"Toda Cura Para Todo Mal", Pato Fu
por Marcelo Costa
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16/08/2005
Toda Cura Para Todo Mal é o oitavo disco da carreira
dos mineiros do Pato Fu, o sétimo álbum de estúdio e o segundo
gravado de forma totalmente independente, assim como a estréia,
Rotomusic de Liquidificapum (1993). Após gravado "em
casa", no estúdio 128 Japs, em Belo Horizonte, e produzido pelo
próprio John, a banda ofereceu o disco acabado para algumas
gravadoras e a Sony/BMG comprou os direitos de distribuição.
O disco quebra um silêncio de quatro anos da banda longe dos
estúdios e marca a admissão do ex-Karnak Lulu Camargo, nos teclados,
piano e sanfona, fazendo do Pato Fu um quinteto.
A rigor, Toda Cura Para Todo Mal é o primeiro álbum que consegue conciliar a perfeição o lado maluco com o lado pop da banda. O já clássico Gol de Quem? unia textos ácidos com melodias chicletes (como nas matadoras Mamãe Ama o Meu Revolver, Vida Imbecil e Spoc). Tem Mas Acabou era mais "certinho" e abriu caminho para os excelentes Televisão de Cachorro e Isopor, que continham ironias, mas com o lado pop ganhando bem mais destaque. Ruído Rosa foi o disco de entressafra e então chegamos a Toda Cura Para Todo Mal, um disco feito com calma, pensado, e que alterna os dois lados da banda com suprema maestria.
Doideras como a black music de Uh Uh Uh, La La La, Lé, Lé!, a marcha rancheira robótica Simplicidade ou a instrumental doida ! convivem lado a lado com a linda rock balada Agridoce (inspirada em Roberto e Erasmo), com a ultra pop Vida Diet e com a deliciosa No Aeroporto. Em Toda Cura Para Todo Mal, os dois lados do Pato Fu recebem a mesma luz, e brilham muito.
John continua acertando em cheio em letras econômicas e de uma leveza impressionante. "Acho que sou um cachorro sim, acho que sou um acho cachorrim, minha vida vai, um ano conta sete, rumo ao fim, acho que ninguém tem dó de mim", canta alegremente Fernanda na divertida Amendoim. Já Simplicidade desenha um quadro bonito: "Quanto menor a casinha, mais sincero o bom dia". Agridoce bate forte no peito, no lado esquerdo: "Saio em segredo, você nem vai notar, e assim sem despedida, saio de sua vida tão espetacular".
No Aeroporto narra uma história na beira de um raio-x antes de um embarque de avião e é divertidíssima enquanto Estudar Pra Quê?, cantada por John, é (deliciosamente) politicamente correta: "Quem mexe com a Internet fica bom em quase tudo, quem tem computador não precisa de estudo: estudar pra quê?". Já Boa Noite Brasil conta com a participação especial da cantora portuguesa Manuela Azevedo, do grupo Clã, e fecha um disco excelente com vários "lá, lá, lá".
Junto ao álbum, a banda distribuiu uma "miniverba para miniclipes entre diretores queridos e novos talentos", conforme contou Fernanda Takai em conversa exclusiva com o S&Y. "Não fizemos qualquer pedido aos diretores, ficaram livres para escolher a técnica que fosse, poderiam contar qualquer estória, a gente não ia meter o dedo em nada. Apenas em alguns deles, a pedido dos próprios diretores, aparece um pouquinho de nós. Também colaboramos com dois deles aqui de BH mesmo, com o roteiro e fotos. Já foram três ao ar: Uh Uh Uh..., Tudo e O Que É Isso?".
A pedido do S&Y, Fernanda comentou faixa-faixa Toda Cura
Para Todo Mal. E, de quebra, adiantou quem vão ser os diretores
dos próximos clipes do disco. Confira.
Faixa
a Faixa - "Toda Cura Para Todo Mal", Pato Fu
por
Fernanda Takai
16/08/2005
01 Anormal - Foi a última composição a entrar no CD.
Ela foi feita em dezembro, as outras canções datam de 2003 em
sua maioria. É a mais pop do disco, vai ganhar um clipe do Jarbas
Agnelli (aquele diretor superpoderoso de Made In Japan).
Gosto muito dos vocais que fizemos pra ela e Lulu gravou um
cravo muito bacana!
02 Uh Uh Uh La La La Ié Ié - É Pato Fu branquinho neguinho
wanna be Jackson Five! Uma das mais divertidas nos shows! Tem
uma letra séria disfarçada pela sonoridade. O clipe que o Laerte
e seus diretores comparsas fizeram pra ela é dos legais da nossa
carreira. Can't you feeeeeeellll?
