Barão Vermelho, Barão Vermelho (WEA)
Lançamento Nacional
09/12/2004


Após dois álbuns solos bem medianos, Frejat retoma o Barão Vermelho, quebra um silêncio de seis anos da banda e lança Barão Vermelho, 12º disco de estúdio da carreira dos barões (9º com Frejat à frente). Barão Vermelho dá um baile comparado com os discos solo do vocalista, mas não reedita o tesão de obras vigorosas como Carnaval (1988), Na Calada da Noite (1990) e Carne Crua (1994).

Tesão é a palavra que diferencia o novo disco dos anteriores. Parece que Frejat aprendeu a cantar, e o canto pausado do cantor perdeu o vigor de quem gritava e parecia estar se divertindo pacas nas gravações. Agora, Frejat é um bom crooner, mas lhe falta a sacanagem e o esporro que marcaram outros dias. Musicalmente, a banda abandonou os experimentos eletrônicos que marcaram o diferente Puro Êxtase (1998), optando pelo porto seguro de rocks básicos e baladas afiadas, arriscando pouco em outras sonoridades. Instrumentalmente, Barão Vermelho é um disco impecável. Guto Goffi e Peninha arrasam na bateria e percussão enquanto Fernando Magalhães cria bons solos.

Mesmo com a falta de tesão, o disco traz algumas boas canções. Cuidado, o primeiro single, mistura um riff stoneano com uma boa letra que se aproveita das pirações das amizades e relacionamentos no mundo moderno. Outro bom riff marca A Chave da Porta da Frente, parceria de Frejat com Leoni, que quase tem coloração latina. Um dos poemas mais bacanas de Baudelaire, O Spleen de Paris XXXIII - Embriaga-te, inspira a boa Embriague-se, recomendando: "Embriague-se de vinho, virtude ou poesia".

Cigarro Aceso no Braço é uma das baladas mais bonitas do disco ("Tarde da noite / Você não é a mais a mesma pessoa / Que eu amei acima de tudo / E nada disso foi à toa / Você dormindo ao meu lado / É um cigarro acesso queimando meu braço"). Mais sete faixas, todas parecidas uma com as outras, completam o álbum. Barão Vermelho ainda traz, na versão oficial, um caminho para a Web em que mais duas faixas inéditas (Círculos, Loops e Repetições e É a Vida) podem ser baixadas gratuitamente. Não melhoram o resultado final de um disco que poderia ser muito bom, mas ficou apenas mediano.

Por Marcelo Costa