"Private Radio" - Billy Bob Thornton (FNM)

Artistas que se aventuram na música e músicos que se aventuram no cinema quase sempre resultam em fiascos. Billy Bob Thorton, no mesmo ano que alcançou seus maiores sucessos no cinema com "Vida Bandida", "O Homem Que Não Estava Lá" e "A Última Céia", colocou na praça "Private Radio", sua estréia na arte em que Bob Dylan é considerado gênio. O resultado, como era de se esperar, é irregular, mas traz boas surpresas. Se por um lado traz canções monocórdicas que vão de lugar nenhum a nenhum lugar (o duo de canções que abrem o álbum, "Dark and Mad" e "Forever") também comete acertos como a bela balada "Angelina" (yep, escrita para Angelina Jolie, esposa de Thornton e descrita no encarte como "The story oh how I met the love of my life. Without her I wouldn't exist"), o folk com stell guitar "Walk of Shame", a country chapada "Smoke In Bed" ("Smoke in bed, it's bad for my body - good for my head, I like to lay around the house smoke in bed" diz a letra) e o clássico blues de Leon Payne, "Lost Highway". Amparado por Marty Stuart, que durante vários anos acompanhou a lenda Johnny Cash, "Private Radio" é descompromissado, mediano, mas se você programar as faixas certas o resultado será ok. Se fosse o álbum de um novato, passaria desapercebido. Mas sendo de uma estrela do cinema, ganha destaque. É a velha máxima: como músico, Thornton continua sendo um excelente ator.

Marcelo Silva Costa