Oasis no Estacionamento do Credicard Hall - 15/03/2006
por
André Azenha
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Foto: cortesia Slidet
22/03/2006
Toda
a vez que os britânicos do Oasis vêm ao Brasil, a imprensa alardeia
a má fama dos rapazes, principalmente dos irmãos Liam e Noel Gallagher.
Dessa vez, na terceira passagem dos bros em terras tupiniquins
(as anteriores foram em 1998 e 2001), não foi diferente. Uma matéria
do site de um grande diário paulistano citava as "Dez Maiores
Encrencas dos Irmãos Gallagher". Pura bobagem. Eles sempre foram
marketeiros de marca maior, e a alcunha de arrogantes, ao menos
nessa noite do dia 15 de março, quando o grupo fez o show da turnê
do excelente álbum Don't Believe The Truth (que recolocou
a banda nos trilhos), ficou de fora do palco.
As quase 15 mil pessoas que compraram os ingressos tiveram que
enfrentar um trânsito caótico para chegar ao estacionamento do
Credicard Hall. Muitos perderam a banda de abertura, o Moptop.
Nas ruas próximas ao local, dezenas de cambistas ainda estavam
vendendo entradas pelo preço comercializado no início da divulgação
do evento: R$ 120. No começo do show, no entanto, o preço caiu
para R$ 50 e teve até gente comprando até por R$ 20. Para quem
estava a fim de faturar uma camiseta, o negócio foi comprar do
lado de fora, por R$ 15, enquanto dentro o valor era a pequena
bagatela de R$ 50. O copo de cerveja (só havia Skin) custava R$
5 e pacotinhos pequenos de Doritos e Ruffles, R$ 3,50. Ai de quem
teve fome.
Dificuldades do público superadas, o quarteto entrou no palco
com pontualidade britânica, às 21h59, antecedendo em um minuto
a programação. De cara, após rápida execução da instrumental Fucking
in the Bushes (que também abriu o show do Rock in Rio) nas
caixas de som, emendaram duas músicas do último trabalho: Turn
Up the Sun, e a primeira e fazer a massa cantar junto, o single
Lyla. A partir daí, começou a cair uma tempestade (foi
quando Noel comparou São Paulo com sua cidade natal, Manchester)
que fez a alegria dos vendedores de capas de chuva, que de R$
3, aumentaram o valor para R$ 10. O pé d'água não atrapalhou em
nada, e ajudou a lavar a alma dos fãs, tomados pelo clima da festa.
Com mais de dez anos de estrada e ótimos discos lançados, o Oasis
é daqueles grupos cheios de hits, dos quais, se nem todas as pessoas
sabem as letras de cor, ao menos lembram dos refrões. Assim fica
difícil não agradar. O som começou baixo, mas logo estava fazendo
o chão tremer. A postura ao vivo dos caras continua a mesma. Paradões,
poucas palavras e uma música atrás da outra. O palco gigantesco
facilitou a visão até para aqueles que ficaram distantes; e o
telão falhou em alguns momentos devido ao tempo.
A formação atual provavelmente é a melhor que a banda já teve.
Isso se deve graças à competência do baterista Zak Starkey (filho
de Ringo Star), do baixista Andy Bell e do guitarrista Gem Archer,
que deram um frescor ao som feito pela turma. Já Noel continua
sendo Noel, mandando bem no vocal quando precisa e firme na guitarra-base.
E Liam continua cantando muito.
A apresentação seguiu alternando grandes sucessos como Morning
Glory, Cigarettes & Alcohol e Acquiesce com canções
novas como Mucky Fingers. Dois fatores chamaram atenção:
o grande número de adolescentes que eram bem novinhos quando o
primeiro álbum, Definiteily Maybe, foi lançado, mas que
cantaram todas as músicas antigas. E a quantidade de pessoas que
acompanhou as músicas novas.
Entre rockões e baladonas, os pontos altos da festa foram logicamente
Wonderwall, Champagne Supernova, Don't Look Back In Anger,
Rock'N'Roll Star e, principalmente, Live Forever. Essa
última foi dedicada por Noel à nossa seleção de futebol (causando
urros de alegria do público). A ausência percebida por algumas
vozes da platéia foi de Stand By Me, deixada de lado junto
com os outros sucessos do álbum Be Here Now. Parada de
alguns minutos e a primeira do bis foi Supersonic. No encerramento,
após 01h40 de rock, em uma das raras vezes que foi possível presenciar
uma canção porrada com bateria rápida executada pelos ingleses,
o clássico do Who: My Generation. Sorrisos e mais sorrisos.
No fim das contas, para quem foi alertado de que ao vivo eles
não faziam jus aos grandes álbuns lançados, e que só dava para
esperar da banda um bando de britânicos malas e enjoados, a surpresa
e a satisfação foram tremendas. Dispensando os discursos a la
Bono Vox ou a mega-produção do U2, e os trejeitos de um Mick Jagger,
o que bastou para (junto com a água vinda do céu) lavar a alma
do povo foi um gigante palco simples e uma banda disposta a executar
corretamente grandes canções presentes na memória de (agora) mais
de uma geração. Afinal, do que mais um bom show de rock precisa?
Ponto para o Oasis e sorte dos 15 mil felizardos que compareceram,
já que o show-extra que aconteceria no dia seguinte foi cancelado.
Leia
também:
'Don't
Believe The Truth', do Oasis,, por Jonas Lopes
'Heathen Chemistry', do Oasis,
por Marcelo Costa
Oasis ao vivo no Rock in Rio
3, por Marcelo Costa
'Heathen Chemistry', faixa
a faixa por Noel e Liam
'Definitely Maybe', faixa a
faixa, por Ricardo Moscarelli
'Familiar to Millions',
do Oasis, por Marcelo Costa
Links
Site Oficial do Oasis
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