Pato
Fu - ao vivo
São João da Boa Vista - 08/07/01
por
Marco Bezzi
Primeiro
deixa eu por os pingos nos is: sempre achei o Pato Fu uma banda
cheia de boas intenções, mas muito bobinha e sem
graça. Depois de várias insistências de
amigos, baixei a guarda e escutei com a maior das boas vontades
Ruido Rosa, o novo rebento dos mineirinhos.
No início, confesso que as minhas opiniões anteriores
se sustentaram, mais um álbum com composições
engraçadinhas e timbres de guitarra mal escolhidos, simples
assim. Com o CD rolando no som repetidas vezes, fui entendendo
melhor qual era do grupo - nada de melhor do ano ou coisa parecida,
esse troféu já é do Los Hermanos -, talvez
pela mixagem feita em Londres e pelas novas influências
da banda como o Super Furry Animals um CD ok. Mas as coisas
clarearam mesmo quando assisti ao show do quarteto em São
Paulo no Direct TV Hall, produção muito
bacana, imagens, luz e som de primeira e repertório nada
cansativo e com mais peso. Daí pro show de São
João foi um pulinho.
Na "famosa" festa Eapic, um festival agropecuário com
direito a peão de boiadeiro e tudo mais, o Pato Fu apresentou
um show idêntico ao que havia feito em Sampa algumas semanas
atrás. São João da Boa Vista para os leigos
e desavisados (como eu), fica na divisa de Minas com São
Paulo, perto de Poços de Calda, numa distância
de mais ou menos 3 horas de carro. Nesta 28ª edição
da festança dos cowboys do interior, os Patos iriam ser
atração principal num domingão, véspera
de feriado.
Antes deles, no Sábado, o palha Daniel já tinha
entoado suas "pérolas" para mais de 15 mil pessoas e
nos próximos dias KLB, Falamansa e Zé Ramalho
iriam entreter o povo que vinha de toda região que circunda
os sãojoanenses. Chegando no local, os ingressos que
custavam 10 paus já estavam sendo vendido por cambistas
locais. O show aconteceria na mesma arena que os peões
brigavam por mais uma grana extra. Resultado: chegando mais
próximo ao palco, local aonde os bois são enclausurados
antes dos embates, o cheiro de merda era incrível. Nada
de insuportável, mas uma coisa peculiar dessas festas
acho eu.
O público de 10 mil pessoas que em grande parte mais
se preocupava em caçar as menininhas da região
do que assistir ao show, se concentrava na arena e nas várias
barracas de lanches, bebidas, pamonha e doces da região.
Quando John começou a desferir os primeiros acordes de
sua nova aquisição, uma guitarra Gibson e, do
seu novo aliado, o teremin, os patofans correram para ouvir
Eu, música da Graforréia que como no álbum
abre o show dos Fus.
A sempre simpática Fernanda Takai dava as boas vindas
a galera: "Muito legal tocar aqui pela primeira vez". O show
foi rolando, com seus maiores gols nos hits como em Depois
e covers como Eu Sei da Legião e
Ando Meio Desligado dos Mutantes. Em Made in Japan
Fernanda reitera o convite feito em São Paulo: "Nós
vamos tocar no Japão em Setembro e quem tiver amigos
ou parentes por lá, já deixa avisado para não
perder o nosso show".
Eu próprio disse a ela depois que aviso a minha tia que
mora lá. Mais uma amostra que o Pato Fu manda bem ao
vivo. Nos camarins, onde a banda recebe todos seu asseclas sem
distinção, ficamos por quase uma hora trocando
figurinhas com o casal Fernanda e John que liberaram todo o
arsenal de bebidas e petiscos do apertado lugar. Minha maior
dúvida era sobre o sumiço dos amplificadores no
palco. "Pra que usar aquelas coisas pesadas se esses novos simuladores
minúsculos mandam super bem. É claro que no início
é estranho mas depois você acaba se acostumando",
disse John. Sobre novas bandas, o maridão da Fernada
me disse que quem apresenta a ele as novidades é a patroa.
"Uma dessas bandas se chama Wondermint que a Fernanda gosta
bastante", falou com aprovação dela.
O resto do papo eu não lembro bem... até lembro
mas deixa pra lá, foi um monte de bobagem. Voltando pra
São Paulo fiquei sabendo que o ônibus da banda
atolou na saída da arena e que como estavam já
meio altos, foram horas pra conseguir sair do local. Coisas
do interior.
Links
Site do Pato Fu
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