03 Sorte e Azar - Única faixa que não é só do John. Ela
surgiu a partir de um refrão de uma música do Ricardo, coisa
bem antiga, de antes do nosso disco ao vivo. Difícil de ser
cantada nos shows, principalmente se vem depois de algo bufante
como Capetão 66.6 Fm... Mas é assim que ela funciona
mais ao vivo, pelo contraste. O carioca Roberto Berliner vai
dirigir o clipe dela.
04 Amendoim - Inspirada no Peanuts mesmo. A letra fala
de tempo, cachorros, bebês e inadaptação. O clipe foi feito
pelo Gabriel Barbosa, um novo talento aqui de Belo Horizonte,
eu dei uns palpites no roteiro. Segundo os fãs, é uma das top
3 do disco.
05 Simplicidade - Em termos de sonoridade é uma das mais
interessantes deste oitavo álbum. Apesar do título e da temática,
vem recheada de elementos complexos e tecnológicos. John canta
com voz de robô. Nos shows temos a participação especial de
um astronauta bem legal, feito pelo Agnaldo Pinho (cenário da
turnê Isopor). O clipe desta canção foi feito pelo Marcelo
Dante aqui de BH, um diretor de arte muito bom. Ele fez uma
montagem com várias fotos do Ricardo e de outros fotógrafos
amigos dele.
06 Agridoce - É minha música preferida no disco. Simples,
ultra melodiosa e tem aquela tristeza bonita das melhores fases
de Roberto e Erasmo. John escreveu a canção pensando nesse tipo
de composição. O Luiz Ferré (diretor de Eu) vai fazer
o clipe com ajuda-mutirão de muitos amigos do meio de cinema
e propaganda que devem gostar de nossa música também!
07 No Aeroporto - Acho que tem o arranjo e a letra mais
cinematográfica de todas. Narra um episódio num raio X de aeroporto,
coisa pela qual passamos muito... Lulu e John fizeram arranjos
mais complexos e o Xande tocou como ninguém: muita dinâmica
e bom gosto no arranjo da bateria. Juliana Mundim (carioca-de-brasília-que-mora-em-são
paulo) fez o clipe que mistura cenas em aeroportos e paisagens
pelo mundo afora com animações fofinhas.
08 Estudar Pra Quê? - Música politicamente incorreta.
Talvez seja o ponto do CD em que as pessoas aumentem o som ou
pulem a música. He he. Eu até tentei cantá-la, mas não dava
credibilidade. Eu sou muito caxias! Quem fez o clipe dela foi
o Bill Meirelles de São Paulo, ele fez o projeto gráfico do
Ruído Rosa e boa parte das projeções eletrônicas que
usamos nas duas turnês anteriores.
09 Vida Diet - Outra canção de que gosto muito! Eu gosto
dessas coisas melodiosas, harmoniosas, arranjos macios. A letra
é muito boa. Acho que o John está acertando cada vez mais quando
compõe pra mim, pro meu jeito de cantar . Chamamos o Hugo Prata,
um de nossos diretores favoritos pra fazer o clipe dela. Vai
ficar muito bom, tenham certeza.
10 O Que É Isso? - Música-lista. Difícil de se decorar.
Tem uma sonoridade bem espacial e um clipe fantástico feito
pelo Conrado Almada diretamente da Itália. Está em nosso site
agora.
11 ! - Instrumental que usamos como abertura dos show
híbridos que vínhamos fazendo antes do disco sair. Antes ninguém
se animava muito com ela. Agora um bocado de gente diz que é
uma das preferidas, vai entender... O clipe está sendo feito
pelo Jimmy e Denis Leroy. Aguardem...
12 Tudo - Essa música tinha sido mostrada no fim de 2003
numa série infantil de televisão, mas pouca gente prestou atenção
nela. Depois de um ano, mudamos um pouco o arranjo, Xande gravou
uma bateria de verdade e ela ficou bem legal. Tem um clima meio
"George Harrison vai à India"... O clipe é todo de animação
feito pela Adriane Puresa, uma diretora de Belo Horizonte muito
boa.
13 Boa Noite Brasil - É uma crônica sobre um episódio
que achávamos ser fictício, mas aconteceu com um âncora português
e parece que dias atrás também com um jornalista da CNN. Foi
inspirada no fato de que nos tempos atuais, tudo está registrado
em algum lugar. Ou tem alguém filmando, tirando foto, gravando
o áudio... Tem a única participação especial do disco, a portuguesa
Manuela Azevedo, de quem sou muito fã! O clipe dela acaba de
ficar pronto e foi feito pelo FAM aqui
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