"Dançando no Campo
Minado" - Engenheiros do Hawaii (Universal)
17/06/2003
Incrível que ainda
em 2003, mais de 17 anos após ter lançado o
primeiro álbum, "Longe Demais dos Capitais", o Engenheiros
do Hawaii continue sendo objeto de artigos "ame ou odeie".
Se as pautas continuam as mesmas, o som da banda de Humberto
Gessinger mudou ao menos um tiquinho. A sujeira que já
marcava o ótimo "Surfando
Karmas e DNAs" tomou a frente, o meio e os lados em "Dançando
no Campo Minado", décimo-quarto álbum dos Engenheiros
do Hawaii. Agora, a banda gaúcha posa de hard rock
de arena. Sabe como é: guitarras velozes sem muito
peso e bateria acelerada sem muita rapidez, perfeitinho para
se tocar em FM. Problema nenhum, mas o frescor de "Surfando"
parece bater cartão de ponto em "Dançando",
e isso incomoda. Humberto continua escrevendo algumas das
melhores letras do rock nacional (rock nacional? existe ainda?)
e os bons achados se destacam mais que os riffs datados. Passe
pela básica e tola "Camuflagem" e encontre a boa "Duas
Noites no Deserto" (da ótima frase "hoje eu sei, só
a mudança é permanente / de repente tudo está
no seu lugar"). A letra bacana salva "Rota de Colisão"
com refrão para ser cantado em estádio. "Segunda-Feira
Blues 1" é puro Gessinger (eu disse bacana, viu) enquanto
a versão número "2" é um remake e traz
o ex-batera Carlos Maltz fazendo os vocais (também
bacana). "Dom Quixote" abre com uma boa frase ("Muito prazer,
meu nome é otário"), mas a canção
não segura, assim como as fracas "Na Veia", "Fusão
a Frio" e "Outono em Porto Alegre". Em "Até o Fim",
uma frase carta de principios: "Não vim até
aqui pra desistir agora / Entendo você se você
quiser ir embora". Que tal o recado? Bom, para garotos (risos)
que como eu, amavam Engenheiros do Hawaii, umas quatro boas
músicas já valem o disco. Em 2003 não
está bom demais? Ah, detalhe importante: a capa é
bem bonitona (milagre, ele acertou a mão nessa).
Marcelo Silva Costa
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