Morrissey ao vivo no Rio de Janeiro, 2000
Meninos e meninas, eu vi !!!

Por Giselle Farias Fleury
30/09/2000


Eu vi. E foi bem de perto! O momento certo com o poeta certo. Não importava absolutamente nada na hora em que Stephen Patrick Morrissey pisou no palco do ATL Hall (pra que insistir em Metropolitan?!). Foi como se o mundo tivesse parado de girar para vê-lo entrar em sua apoteótica pose de deus grego. Claro que não há nada de deus nele, mas a atmosfera se revestiu de saudade e poesia de alguém que acha as pessoas de sua cidade "frias e sem sentimento".

Não há como comentar Boy Racer porque ainda estava me ajustando à massa que me aglutinava à grade de proteção, enquanto tentava bater algumas fotos do "maior inglês vivo" (grifo do The Guardian). Já Alma Matters começou o reinado de uma hora e quarenta do maior poeta do rock mundial. Uma coisa é escrever, outra é ser Morrissey. Até uma banda sem brilho e, até me arrisco a dizer, sem talento consegue se desdobrar em melodias para produzirem pérolas como Maladjusted e Ambitious Outsiders, injustamente deixadas de fora.

Ok, Troube Loves Me cumpriu seu papel tão eficazmente quanto November Spawned A Monster (com direito a beijos no chão, e tudo), mas eu queria tanto ouvir tudo que Shoplifters Of The World Unite soou a melhor música do século quando apareceu no bis. Não me entendam errado, é uma das minhas prediletas, mas será que o seria na boca de outro?

Outras três dos Smiths figuraram mas, nem de longe, foram responsáveis pelo brilho da noite. E quando digo figuraram realmente quero dizer isto: ele poderia não ter aberto a boca.

Exagero? Estive eu drogada ou alienada na noite de 5 de abril de 2000? Não, o cheiro das flores que ele praticamente em minhas mãos entregou (nota do editor: e que ela dividiu comigo!) não entrou por minhas narinas para me alucinar, eu só estava diante de um dos maiores espetáculos da Terra (André Takeda chamaria isto de um clichê - com toda razão), cercada por charming men e girlfriends in coma comandados por alguém que, por mais que você ignore, sempre perto estará.

Ah! Desculpe-me, vocês queriam uma crítica de jornal com 'todas estas, mas faltaram aquelas' ? Não se preocupem, o set list já deve estar disponível em morrissey-solo.com ou em qualquer outro site tão embasbacado com o show quanto eu. Mas não se iluda, Suedehead não estará lá ...

Giselle, 20, luta desde o Big-Bang contra a expansão do universo, e sempre perde.