Rock
and Roll is Dead ?
Por
Marcelo Silva Costa
Dia desses fiz uma limpeza geral no
quarto. Entre muito pó, garrafas vazias de vinho e fitas k7 caídas
por trás dos moveis, encontrei esse texto, que eu havia feito a
pedido de uma namorada, não me lembro porque. E achei ele legal
e, principalmente, atual, afinal tem sempre alguém sem coisa interessante
para fazer que anuncia que o rock and roll está morto. Eu tenho
certeza que não...
06.08.1997
Quantas vezes você já
ouviu falar que o rock morreu ? Eu já ouvi isso uma porção
inumerável de vezes. E por que, se morreu, ele sempre “renasce”
forte e poderoso ? Bom, essa é a maneira que a Indústria
encontrou para criar heróis, símbolos, e a palavra mágica
do moderno mundo capitalista: consumo.
Antes que alguém comece a reclamar
eu faço a mesma pergunta que Bono faz na ácida Playboy Mansion,
canção do novo álbum do quarteto irlandês, Pop:
O que temos a perder ?
Se você acha que essa relação
consumo/dinheiro mudou alguma coisa no rock and roll eu digo que não.
O que mudou foi o mundo. E consumo é necessário sim ! Ou
você é contra as dez milhões de cópias do Nevermind
do Nirvana ? E o Sex Pistols que por uma major espalhou suas idéias
pelo mundo ? E a Close-Up que trouxe o Bad Religion para o Brasil no ano
passado e está prometendo Foo Fighters para esse ano ?
Não sou tolo a ponto de dizer
que todo mundo está nessa só pelo prazer de ser músico.
E sei que viver de música (ou poesia, ou qualquer forma de expressão
cultural) não enche a barriga de ninguém. Ou seja, o que
importa e sempre importou é a música.
Sei também que tem muita porcaria
rodando por ai, e muita gente consumindo porcaria, mas isso faz parte do
jogo e não me interessa porque eu não gosto de porcaria.
Os modismos surgem e desaparecem enquanto o rock permanece. E é
disso que eu gosto, desse poder, além do risco, do perigo e do questionamento.
O rock and roll pode ser, algumas
vezes, escapista, e em outras criar polêmicas, demostrar tendências,
questionar comportamento, idéias, pensamentos, modas, afinal, nos
fazer pensar. E nos fazer pensar através de nossos gestos, nossas
roupas, do nosso jeito. Questione. Questione quando alguém lhe afirmar
qualquer coisa. Não aceite idéias prontas. Questionar faz
bem para manter o pensamento atento e alma viva.
E afinal, o rock and roll não
morreu e está longe disso. Ele está vivo nas jaquetas de
couro de Lou Reed, na voz embargada em uísque de Mark Lanegan, nas
letras de Michael Stipe, nos jeans de Neil Young, no canto gritado de James
Dean Bradfield, no cavaquinho de Fred Zero Quatro e em Ok Computer do Radiohead...
Sempre fique atento ao futuro. Fique
atento mas não se preocupe com ele. Viva o presente. Nós
não temos nada a perder.
“Dinheiro
é tão bom, mantém os pés no chão;
Mas
sem os velhos sonhos, jovens envelhecerão!”
Mundo
Real, versão da Plebe Rude para Clampdown, clássico do The
Clash
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