Atemporal, Cris Braun (Psicotrônica)
19/01/2005

Praticamente oito anos após sua estréia solo com Cuidado Com Pessoas Como Eu (1997), Cris Braun retorna com um novo disco, Atemporal (2005), em tom leve e tranqüilo. Egressa dos Sex Beatles, que também revelou Alvin L. (excelente letrista e dono de um dos melhores discos desconhecidos dos anos noventa, Alvin, 1997), Cris Braun abandonou a loucura da metrópole Rio de Janeiro em 2000, mudando-se para a não tão afastada Teresópolis, mas distante do barulho e da loucura da "cidade grande".

A opção pelo afastamento refletiu no som calmo deste Atemporal. Se em Cuidados Com Pessoas Como Eu, Cris misturava MPB com eletrônica em versões pessoais para canções como Brigas - de Jair Amorim e Evaldo Gouveia e famosa na voz de Ângela Maria -, Bom Conselho (de Chico Buarque) e Conforto (parceria inédita de Frejat e Cazuza), agora a cantora opta por arranjos delicados que destacam sua bela voz. Atemporal compila nove faixas que destacam o lado compositora da artista. Pela primeira vez ela assina canções sozinha, três ao todo, entre estas a bonita faixa de abertura, Entre o Céu e a Terra ("Tudo é tão lindo / É só olhar que não há metáfora / E olha que a metáfora é a coisa mais linda / Que há na língua") e a provocativa Drum And Bass Is Past.

Duas boas covers marcam presença no álbum - Falso Amor, de Jair de Oliveira e Nenhuma Dor, de Caetano Veloso - enquanto Paula Toller divide vocais na linda Bom Dia (download gratuito no site oficial), e assina com Billy Brandão e Cris a faixa que fecha o disco, Magda. Produzido por Gustavo Corsi, Billy Brandão e Beni Borja, Atemporal chega ao mercado pelo selo independente Psicotrônica, o mesmo que colocou nas lojas o bom retorno dos Picassos Falsos.

Por Marcelo Costa