"Strays" - Jane's Addiction (EMI)
Lançamento Nacional
01/08/2003

Uma banda que retorna após dez anos separada para tentar reeditar seu passado glorioso já não inspira muita confiança. Pior é quando o produtor do álbum aparece dividindo a autoria das músicas do novo disco com a própria banda. Muuuito suspeito. E se a gente pensar que a banda em questão não teve um passado tão glorioso assim, o CD nem chega perto do aparelho de som. O Jane’s Addiction lançou, ao menos, um álbum nota 7 na vida, "Ritual de La Habitual" no distante ano de 1990. Depois, uma coletânea caça-níqueis. Enquanto isso, seus membros honrosos ou tentavam engatar uma carreira solo (tanto Perry Farrel quanto Dave Navarro), ou brincavam de superstar (Navarro assumiu a guitarra no Red Hot Chilli Peppers do fraco "One Hot Minute" de 1995). Passado a ressaca, três membros originais se enfiaram no estúdio e gravaram este "Strays", tão clichê quanto as fotos dos integrantes sobrepondo paisagens rústicas (imagina, agora eles só freqüentam hotéis 5 estrelas, né). Porém, apesar de toda aura negativa que cerca a pré-audição do álbum, "Strays" se revela, por fim, um disco uniforme. Vai longe o tempo das putarias, rocks malucos, tesão e pirações. A adolescência se foi. E o que se tem aqui é uma banda madura e ciente de seu potencial, profissa até o último acorde, até o fio de voz esganiçada, cumprindo o contrato com uma grande gravadora. O resultado é um bom disco, com um q de RHCP aqui, mais um dedinho da mística de Perry Farrel ali. São onze boas canções que não incomodam quando adentram o ambiente, apesar de que ali pela faixa 7 o som já comece a ficar meio repetitivo. Por isso, o trio de canções inicial – "Just Because" (primeiro single), "Price I Pay" (começa lentinha até a entrada de um ótimo baixo) e "The Riches" – chamam mais a atenção. Produzido por Bob Ezrin, responsável por álbuns do Pink Floyd, Alice Cooper, Lou Reed, Kiss, entre outros, "Strays" não traz nada de novo, mas é bacaninha. E só por isso, já vale o retorno. 

Marcelo Silva Costa