"Bubblegum" - Mark Lanegan Band
por Marcelo Costa
maccosta@hotmail.com
06/04/2005
Nos intervalos da turnê do Queens On The Age em 2003, que divulgava
o poderoso Songs For The Deaf, Mark Lanegan entrou em
estúdio (em vários lugares) e gravou Bubblegum, o sexto
disco de sua carreira solo, recebendo auxílio - luxuoso - do
próprio pessoal do Queens, e, ainda, de PJ Harvey, Greg Dulli
(Afghan Whigs, Twilight Singers), Izzy Stradlin, Duff McKagan
e Alain Johannes (Eleven). O disco foi lançado no segundo semestre
de 2004 na gringa, e acaba de ganhar edição
nacional, via Sum Records.
Bubblegum é um dos álbuns mais pesados da carreira do ex-vocalista do
Screaming
Trees, que estreou solo em 1989 com The Winding Sheet, tendo Kurt Cobain
e Krist Novoselic tocando guitarra e baixo (respectivamente) em Where Did
You Sleep Last Night, que depois Cobain tocaria no especial Unplugged
MTV Nova York, do Nirvana.
Entre The Winding Sheet e Bubblegum, Mark Lanegan se dividiu entre
o posto de vocalista do Screaming Trees (dos excelentes Sweet Oblivion e Dust)
e sua carreira solo, que ainda traz o excelente Whiskey For The Holy Ghost (1994),
o depressivo Scraps At Midnight (1998), o disco de covers I'll Take
Care of You (1999) e o bom Field Songs (2001), todos inéditos no
Brasil.
Bubblegum abre com When Your Number Isn't Up, com Lanegan descarregando
sua belíssima voz sobre uma base lenta, com uma guitarra esganiçada e um teclado
distantes na mixagem. Hit The City traz bateria quebrada, riffs pesados
e baixo carregando tudo, e PJ harvey e Lanegan dividindo os vocais gritados.
Josh
Homme,
do Queens, toca bateria.
Wedding Dress traz um baixo monocórdico, voz cavernosa e clima que lembra
muito Tom Waits, fato que se repete em várias faixas. A tempestade sônica Metamphetamine
Blues combina
bateria
marcial, dois riffs sujos duelando nas saídas do estéreo, Josh Homme tocando
bateria, baixo e guitarra, e uma turma fazendo backing vocals (entre eles, Greg
Dulli e Nick Olivieri).
One Hundred Days abre o lado blues limpo de Bubblegum, que ainda
incluí a curtinha Bombed (em dueto com Wendy Rae), que traz o nome do
disco, Come To Me,
com PJ Harvey - de novo - e a última do CD, Out
of Nowhere.
Quem ouve
a
melodia da suave Strange Religion não pode imaginar que a harmonia vocal é de
dois ex-Guns'n'Roses, Izzy Stradlin e Duff McKagan. Nesta, o baixo fica a cargo
de Nick Olivieri.
O barulho volta a reinar na energética Sideways in Reverse e também em Head -
sendo que esta última lembra muito Jesus and Mary Chain na introdução - enquanto os blues voltam a ficar sujos e estranhos em Can't Come Down e Like Little Wille John.
Com cheiro de despretensão pairando pelos estúdios, Lanegan conseguiu com Bubblegum um
dos melhores discos de sua carreira solo. Quando está com a moral elevada, e, sobretudo, quando não está brigada, está turma até que consegue parir bons discos.
Leia também:
Songs For The Deaf, do Queens On
The Stone Age, por Marcelo Costa
Links
Site Oficial Mark Lanegan
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