Chemical Brothers faz show inesquecível em SP
por Marcelo Costa
maccosta@hotmail.com
23/09/2004

Nem a possível ameaça de chuva e nem o forte vento frio conseguiram afastar uma multidão de fãs de música eletrônica do estádio do Pacaembu, em São Paulo, em uma quarta-feira de setembro. O Nokia Trends Edição Especial começou com garoa, pouco depois das 19h, e terminou com efeitos mirabolantes de luz quase que a meia-noite em ponto. Nestas cinco horas, três DJs agitaram a galera para a grande atração da noite: o duo Chemical Brothers, que fez um show espetacular, tanto no quesito música quanto no visual.

Renato Cohen foi escalado para dar o pontapé inicial na noitada. O DJ brasileiro mostrou um set de batidas fortes, flutuando entre a tec-house e o tecno. O público, que ainda era bastante pequeno, agitou muito, celebrando a clássica Pontapé, música que foi escolhida pelo grande DJ Carl Cox para ser lançada por seu selo, o Intec. Na seqüência, o inglês James Holroyd assumiu as pick-ups, injetando um clima de acid-house na balada. James abre shows dos Brothers desde 1995 e sua praia é o house. Após o acelerado set de Renato Cohen, as batidas suaves serviram para que a galera recuperasse o fôlego. Após a leveza do set de Holroyd foi a vez de Justin Robertson incendiar o público. O também inglês levantou a galera com um som bastante influenciado pelo hip hop e com doses de electro.

A avalanche chamada Chemical Brothers começou a mostrar sua cara às 22h20. Foi quando uma versão de Tomorrow Never Knows, dos Beatles (banda amada pelo duo), preparou a invasão de Edward Simons e Tom Rowlands. Ed é o moreno e, sobretudo, muito simpático: não perde uma oportunidade de largar a parafernália tecnológica para ir acenar e cumprimentar a galera. Tom é o loiro e, sobretudo, bastante empolgado: não pára um segundo, agitando como se tivesse em um show de rock (as guitarradas que surgem, vez em quando no show, tornam o agito literal). Juntos, Ed e Tom formam o Chemical Brothers, um dos maiores nomes da música eletrônica nos últimos dez anos e um dos grandes responsáveis pela popularidade do estilo.

Para mostrar que não estavam para brincadeiras, logo de cara já foram 'gastando' um de seus grandes hits, Hey Boy, Hey Girl, do álbum Surrender. Na seqüência, Get Yourself High trouxe um show de raio laser enquanto Block Rockin' Beats, um dos grandes sucessos da carreira do duo, fez o público pular e berrar as três palavrinhas mágicas. No telão, nenhuma imagem dos dois rapazes. Apenas projeções, pirações e efeitos: Jarros de leite que se quebram lentamente, cavalos dando coice que se transformam em insetos, olhos piscando que se multiplicam na tela, estrelas, policiais e pessoas lutando karatê: as imagens são um show à parte em se tratando de Chemical Brothers.

O show foi um passeio por toda a carreira dos Brothers. Teve músicas do primeiro disco (Leave Home/Song To The Siren), do segundo (Setting Sun, Block Rockin' Beats), do terceiro (Music Response, Out of Control) e do quarto (Star Guitar, Hoops), além de raridades (o remix Leftfield & Lydon é de quando eles ainda se chamavam Dust Brothers), singles (Golden Path, emendada com Setting Sun e Hoops, foi um dos grandes momentos da noite) e várias faixas inéditas, como Party Break, Guitar Tuned D, Slow Butt Grind e Acid Children (nomes ainda não oficiais), canções que devem estar no próximo disco do duo, prometido para chegar às lojas em janeiro de 2005.

O público, que praticamente superlotou o gramado do Pacaembu, pôde apreciar no Brasil o mesmo show que o duo fez no badalado festival de Glastonbury, na Inglaterra, meses atrás. Após quase 1h20 de batidas, o duo se despediu do público com os efeitos pesados de Private Psychedelic Reel, última música do álbum Dig Your Own Hole. No telão, uma última mensagem: "Love is All". Um belo final para uma noite perfeita.

Site Oficial do Chemical Brothers