Ian McCulloch, solo em São Paulo 2004
por Marcelo Costa
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23/07/2004

A quinta passagem do cantor e compositor Ian McCulloch pelo Brasil reuniu músicos brasileiros e ingleses no palco do Credicard Hall, em São Paulo, surpreendendo o público com uma apresentação irretocável em que brilharam a voz do líder do Echo & The Bunnymen, suas versões para canções clássicas de Leonard Cohen, Velvet Underground e David Bowie, além de interpretações intimistas para as canções dos Bunnymens.

"Caipirinha", grita um fã, sentado em uma das primeiras mesas do Directv Music Hall, relembrando a paixão do vocalista pela bebida brasileira. Ian McCulloch, com o violão em punho, não dá atenção, conta "one, two, three, four" e a batida inconfundível de Sweet Jane, do Velvet Underground, preenche o ambiente, para delírio do público presente. É a quarta música do show e a magia parece tomar o local.

Acompanhado por Paul Fleming (teclados) e Goudie Gordon (guitarra), Ian canta com paixão e devoção o clássico de Lou Reed. Na seqüência, a bela balada Rust acalma o ânimo da audiência. A banda continua com The Disease, do clássico segundo álbum dos Bunnymen, Heaven Up Here, e emenda com uma reverente cover de Suzanne, de Leonard Cohen.

Ian parece estar a vontade. Canta bem, sussura frases inaudíveis enquanto devora taças de vinho tinto. E fuma. E impressiona. Para todos aqueles que ironizaram a quinta (!) passagem do cantor por terras brasileiras, Ian apresenta covers irrepreensíveis de Pale Blue Eyes (Velvet), Walk on The Wild Side (Lou Reed), Heroes (Bowie) e Lover, Lover, Lover (Cohen). Ainda mostrou clássicos do Echo, como a dobradinha Pictures on My Wall/Read It In Books, ao lado de canções mais 'novas' como Nothing Lasts Forever, What Are You Going To Do With Your Life?, Get in The Car e History Chimes. Improvisou The Game e Rescue e mostrou belas facetas solo (Start Again, Candleland, Slideling e Baby Hold On).

O inusitado e surreal da apresentação foi ver Supla (não se aguentando de felicidade) cantando The Killing Moon e Leo Jaime fazendo o riff e o backing vocal em Lips Like Sugar (contando com o acrescimo dos brasileiros Da Lua na percussão e Sílvio Mazzuca no baixo acústico), duas participações que preencheram com raríssima beleza uma noite praticamente perfeita.

Para o bis, Ian eleva o microfone, abandona o banquinho em que esteve sentado durante todo o show, e convoca o público para a frente do palco. É ali, com o público aos pés, que ele arrasa com I'm Waiting For My Man (outra do Velvet) e fecha a noite com The Killing Moon, como se tomando de volta a letra que Supla havia cantado no meio do show.

Ao lado do microfone, quatro copos de vinho esperam o vocalista. Ian agradece, diz adeus e levanta um deles como brinde. Na saída, fãs surpresos lotam a porta do camarim esperando por um autógrafo. Ian retornou ao Brasil disposto a mostrar boa música. E conseguiu.


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