Entrevista - Matanza
por Marcos Paulino
Blug
Foto: Divulgação
03/07/2006

O cenário quase sempre é o Velho Oeste norte-americano, com seus saloons, taberneiras e homens sujos, feios e maus. A música é pesada, acelerada, com uma guitarra ágil duelando com um improvável banjo. As letras são secas, sarcásticas, politicamente incorretas. Esses são os ingredientes principais do countrycore, o esquisito nome inventado para definir o som da banda carioca Matanza, que se prepara para lançar seu quarto álbum, o terceiro de inéditas, já que o último, To Hell With Johnny Cash, trouxe covers do cantor americano de country Johnny Cash.

Antes dele, o Matanza havia lançado Santa Madre Cassino, de 2000, e Música para Beber e Brigar, de 2003. A idéia de fazer um disco homenageando Johnny Cash, que morreu em 2003, veio depois que o vocalista Jimmy London comprou um CD com as melhores do cantor, há 14 anos. Fã de country, levou o achado para o guitarrista André Donida ouvir. Adoraram. Assim, chamaram os outros componentes da banda, o baixista China e o baterista Fausto, para gravar o álbum, que ganhou formato dualdisk.

Com isso, o Matanza se tornou o primeiro grupo brasileiro a oferecer essa tecnologia, que, além das músicas, reserva uma parte para um documentário e clipes. Acertadas as contas com Cash, os cariocas começaram a preparar o novo disco, que deve chegar às lojas no final de agosto. Em entrevista ao caderno PLUG, do jornal Gazeta de Limeira, parceiro do S&Y, Jimmy não quis revelar detalhes para não estragar a surpresa, mas garante que o álbum está ficando muito bom. E adianta que gostaria de apresentá-lo num show na cidade. Falta, para isso, a sacada de algum promotor. Difícil, porque Matanza não toca nas rádios.

Uma pena e uma injustiça com a banda, que teve sua semente plantada na extinta Acabou La Tequila, onde Jimmy e Donida se encontraram e descobriram que deviam ser as duas únicas pessoas do Rio de Janeiro que gostavam de country antigo. Daí a resolverem montar o Matanza, para tocar country no ritmo que eles sabiam, ou seja, hardcore, foi um pulo. Depois de ficar conhecido como "Gigante Irlandês" no Rock Gol da MTV, Jimmy ainda se ressente por não ouvir mais sua banda nas rádios. Mas, ao melhor estilo cowboy, em vez de reclamar, prefere tratar disso de forma mais agressiva. Confira entrevista com o vocalista.

Quando o novo CD chega às lojas? O que ele trará de novidades?
Fim de agosto, depois da copa mundial de alienação. As novidades são as músicas, que eu acho que estão do c... Esperem pra ouvir.

No último disco, vocês homenagearam Jonnhy Cash. Como surgiu essa idéia?
Na verdade não foi uma homenagem, foi um acerto de contas. Sem Johnny Cash não teria Matanza, e nós tínhamos a obrigação de explicar isso.

Aliás, como foi essa história do Matanza inaugurar o estilo batizado de countrycore?
Nasceu exatamente ouvindo Johnny Cash, e vendo que o country tosco que a gente se amarrava era tão pesado como um hardcore e violento como o Ramones. Daí pra colocar as guitarras distorcidas foi um pulo.

O tema Velho Oeste ainda tem fôlego para render novas letras?
E algum dia mulher, violência e birita vão perder o fôlego?

A DeckDisc lançou To Hell With Johnny Cash no formato dualdisk. O que representa para vocês serem os primeiros a utilizar essa tecnologia no Brasil?
Representa ser do casting da melhor gravadora do Brasil, que não tem medo de lançar coisas diferentes, nem música que não é feita pra agradar imbecil.

O Matanza não tem nada a ver com a imagem que todos têm do Rio de Janeiro. Vocês se consideram mesmo cariocas?
Não nos consideramos nem brasileiros, quanto mais cariocas.

Sua participação no Rock Gol da MTV foi marcante, claro que não pelo futebol. Como você encarou essa experiência?
Não lembro, estava bêbado.

Além de Johnny Cash, o que mais você tem ouvido?
Willie Nelson, Mike Ness, The Pogues, Shane MacGowan, Slayer e Reverend Horton Heat.

Em que bandas novas brasileiras você apostaria?
Monstros do Ula Ula e Canastra.

O que falta para o Matanza se tornar uma banda mais conhecida?
Rádios que toquem rock de verdade.

Entrevista cedida pelo caderno PLUG do jornal Gazeta de Limeira

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Site Oficial do Matanza