Pato
Fu: O melhor show de rock nacional do momento
SESC Taubaté – 31/03/00
por
Marcelo Costa
A
gente começa a perceber que uma banda passou do estágio
de querida da crítica e de um pequeno público
quando, mesmo com uma chuva torrencial castigando uma cidade
do interior, uma multidão comparece e canta feliz todas
as canções.
Seria ruim se fosse uma banda nova, despreparada para a grande
massa. Mas parece não ser problema nenhum para o Pato
Fu. De maneira bem ao gosto mineiro, eles vieram conquistando
cada vez mais público a cada disco novo e chegaram, agora,
com o quinto disco, Isopor, ao merecido sucesso. Ou você
vai me dizer que o disco de ouro do novo álbum conquistado
em apenas um mês nas lojas é normal, qualquer banda
consegue? Qualquer grande banda consegue, sim, e é isso
que eles são hoje: uma grande banda. Talvez até
mais. Talvez a melhor banda do Brasil. Se não são
a melhor banda (o que é questionável), fazem o
melhor show. E para isso não há argumento contrário.
Na sua passagem por Taubaté, numa sexta-feira diluviana,
pudemos conferir o que de melhor o rock brasileiro anda nos
oferecendo. Dos sequencers que iniciam o show com a faixa titulo
do último álbum, Isopor, até as
guitarras e o vocal gritado de John na última canção
do show, Licitação, presenciamos a grande
fase de uma excelente banda. E um show de profissionalismo.
O palco é simples mas a iluminação é
um arraso. Enquanto o sequencer inicia Isopor, e Xande
Tamietti acompanha na bateria, Fernanda Takai entra e é
recebida com uma festa. Começa a cantar e de cara já
ganha todo mundo. Em seguida é a vez de Ricardo Koctus
e John entrarem para a festa realmente pegar fogo. A segunda
canção é o sucesso Depois, cantado
em coro pelo público. O Filho Predileto de Rajaness
é dedicada a todas as mulheres enquanto Sobre o Tempo
inaugura o passeio pelos álbuns anteriores. É
um show extremamente divertido, culpa, claro, das deliciosas
composições de John.
E das covers. Qualquer Bobagem dos Mutantes é
o que pode ser realmente chamado de homenagem. Já o hit-disco-gay
Ring my Bell foi um dos momentos mais hilários
da noite. Fernanda explicou que segundo uma pesquisa recente,
as bandas que não colocarem um número de dança
no show estão condenadas a acabar. Com isso, e a participação
de dois amigos, foi feita a dança que consistia em reviver
o espírito disco, indo para a direita e para a esquerda.
Foi hilário ver o pessoal dançar como no filme
Tudo ou Nada.
Made in Japan instalou o clima nipônico no ar e
que se dissipou com a matadora Por que te Vas. Com a
bateria e o baixo a frente, ao lado do vocal charmoso de Fernanda,
John ficou meio de lado. Mas descontou na épica Um
Ponto Oito. O destaque mesmo foi Ricardo que empolgou tocando
baixo, embora não possamos desmerecer Xande que tocou
muito e fez um solo de bateria empolgante.
Quando saímos de casa, mesmo numa sexta-feira de chuva,
queremos nos divertir. E foi com isso que o Pato Fu nos brindou:
diversão. Mesmo quando tocava faixas novas e cortantes
como a linda Perdendo os Dentes ou Canção
Para se Viver Mais, hit do álbum Televisão
pra Cachorro (que terminou num crescendo matador), o que
primou foi o bom humor. Fez todo mundo sair sorrindo pra casa,
ou pra a noitada que estava apenas começando. E é
muito bom sorrir. Num show, em casa, numa boate ou num bar.
Marcelo,
29, edita o zine Scream & Yell e acha que a felicidade é
coisa que inventaram e esconderam em algum lugar impossível
de encontrar, mas que vez em quando da as caras em shows bacanas
como o do Pato Fu.
Links
Site do Pato Fu
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