One Plus One Is One , Badly Drawn Boy (Sum Records)
Lançamento Nacional
27/11/2004


Para grande parte - ouso até dizer a maioria - dos fãs que descobriram Badly Drawn Boy através de The Hour Of Bewilderbeast, o cantor inglês nunca lançará algo que se equipare à sua estréia irretocável. O que tem de gente por aí reclamando que ele não fez mais nada que preste depois disso é impressionante. Juro que não consigo entender o motivo. Logo após The Hour Of..., veio a ótima trilha About A Boy, cheia de pequenas pérolas (Something To Talk About, A Minor Incident, Silent Sigh). Poucos meses depois saiu Have You Fed The Fish?, um disco tão fora de série quanto subestimado e injustiçado. Ali, Damon Gough (aka Badly Drawn Boy) abandona completamente o espírito lo-fi do debut e aposta em arranjos escancarados, produção impecável e composições menos intimistas e mais ecléticas. É, mesmo depois de ouvir What Is It Now?, All Possibilities e You Were Right, os puristas não reconheceram a qualidade do álbum.

One Plus One Is One é um retorno assumido às raízes. Para não deixar qualquer dúvida, Gough canta já na primeira música que está voltando a ser quem era antes. Já na última faixa, questiona se "não sabe que é fácil ver onde você errou?". O disco é dirigido àqueles fãs desertores. E isso funciona? Bem, depende. É o pior trabalho da carreira de Damon, mas ainda é um bom álbum. As baladas acústicas predominam, com o auxílio de cordas requintadas, que em nada lembram o suingue soul de All Possibilities. E rolam umas flautinhas esquisitas, que eu me pergunto de onde ele tirou. A julgar pela pesada Summertime In Wintertime, foi de algum disco meia-boca do Jethro Tull. A flauta maleta consegue acabar até com uma composição eficaz como Holy Grail, que conta também com um inútil coro infantil. Por pouco não estragou Another Day Dies. Sorte que ela só apareceu no finalzinho. Outras faixas que trazem o instrumento são as chatinhas Easy Love e The Blossoms.

Mas, felizmente, para cada pentelhice dessas há músicas impecáveis como One Plus One Is On, Year Of The Rat, Fewer Words, This Is That New Song e Logic For A Friend, que, dizem, foi composta em homenagem a Elliott Smith (o disco é dedicado ao cantor americano, falecido ano passado). Isso pra não falar de Four Leaf Clover, exemplar que só ela: letra bacana, apelo pop inegável, melodia contagiante. Se essa jóia não conquistar o coração dos antigos fãs, é melhor desistirem de vez.

Por Jonas Lopes
Yer Blues