foi tocar abrir para o Placebo? Responsabilidade total ou apenas mais um show?
Nós tentamos encarar como um show normal, mas não tenha dúvida que tocar naquela estrutura e pra quase 9 mil pessoas nos deixou um pouco tensos e pensativos. Mas apesar de tudo, fizemos o nosso papel, mesmo sendo apenas 5 músicas.

Turnês pelo Brasil. Algum plano já em vista?
Sim, sim. Só não posso falar nada concreto, porque são só especulações. Agora, se rolar o convite pra algum festival no Sul/Sudeste, vamos aproveitar pra tocar na maior quantidade de lugares possível.

Por fim, as músicas que consegui ouvir da banda (Sabe-Tudo e Além da Razão) são extremamente fortes no quesito pop e refrão. Esta é a verdadeira tônica de fazer música do RdO? Músicas que marcam pra valer?
Como te disse, nós somos pop por natureza, então, acho que isso sempre estará presente em nosso som. Quanto a ter refrão forte ou não, é outra questão, porque nós também adoramos música sem refrão.


Download do single "Além da Razão" no site oficial da Rádio de Outono