Hanson em São Paulo

Por José Flávio Júnior
Fotos: Lu Yoshikawa/Tom Brasil
17/03/05

Caro Diário*

Minha terceira experiência com o Hanson não poderia ter sido mais divertida. O show, acústico, não foi tão empolgante quanto imaginava que seria. Até porque nas apresentações anteriores que tive a oportunidade de ver, ambas em 2000 (uma no pequeno Hard Rock Café, do Rio, e outra no grande Credicard Hall, em São Paulo), os rapazes estavam "elétricos" e contavam com músicos de apoio.

Dessa vez, no Tom Brasil Nações Unidas, era somente o trio desplugado. Não houve cover de Sunshine Of Your Love (Cream), como no show do Credicard. As únicas semelhanças entre as duas apresentações residiam na histeria da platéia – majoritariamente – feminina e num certo vazio na parte de trás da "pista". Um pouco porque uma fã do Hanson é pequena e fica espremida na frente do palco, um pouco porque o grupo nunca mais teve a mesma popularidade dos tempos de MMMBop.

A abertura foi do B5, já chamado de "Teenage Funclub de Petrópolis", que agora está fazendo um som... Emo! Seguindo a estrutura acústica do show principal, a meninada fez um show calcado em violões. Parecia uma versão tupiniquim do Dashboard Confessional. Ainda que eu prefira o pop “baptchura” dos hits Matemática e Liga Pra Ela (que não rolou), admito que a vestimenta emo caiu bem para o quinteto. As fãs do Hanson aprovaram, principalmente quando eles tocaram covers fiéis de Green Day, Blink-182 e Box Car Racer. "I Feel So Saaaad"... Acho que o emo de hoje é o gótico-fã-de-Cure de ontem.

Na parte da apresentação do Hanson que não fiquei discutindo o Santos Futebol Clube com um amigo, percebi uma nova gema do repertório. Lost Without Each Other é a canção que Ben Folds não teve a manha de compor. Foi a última antes do bis – e pelo visto é o single que sucede a boa Penny & Me. Nos créditos dela, aparece o nome de Gregg Alexander, que é o único compositor do pop mainstream que realmente interessa. Sua marca registrada são canções "pra cima", algo que traz desde os tempos de New Radicals (também foi gravado por Melanie C e Santana & Michelle Branch). E ele acertou de novo.

No dia seguinte, fui entrevistar o trio para uma revista semanal com uma camiseta do Ben Folds Five, justamente para provocar os seguintes comentários de Taylor Hanson: "Você é fã do Ben Folds? Ele é nosso chegado. Já nos apresentamos juntos e futuramente devemos escrever umas músicas."

O papo rolou maravilhosamente bem, apesar das perguntas de foro íntimo que fui obrigado a fazer. Durante a sessão de fotos, perguntei se eles já conheciam a noite paulistana. Taylor mostrou-se interessado e me pediu uma dica. Mencionei a Funhouse e ele me pediu para anotar o endereço num papel. Embaixo, coloquei meu número, no caso dele precisar de uma carona. Foi uma picardia calculada. No meu âmago, sabia que o Hanson-líder não apareceria na hypada casa indie. Mas só a imagem do hostless Rick Levy preenchendo sua comanda já foi suficiente para me deixar feliz pelos dias que se seguiram...

*Para Nanni Moretti

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Site Oficial Hanson