"Frantic" - Brian Ferry

Sem dúvida, 2002 vai entrar para a história rocker como o ano em que a molecada tomou uma surra dos coroas. Neil Young, Elvis Costelo, Billy Bragg, Leonard Cohen e Van Morrison já haviam lançado grandes álbuns. Agora é a vez de Brian Ferry juntar-se ao grupo. Aos 57 anos, Ferry deixa de lado sua posição de crooner romântico e lança um disco de rock setentista. Com vocal mais rasgado e com uma produção extremamente cuidadosa que, por várias vezes, chega a colocar quatro guitarras em uma faixa, "Frantic" é de um bom gosto atroz. Inspirando elegância, Ferry mistura canções novas com várias covers. Assim, temos regravações de clássicos dylanescos ("It's All Over Now Baby Blue" e "Don't Think Twice, It's Alright", está última apenas com harmônica e piano) e um bluezaço de Leadbetter ("Goodnight Irene") dividindo espaço com quatro canções em parceria com o ex-Eurythmic Dave Stewart ("Godess of Love" mescla programações eletrônicas com inspirações setentistas que misturam harmônica, quatro guitarras e quatro teclados, com Brian Eno e o próprio Ferry tocando os últimos), uma balada dolorida de própria autoria ("A Foll For Love") e, para o final, uma parceria com Eno que remete aos tempos do Roxy Music ("I Thought"). E, sim, Jonny Greenwood do Radiohead toca em uma faixa ("Hiroshima"). 

Marcelo Silva Costa