Entrevista Ambervisions
por
Marcelo Costa Foto: Divulgação Monstro Discos
maccosta@hotmail.com
04/09/2004
Formado em 1998, em Florianópolis, o Ambervisions chega ao segundo CD escudado
por dezenas de críticas positivas do álbum de estréia, Cada Dia Mais a Mesma
Coisa (2001),
participações de heróis da classe rock'n'roll nacional e muita fuleiragem musical
em formato "surf-music-cavera".
"A gente define – o som – como rastafári-punk-surf-cavera, mas tem gente que acha que não tem nada a ver", tenta explicar o baixista Guilherme Arioli em entrevista por email. "É uma espécie de surf-music com punk rock e mais cultura B em geral", opina o vocalista e tocador de maracas, Zimmer. E isso é a única coisa "séria" que a reportagem consegue descobrir sobre a banda. O resto são
piadas e piadas e piadas.
Sobre as participações de Roger Rocha Moreira e Sérgio Serra, ambos do Ultraje a Rigor, e do roqueiro Wander Wildner no disco, Zimmer diz: "Foi lindo. Com o Wander foi só sexo - entramos no estúdio, cheiramos cocaína e gravamos lambuzados em porra quente. Já com o Roger e com o Serginho rolou todo um sentimento, e a atmosfera era de puro sexo. Com os corpos besuntados em suor e fluidos íntimos, gravamos e fizemos amor. Cheirando cocaína, é claro".
Já Arioli tem outra lembrança das participações especiais. "Foi muito estressante. Os caras ficaram paranóicos depois que pararam de fumar e toda hora o Roger ficava dizendo: Vai pintar sujeira, apaga esse negócio. Pra ti ver! Isso que a gente tava dentro do estúdio. O Wander não pentelhou muito, mas passou a maior parte do tempo na outra sala. Disse que não gostava do cheiro".
Sobre Visite a Nossa Cozinha, instrumental que abre Bons Momentos Não
Morrem Jamais, cada um deles tem uma explicação. "A letra dessa música fala da nossa viagem à Jamaica, na época que o Bob era vivo. Um belo dia a gente tava jogando bola com ele (o Bob) e a mãe dele (que plantava fumo dentro de casa) botou um pra galera.
Todo mundo ficou doidão e no meio da chapaceira uns e outro falou que o badufe era o melhor que já tinha experimentado e tal e nessa hora a mãe do Bob disse que o fumo até era bom, mas ela tinha um melhor na casa dela. Quando o cara duvidou, ela olhou pro Bob e disse: Ah é, então VISITE NOSSA COZINHA que eu te mostro o que é erva de qualidade.
Daí que surgiu o nome da música", resume Zimmer.
"É lei municipal que todo estabelecimento de alimentação deve oferecer a cozinha
para ser vista. Somos uma banda liberal, e oferecemos o cozinha para qualquer
alemão. Esses dias mesmo eu fui cozinhar um ovo, e antes de botá-lo na água fervendo,
percebi algo se mexendo dentro: era um pinto! Imagina se eu cozinho com o pinto
dentro? Um perigo. Optamos por uma alimentação saudável, sem preconceitos - somos
abertos e cheiradores, saca?", diz Arioli sobre a música INSTRUMENTAL que abre
o disco.
(Em tempo, o jornalista não imaginou nada. Imaginar é coisa
de boiola cheirador - hehehe).
Estes "pequenos exemplos" mostram que não há como levar o Ambervisions a sério.
Dito isto, Bons Momentos Não Voltam Jamais, parceria da Migué Records com a Monstro Discos, é um álbum divertido e que tem, como intuito único,
divertir. Da instrumental de abertura, Visite a Nossa Cozinha, a saideira, Pau
no Cu do Iê-Iê-Iê, a zoeira garageira é elevada a milésima potência. Roger marca presença
cantando Tele-Entrega Pra Fudê, que traz a guitarra de Serginho Serra. O bardo Wander Wildner divide a autoria de Visão
de Raio-X com o guitarrista Amexa e berra, em alto e bom som, uma letra que
conta sobre um cara que acha um "óculos escuro ambervision bem maneiro" e vai parar no planeta da visão
de raio-x.
Na capa, quatro fofinhos ursinhos de pelúcia posam em uma rua do centro de Floripa, contrastando com a capa do primeiro disco, com quatro belas mulheres. "As garotas do primeiro disco queriam algo sério, um relacionamento estável e tudo mais. Isso não seria possível no ritmo em que vivemos e com a quantidade de cocaína que cheiramos. Sendo assim, optamos pelos ursinhos, pois eles nos satisfazem sexualmente, e ainda podemos recheá-los de ouro-branco-em-pó nas viagens de turnê", explica Zimmer. "Acho que foi uma evolução natural da banda. Num momento de iluminação de Jah a gente se tocou que as meninas eram pagodeiras e que o lance todo não tinha nada a ver com a banda. Então entraram em cena os Ursinhos, que são feitos de cânhamo 100% nacional. Se faltar na hora H, a gente bota fogo neles! hehehe",
completa Arioli.
Após figurarem em várias listas de melhores do ano em 2001 com Cada Dia Mais a Mesma Coisa, o Ambervisions promete repetir a dose em 2004 com Bons
Momentos Não Morrem Jamais. Para isso, tosqueira não falta.
Ping-Pong
Nome: Ambervisions
Hobbie: Cheirar pó (Zimmer) Colecionar Bongs (Arioli)
Livro: Pergunte ao pó (Zimmer) A Maconha, de Fernando Gabeira (Arioli)
música: Dust in the Wind (Zimmer) Legalize It, do Peter Tosh (Arioli)
Defeito: Alérgico a mármore (Zimmer)
Defeito: Esquecer de levar seda nos shows, temos sempre que pedir pra alguém
(Arioli)
Ídolo: Maradona (Zimmer) Bob Marley (Arioli)
País: Colômbia (Zimmer) Jamaica (Arioli)
Mensagem aos fãs:
"Sejam vcs mesmo, acreditem num ideal e nunca desistam de seus
sonhos - o homem veio do pó, e ao pó voltará." (Zimmer)
"Continuem acreditando, porque às vezes até a gente duvida!" (Arioli)
Site Oficial do Ambervisions
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